Setembro: A Lenda do Girassol
Bordado por: Magda Pina
Mito grego
Desenho: Murilo Pagani
Contato: magdapinaa@gmail.com
55 (31) 99122.9056
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Apolo e a Lenda do Girassol
Apolo, o mais belo de todos
os deuses do Olimpo, decididamente nunca teve muita sorte com as mulheres que
amou. Ele era jovem, atraente, dono de um porte elegante e de uma voz
encantadora, mas parecia não ter muito sucesso com as eleitas de seu coração.
Algumas literalmente fugiram dele: a ninfa Castália correu o quanto pôde até
transformar-se numa fonte cristalina e inspiradora, no Monte Parnaso, onde está
correndo até hoje; a bela Dafne, que Apolo também perseguiu, implorou aos
deuses que a transformassem num frondoso loureiro, antes que ele a alcançasse.
Outras não recorreram à
velocidade das pernas, mas usaram outros meios, igualmente eloquentes, para que
Apolo entendesse que ele não as possuiria. Coronis ofendeu-o ao trocá-lo por
Ísquis, um simples mortal que morava na Arcádia. Cassandra, princesa de Tróia,
enganou-o com promessas até que ele lhe desse o desejado dom da profecia;
então, como costumavam fazer as maldosas mulheres daquela época remota,
dispensou-o com um sorriso e mandou-o contar navios. Marpessa, disputada por
Apolo e por Idas, príncipe da Messênia, foi ainda mais clara: quando Zeus a
mandou escolher entre os dois, ela preferiu o mortal. "Apolo não me serve
como parceiro", disse ela. "Para um deus, o tempo não passa; para os
humanos, porém, cada hora deixa a vida mais curta".
Destino bem diferente foi o
de Clítia, ninfa das águas, uma das filhas de Tétis e do Oceano. Desprezada por
Apolo, com quem teve um breve romance, viu-se tomada de tal paixão que perdeu a
vontade de viver. Com o semblante transtornado e os cabelos em desalinho,
afastou-se do convívio alegre das outras ninfas e foi sentar na terra nua, no
lugar mais solitário da campina. Ali, no raiar de cada manhã, ela esperava que
Apolo apontasse no horizonte, dirigindo o carro do Sol, e dali mesmo ela seguia
sua luminosa trajetória no azul do firmamento, até que o manto da Noite viesse
cobrir o Universo.
Ovídio, que nos conta essa
triste história, diz que por nove dias e noites ela ficou assim, imóvel, sem
sentir fome nem sede, nutrida apenas pelo orvalho e pelas lágrimas que
derramava - quando então os deuses, por piedade, transformaram-na no girassol,
que até hoje acompanha nos céus a passagem de seu amado. Tinha sido ingênua o
bastante para crer naquele amor impossível entre ela, que vivia na planície, e
Apolo, que brilhava entre os astros. As outras, porém, bem gregas na sua
prudência, resistiram ao fascínio do deus, por intuírem, decerto, que por trás
de toda aquela luz espreitava a mesma atração pela morte que arrasta a
borboleta em sua louca paixão pela chama.
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