segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Calendário 2023
Janeiro – O Touro Ferdinando
Janeiro – O Touro Ferdinando
Bordado por: Fernanda
Amaral
Autor: Munro Leaf
Desenho: Murilo Pagani
Contato: faamaral@gmail.com
55 (31)99979.0171
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
O Touro Ferdinando
O bordado é baseado no conto infantil de
1936 “The Story of Ferdinand”, do escritor americano Munro Leaf e ilustrador
Robert Lawson.
Ambientado na Espanha, o conto retrata a história de um bezerro chamado Ferdinando, um animal sensível que ama cheirar flores e que, ao contrário dos outros bezerros, tem aversão à violência e brigas. Embora sua mãe tente convencê-lo de lutar com outros em seu pasto para que se torne forte e ganhe fama em uma tourada, ele não lhe dá a mínima atenção.
Anos depois, Ferdinando cresce um animal forte que ainda devota toda a sua atenção a sua atividade preferida: ficar em paz, na sua montanha, cheirando as flores...
Um dia, porém, ao se assentar, ele é ferroado por uma abelha e a dor o faz correr tão rápido que os toureiros acreditam ter achado o touro agressivo que procuram.
Quando colocado na arena, entretanto, o animal se
recusa a enfrentar o toureiro brigão e acaba por cheirar as flores que foram
jogadas na arena. O toureiro se rende ao espírito amoroso e pacífico de
Ferdinando, que é levado de volta para sua casa, na sua montanha com suas
flores.
O livro foi lançado nove meses antes da eclosão da Guerra Civil Espanhola. Mesmo assim, naquele período, adeptos do ditador Francisco Franco o classificaram como um livro pacifista, sendo proibido em muitos países que adotaram modelos fascistas de governo.
Mas não
se trata de uma história ideológica, mas sim uma encantadora história infantil
que tenta nos ensinar a ser pessoas melhores, e promove respeito, tolerância,
carinho e gentileza. Características fundamentais para vivermos bem em
sociedade.
Fevereiro – Amantikir, a Lenda da Serra da Mantiqueira
Fevereiro – Amantikir, a Lenda da Serra da Mantiqueira
Bordado
por: Eleonora de Fátima Andrade
Lenda Brasileira
Desenho:
Murilo Pagani
Assessoria
na pintura: Carol Perillo
Contato:
eleonora.andrade@hotmail.com
55 (31)99821.6887
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
Lenda da
Mantiqueira
Conta a lenda que havia uma princesa encantada na brava tribo guerreira tupi. Seu nome o tempo esqueceu, seu rosto a lembrança perdeu, só se sabe que era linda.
Era tão linda que todos a queriam, mas ela não queria ninguém. Assistia a homens se matarem para vê-la. Tacapes velozes triturando ossos, setas certeiras cortando carnes. Como poderiam amá-la se não se amavam a si próprios?
A bela princesa se apaixonou pelo Sol, o guerreiro de cocar de fogo e carcás de ouro que vivia lá em cima, no céu, caçando para Tupã. Mas o Sol, ao contrário de tantos príncipes, não queria saber dela. Não via sua beleza, não escutava suas palavras, nem se detinha para tê-la. Mal passava, cálido, por sua pele morena, sua tez cheirando a flor. Mal acariciava seus pelos negros, suas pernas esguias, e, fugaz, seguia impávido a senda das horas e das sombras.
Mas ela era tão bonita que senti-la nua, seus pequenos túrgidos seios, seus lábios de mel e seiva, sua virginal lascívia, acabou também encantando o Sol. E o guerreiro de cocar de fogo fazia horas de meio-dia sobre o Itaguaré…
A Lua mal surgia sobre a serra, já sumia acolá. Logo não havia noite. O Sol não se punha mais e não havia sonho, não havia sono. E tão perto vinha o Sol beijar a amada que os pastos se incendiavam, a capoeira secava e ferviam os lamaçais. De tênues penugens de prata, plumas alvas de cegonhaçu, a Lua viu que estava ameaçada por uma simples mulher. O Sol, que na Oca do Infinito já lhe dera tantas madrugadas de prazer, tantas auroras de puro gosto, se apaixonara por uma mulher.
E foi contar tudo para Tupã. E tanto, que Tupã quis saber o que era que a Lua, cheia de ódio crescente de ciúme, minguando de dor, se fez um novo ser de noite sem lua. Como uma simples mulher ousou amar o Sol? Como o Sol ousou ter tempo para amar alguém? Que ele nunca mais a visse! Mas o Sol tudo vê!
Tupã ergueu a maior montanha que existia lá e dentro dela encerrou a princesa encantada da brava tribo guerreira do povo tupi. O Sol, de dor, sangrou poentes e quis se afogar no mar. A Lua, com a dor de seu amado, chorou miríades de estrelas, constelações e prantos de luz. Mas nenhum choro foi tão chorado como o da princesinha, tão bela, que nunca mais pôde ver o dia, que nunca mais sentiria o Sol.
Ela
chorou rios de lágrimas: rio Verde, rio Passa Quatro, rio Quilombo, rios de
águas límpidas, minas, fontes, grotas, enchentes, corredeiras, bicas,
mananciais.
Seu povo esqueceu seu nome, mas chamou de Amantikir, Mantiqueira, a ‘serra que chora’, a montanha que a cobriu. Conta a lenda que foi assim.
(Trecho
da peça A Fantástica Lenda de Algures)
https://www.cidadeecultura.com/lenda-da-mantiqueira-amantikir/
Março - A Bruxa do Armário de Limpeza
Março - A Bruxa do Armário de Limpeza
Bordado
por: Débora Magnólia
Autor:
Pierre
Gripari
Desenho:
Graziella
Magnólia
Contato:
magnolia4652@gmail.com
55 (31)99972.7583
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
A Bruxa do Armário de Limpeza
Pedro
comprou uma casinha bonitinha. Mas a casa é mal-assombrada!
Como
Pedro conseguirá se livrar da bruxa malvada que mora no armário de limpeza?
Tirado
de “Contos da Rua Broca” de Pierre Gripari.
Abril – A Força da Palmeira
Abril – A Força da Palmeira
Bordado
por: Isabelle Marie Reinesch Souza
Conto popular Africano
Desenho:
Demóstenes
Vargas
Contato:
isabelle.rsch@hotmail.com
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
A Força da Palmeira
É um conto popular africano de transmissão oral sobre força e superação. Ele é contado e transmitido de geração em geração, de pessoa pra pessoa, no Magreb, região norte da África.
Em Magreb havia um homem muito malvado que só guardava rancor. Saia para espalhar maldade por todo o mundo.
Um dia ele foi a um oásis e viu uma plantinha crescendo muito feliz. Ficou com tanta raiva da felicidade dela que resolveu achar uma pedra bem grande para colocar em cima da plantinha. Colocou e foi embora.
A jovem palmeira se sacudiu e tentou se libertar da carga, mas, por mais que tentasse, não tinha forças para se levantar. Como pôde, manteve-se firme em seu lugar e resistiu à pressão. De repente sentiu que uma de suas raízes começava a se mexer e a crescer. Assim ela viu que deveria se fortalecer antes de tudo. Juntou suas forças e começou a desenvolver suas raízes. Elas foram crescendo e logo tomaram conta de todo o oásis. Elas cresceram tanto que alcançaram lençóis d’água cheio de nutrientes. A palmeira ficou tão forte que conseguiu empurrar a pedra e continuou a crescer até se tornar uma árvore enorme e majestosa. A maior árvore de todos os tempos.
O tempo passou até que um dia o homem malvado voltou ao oásis para ver a plantinha que maltratou. Procurou por um lado, por outro lado e não encontrou. Até que escutou, na sombra de uma árvore enorme, a voz de uma grande palmeira com uma pedra ao lado: “Sabe homem, devo lhe agradecer, a sua carga me fez mais forte!”.
O homem ficou furioso, foi embora e nunca mais foi visto. E a palmeira reinou majestosa por muitos e muitos anos.
Maio - Os Sete Novelo
Maio - Os Sete Novelo
Bordado
por: Silvânia Maria C. de Araújo
Autor:
Angela Shelf Medearis
Um
conto de Kwanzaa
Desenho:
Demóstenes Vargas
Contato:
silvaniamar@gmail.com
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
Os Sete Novelos
Numa pequena aldeia africana do país de Gana, viviam um senhor e seus sete filhos. Depois da morte da esposa o homem tornou-se mãe e pai dos meninos. Mas era decepcionado com os filhos, que viviam brigando sobre qualquer tipo de assunto, o que plantar, comer, sem um momento de paz no lar.
Um dia o pai morreu. Na manhã seguinte, o chefe da aldeia do povo axânti convocou os irmãos para uma reunião. Iniciou-se uma discussão e uma briga, com muitos empurrões, sobre para quem o pai deixara a herança.
O
líder da aldeia ordenou que parassem de discutir e revelou que o pai decretou
que todas as posses fossem divididas igualmente. Mas, primeiro eles teriam que
aprender a fazer ouro com sete novelos de fios de seda até que a lua surgisse
na noite. Caso não conseguissem seriam expulsos de casa como mendigos.
Cada um dos irmãos recebeu um novelo de cor diferente: azul, vermelho, amarelo, laranja, verde, preto e branco. Pela primeira vez, os irmãos ficaram quietos.
O chefe disse que eles não poderiam mais discutir e erguer o braço um para outro. Se o fizessem, as posses do pai seriam distribuídas entre os aldeões mais pobres.
Desse instante, os irmãos pararam de brigar e sentaram lado a lado, deram as mãos e selaram a paz entre eles. A paz reinou na casa. Eles pegaram os novelos, esperando que tivessem pedaços de ouro, mas o que viram foram lindas e brilhantes cores à luz do sol. A partir desse momento surgiu a ideia de fazer um tecido multicolorido com os diversos fios de cores. Os sete irmãos começaram a trabalhar. Juntos, cortaram madeira para fazer um tear, cada um ajudando ao outro. Em pouco tempo, tinham várias peças de lindos tecidos multicoloridos.
Os irmãos foram à praça do mercado da aldeia e começaram a vender o tecido. O tecido colorido cintilou como um arco-íris, atraindo uma multidão ao seu redor. Todos ficaram encantados com a beleza das peças. Os irmãos sorriam orgulhosos.
De repente, surgiu o tesoureiro do rei, que encantado com a beleza do tecido, comprou tudo, derramando várias peças de ouro. Os sete irmãos correram em direção do chefe e esparramando ouro pela cabana.
Eles falaram que trabalharam juntos e não tiveram tempo para discutir e brigar.
Os
irmãos mais velhos comemoraram, contudo, os mais novos ficaram preocupados com
a situação dos pobres da aldeia.
O chefe disse que eles tinham aprendido a lição.
Então, eles ensinaram o povo a tecer tecidos coloridos. A aldeia tornou-se famosa e próspera por seus tecidos multicoloridos. Desde esse dia, em memória de seu pai, os irmãos não discutiram, não brigaram, passaram a trabalhar juntos, em harmonia, no cultivo da terra.
Junho - O Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda
Junho - O Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda
Bordado por: Malu Furtado
Rocha
Lenda medieval
britânica
Desenho: Murilo Pagani
Contato: maluvieirarocha@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
O Rei
Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda.
De acordo com as
histórias de manuscritos medievais e romances de cavalaria, o Rei Artur,
lendário líder britânico, liderou a defesa da Grã-Bretanha contra invasores no
final do século V e início do século VI, numa época em que a maior parte da Inglaterra
se resumia a bosques, pântanos e charnecas, onde homens armados vagavam sem rei
nem lei. São histórias trazidas do folclore que associa o imaginário celta e
cristão numa série de episódios místicos, mágicos e fantásticos sobre a vida do
rei bretão Artur e dos seus Cavaleiros. Um rei heroico e soberano que criou o
reino mais glorioso da Europa.
A lenda nos transporta para o castelo de Camelot, na época dourada do rei Artur, da rainha Guinevere, de sir Lancelot e dos cavaleiros da Távola Redonda. Em alguns contos e poemas da época, Artur aparece como o grande guerreiro defendendo a Bretanha em batalhas, intrigas e conspirações, de palavras corajosas e atos de extraordinária bravura.
Artur nasce da união de Uther Pendragon e Igraine, e é entregue para ser educado ao mago Merlin, que passa a ser seu conselheiro no início do seu reinado. É Merlin que inventa o teste que provará o direito real de Artur ao trono, ao obter da Dama do Lago a espada "Excalibur" que crava numa pedra e que Artur irá retirar.
A notícia se espalha rapidamente: agora o País tem um novo rei que, apesar da pouca idade, sucede a seu pai e é já um chefe corajoso, repelindo os Saxões, os Anglos e derrotando os Pictos, os Escoceses e os Irlandeses.
Transcorre algum tempo e durante o período de paz que se segue, Artur casa com Guinevere, filha de Leodegrance. Em dote ela traz a Távola Redonda construída pelo mago druida Merlim. A Távola é o símbolo da igualdade, onde a voz de todos tem o mesmo valor.
O Rei Artur funda a sua ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda à qual acorrem cavaleiros de todas as partes, dando início a uma geração de nível incomparável de riqueza e cultura. Os melhores cavaleiros da Inglaterra e da Europa fazem parte da Távola Redonda do rei Artur e logo ficam famosos pela bravura, pela generosidade e pela retidão. Cada um deles jura pela própria vida ser leal ao rei, agir sempre com misericórdia, defender as mulheres e nunca lutar por causa injusta.
Entre os cavaleiros foram famosos sir Bedivere, sir Bors (filho do rei da Gália – França), sir Galahad, sir Gawain (sobrinho de Artur), sir Gareth (era bom, gentil e muito amigo de Lancelot), sir Kay, sir Mordred (também sobrinho de Artur e por ocasião de seu nascimento Merlim profetizou que ele iria tirar o trono de seu tio), sir Pillinore, sir Percival (um dos maiores guerreiros da Távola Redonda), sir Tristão e sir Lancelote (o maior guerreiro da Távola, corajoso e cortês, o defensor da rainha).
Lancelote, insuperável no combate, dotado de inteligência brilhante e um delicioso senso de humor, se torna o melhor amigo do rei. Seus amores com Guinevere são revelados ao rei por seu sobrinho Mordred, pretendente ao trono e à rainha, forçando Artur a condenar Guinevere à morte por traição. Ela escapa com a ajuda de Lancelote.
Artur deixa a sua corte de Camelot para
empreender a conquista da Gália, confiando a regência do seu reino ao cavaleiro
Mordred, que se revolta e quer usurpar o trono. Artur volta para recuperar o
poder e, embora vitorioso, é mortalmente ferido na batalha final. É levado
pelas rainhas do lago para a Ilha de Avalon, onde é curado pela fada Morgana,
filha de Igraine e do Duque da Cornualha, portanto meia-irmã de Artur. Segundo
a lenda, Artur continua vivo em Avalon, a Ilha do Além, à espera de poder
regressar um dia.
Guinevere, que tinha voltado para Artur, após a batalha final se recolhe ao Convento de Amesbury onde Lancelote a visita. Guinevere despede-se do seu amado Lancelote e escolhe a solidão como penitência pelo pecado de ter levado à ruína uma famosa dinastia de cavaleiros. Expulso do reino, Lancelote parte para a França e nunca mais é visto.
Texto extraído dos livros:
Porto Editora – Lenda
do Rei Artur - Howard Pyle, na Infopédia [consult. 2022-01-26
15:37:41]. Disponível em https://www.infopedia.pt/lenda-do-rei-artur
Companhia das Letrinhas – O
Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda – Rosalind Kerven – 13ª
reimpressão – 2017.
Julho – A Lenda da Primeira Orquídea
Julho – A Lenda da Primeira Orquídea
Bordado por: Umeko
Marubayashi
Autor: Conto da Indochina
Desenho: Murilo Pagani
Contato: umemaruba@yahoo.com.br
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
A Lenda da Primeira Orquídea
Reza a lenda que na cidade de Anam, na
Indochina, existia uma jovem chamada Hoan-Lan. Hoan-Lan se divertia fazendo com
que seus numerosos adoradores sofressem de paixão.
Em busca de um sorriso, o jovem Kien-Fu tinha cinzelado o ouro mais fino e trabalhado com infinita paciência as mais lindas peças de jade. Hoan-Lan, demonstrando ingratidão, após se adornar com todos os presentes do nobre apaixonado, o desprezou aos risos. Kien-Fu, desesperado, acabou com a própria vida atirando-se ao Rio Vermelho.
O pintor Nguyen-Ba conseguiu obter cores desconhecidas para pintar o retrato de sua amada Hoan-Lan. Esta, porém, depois de ter exibido, para a satisfação de sua vaidade, a magnífica pintura, desprezou o artista. NguyenBa desapareceu para sempre no mistério das selvas.
Mai-Da, outro apaixonado, quis patentear seu amor à jovem volúvel. Inventou um delicioso perfume, somente digno dos anjos. Hoan-Lan, mais uma vez demonstrando ingratidão, perfumou-se e mandou pôr na rua o seu adorador. Mai-Da, nada mais aspirando na vida, se envenenou.
Cung-Le, com grande delicadeza, trabalhou com perseverança para incrustar nácar numa pulseira de ébano que foi recebida por Hoan-Lan. Ignorado, o pobre endoideceu.
Mas o poderoso Deus das Cinco Flechas, que a tudo via e tudo ordenava, julgou que era o momento de castigar tanta maldade, fazendo a jovem volúvel apaixonar-se pelo formoso Mun-Cay. E desde então, Hoan-Lan sonhava, no seu leito de nácar e sedas bordadas, com seu adorado, cujo nome esvoaçava sobre seus lábios de carmim, como uma borboleta sobre a rosa. Ao despertar, descia à piscina, banhava-se e adornava-se com suas joias mais preciosas para ver passar seu querido Mun-Cay, que mal se dignava a levantar os olhos para ela. Nunca tinha considerado a formosa jovem, nem se interessado pela fama de beleza que ardia à sua volta.
Os dias iam passando, e Mun-Cay não saía de sua indiferença cruel. Uma tarde, Hoan-Lan decidiu sair-lhe ao encontro e declarar-lhe paixão. – Não me interessas, rapariga! – disse ele – És como todas as outras. Para mim não vales nada. Se fosses como aquela que eu amo. Ela sim, é uma deusa. Tu, mísera Hoan-Lan, com toda tua vaidade, não serves nem para lhe atar as fitas das sandálias. E, com um sorriso desdenhoso, afastou-se.
Desesperada, Hoan-Lan lembrou-se do Deus Todo Poderoso que vivia na montanha de Tan-Vien. Talvez ele pudesse lhe ajudar. Apesar da noite escura e chuvosa, a jovem dirigiu-se ao monte sagrado, onde residia sua última esperança. A entrada do templo subterrâneo era guardada por um terrível dragão. Hoan-Lan suplicou-lhe a concessão de entrada e ao cabo de muitos pedidos conseguiu penetrar num extenso corredor, andando entre serpentes horríveis que lhe babujavam os pés nus. Quando chegou junto ao trono de ônix do poderoso gênio, prostrou-se e implorou: – Cura-me, que sofro horrorosamente. Amo Mun-Cay que me despreza.
– É justo o castigo – respondeu o gênio – porque isso mesmo tens feito aos teus apaixonados. – Ó Todo Poderoso, tem dó de mim. Concede-me o amor de meu querido Mun-Cay. Sabes bem que não posso viver sem ele. – Vai-te daqui, – rugiu o gênio – nada conseguirás. O castigo que pesa sobre ti, foi imposto pelo Deus das Cinco Flechas, que tudo sabe. É justo que sofras. Saia do meu castelo.
Ao sair, Hoan-Lan encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra. – Formosa jovem – disse-lhe a bruxa – sei que és muito desgraçada. Queres vingar-se de Mun-Cay? Vende-me a tua alma e juro-te que, embora MunCay não te ame, não amará a outra mulher. Hoan-Lan, com seu orgulho ferido e egoísta, aceitou a proposta da bruxa. Hoan-Lan, voltou para sua casa. Os dias se passaram. Hoan-Lan ia aos bosques para se distrais, ia às termas para relaxar, mas sempre em vão. Sua angústia e aflição não diminuíam nem findavam.
Um dia, vendo ao longe seu adorado Mun-Cay, correu para ele e, quando se preparava para abraçá-lo, o jovem foi transformado numa árvore de ébano.
Neste
momento apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, lhe disse: – Desta
maneira o teu amado nunca será de outra mulher.
– Bruxa infame – exclamou chorando – o que fizeste a meu adorado? Devolva-o ou me mate! – Contratos são contratos, querida – replicou a bruxa, rindo ironicamente – Cumpri o que prometi. Mun-Cay, embora nunca te ame, não amará a outra mulher. Prometi e cumpri. A tua alma me pertence.
Hoan-Lan, abraçada ao pé da árvore, clamava desesperadamente a seu tronco imóvel. – Perdoa-me, Mun-Cay. Tem para mim uma só palavra de amor, de indulgência e compaixão. Não vês como me arrasto aos seus pés, como te abraço, como sofro! Mas a árvore nada respondia. A jovem ali ficou prostrada por muito tempo.
Uma manhã, passou por ali um gênio, que se compadeceu da sua dor. Acercando-se dela, pôs-lhe um dedo na testa e disse: – Mulher, procedeste muito mal. Foste volúvel até a crueldade e ingrata até a malvadez. Procedeste muito mal. Mas tua dor purificou a tua alma. Estás perdoada e vais deixar de sofrer. Antes que a bruxa venha buscar a tua alma, vou transformar-te numa flor. Ficarás sendo, no entanto, uma flor esquisita e requintada, que tenha a impressão do que foi a tua vida maldosa. Quem vir as tuas pétalas facilmente adivinhará o que foi o teu espírito, caprichoso, volúvel, cruel, e a tua preocupação constante pela elegância. Concedo-te ainda um bem: não te separarás do ser que adoras e viverás do seu suporte à sombra do teu amado. Enquanto o poderoso gênio falava, a túnica rósea de Hoan-Lan ia empalidecendo e tornando-se de uma delicada cor lilás. Os olhos da jovem brilharam como pontos de ouro e as suas carnes tomaram a tonalidade do nácar. Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore na derradeira súplica.
E assim apareceu a primeira orquídea do mundo,
segundo a lenda de Anam.
Agosto – João e o Pé de Feijão
Agosto – João e o Pé de Feijão
Bordado
por: Corina Damasio Soares
Conto
inglês
Desenho:
Murilo
Pagani
Contato:
corinadamasio@gmail.com
55 (31)99341.3918
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
João e o Pé de Feijão
Há muito, muito tempo, vivia uma viúva com o seu filho João numa cabana numa aldeia longínqua. A viúva era muito pobre e mal podia arranjar comida para ela e o filho sobreviverem. Num dia de inverno, quando já não restava quase comida nem dinheiro nenhum, a viúva chamou o filho e disse:
– João,
já quase não temos comida e não há dinheiro. Por isso, vamos ter que vender a
vaca. Vais tu levá-la ao mercado na cidade.
– Não se
preocupe, mãe. Amanhã parto mal o sol nasça e só volto após ter arranjado um
bom preço. – respondeu o filho.
No dia seguinte, muito cedo, João pôs-se a caminho da cidade com a vaca. Estava muito frio e o rapaz apressou o passo. A meio do caminho encontrou um homem com umas longas barbas brancas e uma capa comprida. O homem perguntou a João para para onde caminhava e o rapaz explicou que ia vender a vaca. Dito isto, o homem propôs a João vender-lhe a vaca a troco de cinco feijões mágicos.
O rapaz respondeu que não estava interessado. Mas o homem acabou por convencê-lo que, ao ficar com aqueles feijões, ele e a mãe nunca mais passariam por dificuldades.
Assim, João aceitou a troca e voltou para casa sem a vaca e com os cinco feijões no bolso.
Ao chegar a casa tão cedo, a mãe foi logo perguntar-lhe como tinha vendido tão rapidamente a vaca e quanto tinha recebido por ela. Quando João lhe mostrou os feijões, explicando à pobre mulher que eram mágicos, esta ficou furiosa.
– Como é possível que te tenhas deixado enganar? Como vamos nós sobreviver com
cinco feijões?- disse exasperada.
Dito isto, agarrou os feijões e atirou-os pela janela fora.
No dia seguinte, João levantou-se sentindo-se arrependido com a venda da vaca
por cinco feijões. Mas ao ir à janela, apanhou um enorme susto! É que à sua
frente encontrava-se um pé de feijão. Mas não era um pé de feijão qualquer. É
que este pé de feijão era gigantesco e chegava às nuvens! Intimidado, mas
curioso, Joao pôs-se a subir a gigantesca planta. Assim que atravessou as
nuvens deparou-se com um castelo, também este enorme. Dirigiu-se para o
edifício que era digno de um gigante. Mas mal entrou, viu à sua frente uma
mulher enorme que imediatamente o agarrou.
– O que fazes aqui meu rapaz? – perguntou a gigante.
– Bom
dia, minha senhora.- respondeu João que era bem-educado.- Subi por um pé de
feijão até aqui e tenho agora muita fome.
– Com que
então queres comer…- respondeu a gigante, que era na verdade a mulher de um
ogre muito mau- pois eu vou sim dar-te de comer ao meu marido que gosta de
comer crianças.
E dito isto, meteu-o num armário. Mais tarde, o marido, o ogre gigante e mau
chegou ao castelo. Mal entrou na sala chamou a mulher e disse:
– Mulher,
cheira-me a criança fresca! E eu estou cheio de fome!
– Pois vais ter um jantar especial. Vou já acender o fogo para cozinhar uma iguaria
especial!
Entretanto, o gigante que estava aborrecido porque tinha que esperar pelo
jantar, pediu à mulher que lhe trouxesse uma gansa que punha ovos de ouro e que
mantinha cativa. Pediu ainda que ela lhe trouxesse os seus sacos de moedas de ouro
que tinha roubado para se entreter.
Enquanto a gigante ia fazer o que o marido lhe tinha pedido, João conseguiu
escapulir-se por uma pequena fresta do armário. Como o móvel era gigante,
qualquer fresta era o suficiente para ele passar. Cuidadosamente, o rapaz foi
descendo até ao chão. Chegou à sala e encontrou o gigante distraído. Então,
agarrou na gansa e um saco de moedas de ouro e fugiu em direção à porta do
castelo.
O gigante, apercebendo-se da falta da gansa e do saco de moedas de ouro, chamou
a mulher. Ela foi verificar o armário e descobriu que o rapaz tinha fugido. O
gigante disparou a correr na direçao do pé de feijão e começou a
descê-lo.
Enquanto
isto, João acabou de descer o pé de feijão e foi ao encontro da sua mãe. Ela já
estava preocupada com a ausência do filho.
O rapaz
contou-lhe rapidamente o sucedido e que era necessário ir cortar o pé de feijão
com um machado. A mulher foi imediatamente fazê-lo. O malvado
gigante ficou pendurado no pé de feijão e teve que voltar a subir para o
castelo, ficando sem acesso à terra.
João e a mãe ficaram com o saco de moedas de ouro e com a gansa que punha ovos
de ouro.
A partir desse dia nunca mais tiveram dificuldades e passaram a viver muito felizes.
Setembro – A Lenda do Uirapurú
Setembro – A Lenda do
Uirapurú
Bordado por: Magda Pina
Lenda Brasileira
Desenho: Demóstenes Vargas
Contato: magdapinaa@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
A Lenda do Uirapurú
Havia na tribo Tupi um jovem que tocava maravilhosamente flauta. Apelidaram-no até de Catuboré, que significa “a flauta mágica”. Não era bonito, nem tinha enorme charme, mas por causa dos sons melodiosos da sua flauta era cobiçado por todas as moças da tribo em idade de se casar. No entanto, somente a simpática Mainá conseguira conquistar seu coração.
Marcaram o casamento para a primavera, quando na mata
florescem as quaresmeiras roxas e amarelas e os fedegosos se enchem de
vermelho.
Mas aconteceu uma tragédia. Certo dia, Catuboré, saiu para a pesca num lago, distante da oca. Escureceu e ele não chegava. Mainá e suas amigas passaram a noite em claro, com o coração apertado de preocupação e de maus pressentimentos.
No dia seguinte, a tribo inteira se mobilizou,
procurando-o por todos os caminhos. Finalmente, não muito distante do lago,
encontraram o “flauta mágica” morto e enrijecido, ao pé de uma grande árvores.
Logo entenderam: uma serpente venenosa lhe havia picado mortalmente a perna.
Todos choraram copiosamente, de modo especial Mainá e as moças que tanto
apreciavam os sons maviosos de sua flauta. Mas como estavam distantes da oca e
quase todos estavam ali presentes, resolveram enterrar Catuboré ali mesmo, ao
pé da árvore que assistira sua morte.
Mainá, quando a saudade batia muito forte, vinha com suas amigas chorar sobre a sepultura do amado. Passaram-se várias semanas e as lágrimas não diminuíam. A alma de Catuboré, vendo a tristeza da amada, não conseguia ficar em paz. Chorava junto e lastimava seu infortúnio. Pediu, então, ao espírito da mata que o transformasse num pássaro, mesmo que fosse pequenino e feio, contanto que fosse cantador, capaz de consolar Mainá. E foi transformado, então, no uirapuru, que é parecido com Catuboré, pois não tem especial beleza, mas canta como ninguém na floresta, num som semelhante ao de sua flauta.
Hoje, tanto tempo depois, o uirapuru continua a cantar, embora apenas ocasionalmente, mas quando entoa seu canto belo e triste, todos os animais se sentem atraídos uns pelos outros, começam a namorar e a se beijar. Os demais passarinhos que também cantam e gorjeiam respeitosos e atentos, se calam completamente. Só se escuta a voz do Uirapuru, consolando sua amada. Seu canto soa puro e delicado, como o de uma flauta e a Floresta Amazônica silencia em reverência ao mestre dos pássaros. Índios e sertanejos se emocionam, porém poucos têm a oportunidade de ouvir o pequeno pássaro que canta apenas alguns minutos, ao alvorecer e ao anoitecer, durante os 15 dias do ano em que constróis seu ninho.
Ao som de seu canto, homens e mulheres apressam-se a fazer pedidos, confiantes de que serão prontamente atendidos. Muitos buscam suas penas, e até mesmo pedaços do ninho, aos quais atribuem poderes mágicos. Acreditam que uma de suas pensas dará aos homens sorte no amor e nos negócios. E um pedaço de seu ninho garantirá às mulheres a paixão e a fidelidade do amado para sempre.
http://www.youtube.com/watch?v=ZTzTNMgo0NU
Outubro – A Formiguinha e a Neve
Outubro – A Formiguinha e a Neve
Bordado
por: Alda Andrade
Autor:
Irmãos Grimm
Desenho:
Murilo
Pagani
Contato:
aldaluciad@gmail.com
55 (31) 9 9993 1286
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
A Formiguinha
e a Neve
Certa manhã de inverno uma formiga saía para o seu trabalho diário. Já ia longe procurar comida quando um floco de neve caiu, prendendo o seu pezinho. Aflita, vendo que ali poderia morrer de fome e frio, a formiga olhou para o sol e pediu:
- Sol, você que és tão forte, derreta a neve e desprenda o meu pezinho?
E o sol, indiferente, respondeu:
- Mais
forte que eu é o muro, que me tampa.
Então a
pobre formiguinha disse:
- Muro,
você que é tão forte que tampa o sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?
E o muro
rapidamente respondeu:
- Mais
forte que eu é o rato, que me rói.
A
formiga, quase sem fôlego, perguntou:
- Rato,
você que é tão forte que rói o muro, que tampa o sol, que derrete a neve,
desprenda o meu pezinho?
E o rato
falou bem rápido:
- Mais
forte que eu é o gato, que me come.
A formiga
então perguntou ao gato:
- Gato,
você que é tão forte que come o rato, que rói o muro, que tampa o sol, que
derrete a neve, desprenda o meu pezinho?
O gato
responde sem demora:
- Mais forte
que eu é o cachorro, que me persegue.
A
formiguinha estava cansada e, mesmo assim, perguntou ao cachorro:
-
Cachorro, você que é tão forte que persegue o gato, que come o rato, que rói o
muro, que
tampa o sol, que derrete a neve, desprenda o meu pezinho?
- Mais
forte que eu é o homem, que me bate.
Pobre
formiga! Quase sem força, perguntou ao homem:
- Homem,
você que é tão forte que bate no cachorro, que persegue o gato, que come o
rato, que rói o muro, que tampa o sol, que derrete a neve, desprenda o meu
pezinho?
- Mais
forte que eu é a Morte, que todos vence.
Com suas
últimas forças, a formiguinha perguntou à Morte:
- Morte,
você que é tão forte que vence o homem, que bate no cachorro, que persegue
gato, que
come o rato, que rói o muro, que tampa o sol, que derrete a neve, desprenda o
meu pezinho?
O homem
olhou para a formiga e respondeu:
- Mais
forte que eu é Deus, que tudo pode.
A formiga
olhou para o céu e perguntou a Deus:
- Deus,
Tu que és tão forte que tudo podes, desprenda o meu pezinho?
E Deus, que ouve todas as preces, pediu à primavera que chegasse com seu carro
dourado triunfal enchendo de flores os campos e de luz os caminhos, e vendo que
a formiga estava quase morrendo, levou-a para um lugar onde não há inverno e
nem verão e onde as flores permanecem para sempre.
Novembro – A Castanheira
Novembro – A Castanheira
Bordado
por: Marie-Thérèse Pfyffer
Autor:
Conto
do Japão
Desenho:
Demóstenes
Vargas
Instagram:
@duo_leones
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
A Castanheira
Na época em que príncipes governavam o Japão, numa pequena aldeia costeira, a viúva Hana levava uma vida difícil com a sua filha Aiko. Os vizinhos tinham levado comida para elas após a morte do marido, mas todos eram tão pobres que não podiam ajudar muito.
Contra a vontade de sua mãe, Aiko, achou um emprego como doméstica na cidade vizinha, a uma hora de marcha. O trabalho era duro, as horas longas. Aiko se sentia cada dia mais exausta e, às vezes, seus olhos se fechavam de cansaço.
Toda noite, depois do trabalho, Aiko voltava para a aldeia para ficar com a mãe. No meio do caminho crescia uma imponente castanheira e Aiko costumava sentar-se debaixo de seus galhos para descansar. Ela acariciava e abraçava seu tronco, retirava galinhos presos na casca e lhe contava a sua vida. A presença da castanheira a confortava e seu amor por ela crescia com o passar das estações. No verão, ela levava buquezinhos de suas flores para Hana. No outono ela colhia as frutas espinhosas para saborear as deliciosas castanhas. Sempre que passava uns momentos com a árvore, Aiko se sentia melhor, como se a castanheira lhe transmitisse sua força, e o resto do caminho parecia mais curto.
Num fim de tarde, quando Aiko se sentou debaixo da árvore, ela sentiu uma grande tristeza no ar e se aconchegou mais na sua amiga. De repente, ela escutou uma voz estranha que parecia vir da árvore.
- Aiko, minha filha, chegou a hora de nos separar. O príncipe deu ordens para me cortar e fazer de mim um navio. Escute bem. Em alguns meses o navio será lançado ao mar perto de sua aldeia. Não me moverei até você chegar, abraçar-me como faz todo dia, e falar estas palavras: “Sou Aiko, sua amiga.”
Aiko voltou para casa confusa e abatida, sentindo que a árvore tinha compartilhado a sua tristeza com ela. No dia seguinte a árvore parecia a mesma. Aiko a abraçou e disse: - Tive um sonho ruim. Sonhei que o príncipe tinha dado ordens para cortar você. Eu não suportaria perder você.
Uns dias depois, na volta para casa, Aiko foi presa num temporal. Ela correu até a sua árvore para se abrigar debaixo de sua folhagem, mas descobriu com horror que a castanheira não estava mais ali. Chorando ela acariciou o toco e sentiu que tinha perdido uma amiga querida. Profundamente triste, ela apanhou umas folhas no chão como lembrança desta amizade e voltou para casa abatida. O caminho de volta nunca mais foi o mesmo e Aiko ficou sempre mais fraca e pálida.
Uma manhã ela acordou ouvindo uma comoção na aldeia. Aiko ficou observando, espantada. Um grande navio tinha chegado durante a noite e havia preparativos para lançá-lo ao mar. Toda a aldeia estava lá e todos se curvaram quando chegou o príncipe vestido de um quimono preto bordado com brasões. Estava na hora de navegar, mas o navio parecia enraizado na areia e não se movia. Os guardas lançaram um desafio para os pescadores e muitos tentaram a sua sorte, em vão.
- Deixem-me tentar, - disse Aiko, e se aproximou com o coração estourando de emoção. Todos olharam para ela. Os aldeãos a reconheceram e gritaram seu nome. Os guardas quiseram barrar o caminho, mas o príncipe, curioso, mandou deixá-la passar. Fez-se um silêncio total.
Aiko andou até o navio e acariciou o casco como costumava acariciar o tronco de sua amiga, abraçou-o e sussurrou: - Sou Aiko, a sua amiga.
Lentamente o navio deslizou em direção ao mar sob os aplausos da multidão. Perplexo, o príncipe mandou trazer esta mulher incomum até ele. E descobriu uma jovem que irradiava uma beleza tranquila. Perguntou qual era o segredo de sua força. Aiko respondeu que não tinha nenhum segredo e contou a história da castanheira. Não quis aceitar nenhuma recompensa. Com lágrimas escorrendo, disse que seu presente era este amor especial.
Encantado, maravilhado, o príncipe a pediu em casamento. A amizade da castanheira tinha trazido sorte para Aiko.
Dezembro – Dom Quixote de La Mancha
Dezembro – Dom Quixote de La Mancha
Bordado
por: Rosângela Gualberto
Autor:
Miguel de Cervantes
Desenho:
Murilo
Pagani, assessoria na pintura: Nara Hauck
Contato:
rosangelagualberto@uol.com.br
55 (31) 98772 8302
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
Dom Quixote de La Mancha
Don Quixote de Miguel de Cervantes conta a história de um burguês de meia idade, da região da Mancha, na Espanha, que resolve se tornar um cavaleiro andante depois de ler muitos romances de cavalaria. Providencia um cavalo (Rocinante) e uma armadura, resolve lutar pela justiça e para provar seu amor por Dulcineia del Toboso, uma mulher imaginária. Consegue também um escudeiro: Sancho Pança, um homem do povo que resolve acompanhá-lo, acreditando que será recompensado.
Dom Quixote mistura fantasia e realidade, se comportando como estivesse num romance de cavalaria. Transforma obstáculos banais como moinhos de vento, ovelhas, em gigantes, dragões, exércitos inimigos.
É derrotado e espancado inúmeras vezes, recebendo o nome de Cavaleiro da Triste
Figura,
mas sempre se recupera e insiste nos seus objetivos.
Só volta para casa quando é vencido em batalha por outro cavaleiro (na verdade seu amigo Sansão Carrasco, que queria salvá-lo das suas loucuras). Tendo abandonado a cavalaria, fica deprimido e doente. Nos seus momentos finais recupera a consciência e perde perdão aos seus amigos e familiares.