sábado, 15 de outubro de 2016

Contos Bordados 2017







Olá pessoal!
Seguem os contos que bordamos este ano de 

                                           

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Janeiro - O Lobo e os Sete Cabritos

Bordadeira: Zélia Melo
Conto: O Lobo e os Sete Cabritos
Autores: Irmãos Grimm
Desenho: Zélia Melo
Contato: melozelia@terra.com.br
55 (31) 99984 5072




O Lobo E Os Sete Cabritinhos



Era uma vez uma cabra que tinha sete cabritinhos. Ela os amava com todo o amor que as mães sentem por seus filhinhos. Um dia ela teve que ir à floresta em busca de alimento. Então, chamou os cabritinhos e lhes disse:
- Queridos filhinhos, preciso ir à floresta buscar comida. Tenham muito cuidado por causa do lobo mau. Se ele entrar aqui, vai devorá-los todos. É seu costume disfarçar-se, mas vocês o reconhecerão pelas sua voz rouca e por suas patas pretas.
Os cabritinhos responderam:
- Querida mãezinha, pode ir descansada, pois teremos muito cuidado. A cabra baliu (béééééé) e foi andando despreocupada. Não se passou muito tempo e alguém bateu à porta, dizendo:
- Abram a porta, queridos filhinhos. A mamãe está aqui e trouxe um presentinho para cada um de vocês. Os cabritinhos perceberam logo que era o lobo, por causa de sua voz rouca, e responderam:
- Não abriremos a porta, não! Você não é nossa mãezinha. Ela tem uma voz macia e agradável. A sua é rouca. Você é o lobo mau !
O lobo, então, foi a uma mercearia e comprou uma porção de mel com limão e bebeu-o para amaciar a voz. Voltou à casa dos cabritinhos, bateu à porta, e disse:
- Abram a porta, meus filhinhos. A mamãe já voltou e trouxe um doce para cada um de vocês.
Mas o lobo tinha posto as patas na janela e os cabritinhos responderam:
- Não abriremos a porta, não! Nossa mãe não tem patas pretas como as suas. Você é o lobo mau !
O lobo foi à padaria e disse ao padeiro:
- Tenho as patas feridas. Preciso esfregá-las em um pouco de farinha.
O padeiro pensou consigo mesmo: - Esse lobo está querendo enganar alguém. E recusou-se a fazer o que ele pedia. O lobo, porém, ameaçou devorá-lo; e o padeiro, com medo, esfregou lhe bastante farinha nas patas.
Pela terceira vez, foi o lobo bater à porta dos cabritinhos:
- Meus filhinhos, abram a porta. A mãezinha já está aqui, de volta da floresta, e trouxe um brinquedo para cada um de vocês.
Os cabritinhos disseram:
- Primeiro mostre-nos suas patas, para vermos se você é mesmo nossa mãezinha. O lobo pôs as patas na janela e, quando eles viram que eram brancas, acreditaram e abriram a porta. Mas, que surpresa!!! Ficaram apavorados quando viram o lobo entrar. Procuraram esconder-se depressa. Um entrou debaixo da mesa; outro meteu-se na cama, debaixo do cobertor; o terceiro entrou no fogão; o quarto escondeu-se na cozinha; o quinto, dentro do armário guarda-louças; o sexto, embaixo de uma tina tanque de lavar roupas, e o sétimo, o menorzinho, na caixa do relógio cuco. O lobo mau os foi achando e comendo, um a um. Só escapou o menor, que estava na caixa do relógio cuco.
Quando satisfez o seu apetite, saiu e, mais adiante, deitou-se num gramado. Daí a pouco pegou no sono.
Momentos depois, a cabra voltou da floresta. Que tristeza a esperava! A porta estava escancarada. A mesa, as cadeiras e os bancos, jogados pelo chão. As cobertas e os travesseiros, fora das camas. Ela procurou os filhotinhos, mas não os achou. Chamou-os um por um pelo nome, mas estes não responderam. Afinal, quando chamou o último, o menorzinho, uma vozinha muito sumida respondeu:
- Mãezinha querida, estou aqui, no relógio cuco.
Ela o tirou de lá, e ele lhe contou tudo o que havia acontecido. A pobre cabra chorou ao pensar no triste fim de seus filhotinhos !!! Alguns minutos depois, ela saiu e foi andando tristemente pela redondeza. O cabritinho acompanhou-a. Quando chegaram ao gramado, viram o lobo dormindo, debaixo de uma árvore. Ele roncava tanto que os galhos da árvore balançavam. A cabra reparou que alguma coisa se movia dentro da barriga do lobo.
- Oh! Será possível que meus filhinhos ainda estejam vivos, dentro da barriga do lobo? pensou ela falando alto. Então, o cabritinho correu até sua casa e trouxe uma tesoura, agulha e linha. Mal a cabra fez um corte na barriga do lobo malvado, um cabritinho pôs a cabeça para fora. Ela cortou mais um pouco e os seis saltaram, um a um. Como ficaram contentes!!! Cada qual queria abraçar mais a mamãe. Ela também estava radiante, contudo, precisava acabar a operação antes que o lobo acordasse. Mandou que os cabritos procurassem umas pedras bem grandes. Quando eles as trouxeram, ela as colocou dentro da barriga do bicho e coseu-a (costurou-as) rapidamente. Daí a momentos, o lobo acordou. Como sentisse muita sede, levantou-se para beber água no poço. Quando começou a andar, as pedras bateram, umas de encontro às outras, fazendo um barulho esquisito. O lobo pôs-se a falar:
 - Estavam bem gostosinhos. Os cabritinhos que comi. Mas depois, que coisa estranha! Que enorme peso senti!
Quando chegou ao poço e se debruçou para beber água, com o peso das pedras, caiu lá dentro e morreu afogado. Os cabritinhos, ao saberem da boa notícia, correram e foram dançar, junto ao poço, cantando, todos ao mesmo tempo:
- “Podemos viver,
Sem ter mais cuidado.
O lobo malvado morreu.
No poço afogado.”


Fonte:

Fevereiro - Marco Polo e o Imperador Kublai Khan

Bordadeira: Neuza Oli Veira
Conto: Marco Polo e o Imperador Kublai Khan
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
Contato: nemabh25@yahoo.com.br
55 (31) 3337 7026



A Maravilhosa Viagem de Marco Polo à China e o Primeiro Encontro com o Imperador Kublai Khan. 

   Marco Polo foi um viajante célebre nascido em Veneza no século 12 oriundo de uma familia de comerciantes. Numa de suas viagens à China com seu pai e um tio tornaram-se amigos e protegidos do grande imperador Kublai Kan, soberano tártaro neto do grande Gêngis Khan. Ficaram na China por vinte anos.
   O primeiro contato entre eles foi formal e a familia Polo ofereceu ao grande Imperador presentes ricos e requintados. Kublai Kan era respeitado e muito temido. Era conveniente a todos os forasteiros agradarem ao grande Kan. Entretanto todas as histórias contadas pela familia Polo não puderam ser confirmadas ainda mais que em 1368, com a queda da dinastia mongol dos Yuan, a China se fecharia para o mundo, tornando impossível confirmar esses relatos até o século XVI, época em que os portugueses se instalaram em Macau e os jesuitas começaram a chegar ao oriente com objetivo de evangelizar.
   Apenas no século XIX, a obra de Marco Polo começaria a ser reconhecida por seu caráter científico, sendo alvo de edições críticas. Os estudiosos confrontaram-na com fontes chinesas e confirmaram o valor de suas informações. Restava reconstituir o itinerário seguido pelos Polo, que foi feito por Paul Pelliot entre 1906 e 1908, em missões de exploração na Ásia central e, particularmente, os oásis que marcavam as etapas da rota da seda. Então quase tudo que permanecia obscuro tornou-se claro. Marco Polo, subitamente, passava de fantasista à pesquisador bem informado.  Na verdade Marco Polo foi um dos grandes contadores de história.

Texto recontado por Neuza Oli Vieira - Calendario de 2017 - A maravilhosa viagem de


Marco Polo à China e o primeiro encontro com o Imperador Kublai Khan.

Março - O Comprador de Sonhos (conto do México)

Bordadeira: Vani Luiza Cipriano
Conto: O Comprador de Sonhos ( conto do México)
Desenho: Demóstenes Vargas
Contato: vanicipriano@gmail.com
55 (31) 3226 8207




O Comprador de Sonhos


Agapito era um índio mexicano, camponês sem terra, pastor de ovelhas sem ovelhas. Isso fazia dele um peão. Um peão pobre no começo e mais que pobre no final, quando a força para trabalhar o abandona.
         As pessoas de sua aldeia eram camponesas de fato, pois tinham uma terra para elas. Mas de que serve uma terra onde nada cresce?… Na serra mexicana, a terra é vermelha e bonita como a pele dos homens e das mulheres índias, mas é árida.
         E como nada se pode esperar de uma terra árida, Agapito, para não morrer de fome, desceu a serra e buscou trabalho como peão numa plantação de cacau.
         Durante três anos ele cuidou das árvores e colheu seus frutos maduros. Com o tempo, sua pele já tinha o cheiro do cacau. Mas Agapito não gostava desse cheiro e nem do calor úmido da região. Ele tinha muita saudade de sua serra.
         Para ter coragem, pensava no dia em que seu trabalho terminaria na fazenda de cacau. Nesse dia, ele voltaria a sua aldeia, levando consigo uma mala enorme, cheia de presentes para todos os seus amigos. E imaginava a gritaria que seria. “É Agapito que está de volta! Agapito está de volta!”… E nesse dia toda a aldeia estaria feliz, e Agapito mais que todos. Ele tinha tanta vontade de ser feliz!
         Ao final de três longos anos, Agapito recebeu seu salário. Ele não compreendia muito bem as contas que fazia o capataz da plantação, um homem acostumado aos grandes cálculos e que falava muito rápido:
         – Três anos, a tantos por ano… Aluguel e comida a descontar… Um poncho comprado a crédito… a descontar… Por sua negligência, dez árvores produziram menos… a descontar… Perda de uma machadinha… a descontar… Eis, então, seu ganho: três centavos em moedas de cobre. O próximo!
         Agapito afastou-se lentamente. Na sua mão, ele tinha três centavos.. três moedinhas de cobre. Era tudo!
         À noitinha, Agapito chegou à pequena cidade próxima da plantação. Era uma cidade alegre e iluminada. As pessoas pareciam felizes. As lojas estavam cheias de coisas maravilhosas, os mercadores ambulantes ofereciam objetos lindos, mas caros… E Agapito tinha apenas três moedas de cobre. E ainda precisava pensar nas despesas com a alimentação durante a longa caminhada até sua aldeia.
         Mas, quando Agapito deparou com a vitrine de um vendedor de doces, ficou deslumbrado. Havia na vitrine flores de açúcar impressionantemente lindas. Um centavo de cobre cada uma… Decididamente, Agapito comprou uma charmosa rosa de açúcar vermelho. A pequena Panchita, a deslumbrante filha da vizinha, teria este presente! Agapito comeria menos, e pronto!
         Pouco a pouco as luzes da cidade foram se apagando, as janelas foram se fechando… E Agapito estava fatigado. Ele tinha fome, muita fome, mas preferiu deixar para comer no dia seguinte antes de se colocar a caminho de casa.
         Um barulho de água levou-o até uma fonte pública, e ele bebeu avidamente para distrair o estômago. Já ia se afastando da fonte, quando viu um homem que segurava uma tigela vazia. Como o homem não tinha forças para ir até a fonte, Agapito aproximou-se timidamente, pegou a tigela e perguntou:
         – Quereis água?
         O homem levantou levemente as pálpebras. Ele parecia muito doente…
         Quando Agapito entregou-lhe a tigela cheia de água, o homem não teve forças para segurá-la. Agapito deu-lhe então de beber, como se fosse uma criança.
         Embora parecesse muito doente, o homem não tinha febre. Agapito compreendeu: quando um homem que não é velho nem tem febre está muito fraco para segurar uma tigela, sabe-se bem do que é que ele sofre…
         Agapito correu até o vendedor de tortilhas, que lhe informou:
         – Um centavo por uma farta porção!
         Agapito, sem hesitar, comprou uma porção e a levou para o homem, que, ao ver as tortilhas, sorriu e começou a comê-las, uma a uma, suavemente, pois todos sabem que, quando se tem muita fome, é perigoso comer muito rápido. Quando terminou, olhou para Agapito e perguntou:
         – Maia?
         Agapito respondeu que sim, que ele era um índio maia das altas serras.
         – Eu sou pueblo – disse o homem, apontando para o norte. – Longe…
         – Peão? – perguntou-lhe Agapito.
         -Sim, mas acabou.
         Agapito contou sua história ao homem pueblo. Contou-lhe também o quanto queria rever sua terra e seus amigos…
         -Aqui – disse Agapito – eu não sou feliz… Na minha terra, não tenho o que comer… Como se deve fazer para ser feliz?
         O pueblo, que escutava tudo em silêncio, olhou fixamente para Agapito, tirou do bolso uma coisa muito pequena e disse:
         – Dê-me sua mão. Este é um presente para você… A felicidade, talvez… mas eu não sei.
         E entregou a Agapito uma semente redonda da cor do ouro, fazendo-lhe, em seguida, um sinal para que o deixasse só.
         Agapito cainhou pela cidade até que encontrou um cantinho perto da porta de um albergue, e por ali dormiu profundamente. De repente, acordou sobressaltado com um pesadelo horrível. Ele estava ainda na plantação e o capataz gritava:
         – Agapito deve dez ponchos! Ele perdeu mil machadinhas! Ele deixou cem mil árvores morrer! Agapito tem de pagar suas dívidas! Ele deverá trabalhar na plantação trinta vezes três anos e, depois, mais dez vezes três anos, e ainda…
         Já amanheceu e a porta do albergue estava aberta. De dentro vinha um cheiro delicioso e quente de tortilhas, enchilladas e chili com carne. Agapito tinha fome e entrou. Enquanto esperava para ser atendido pela bela servente, viu entrar um homem bem-disposto que dormira no albergue.
         – Traga-me rápido a comida, Chica, e eu lhe contarei um belo sonho. Sonhei que uma deusa de longos cabelos negros era minha esposa. Nós morávamos bem no centro de uma floresta de ouro. Aquele que colhesse um galho de ouro na floresta estava livre da fome e de qualquer problema. E todas as pessoas vinham à nossa floresta. Elas colhiam braçadas de galhos de ouro e partiam felizes. E eu olhava toda aquela gente e me sentia ainda mais feliz. Não é um belo sonho?
         – O mais bonito que já escutei em toda a minha vida, senhor.
         Agapito ficou impressionado e pensou: “Este homem tem sorte: dormiu dentro do albergue e, sem dúvida, come sempre que tem fome. Ele não tem necessidade do seu sonho para estar feliz. Se eu gastar o último centavo que me resta com comida, amanha ainda terei fome. Mas, se eu comprar esse sonho, serei feliz pensando nele amanhã, depois de amanhã, na próxima primavera…”
         A servente chegou com uma tigela fervendo, deliciosa. Serviu-a ao homem de sorte e já ia entregar outra a Agapito, quando ele se levantou, aproximou-se do homem e disse:
         – Eu não vou comer.
         – O que você quer? – perguntou-lhe o homem.
         – O seu sonho. Eu quero comprá-lo.
         O homem começou a rir daquela idéia tão extravagante, mas Agapito estava sério.
         – Você quer comprar meu sonho? Mas para que ele poderá lhe servir?
         – Ele servirá para me fazer feliz. É um sonho bonito… Aqui está o dinheiro.
         Ele colocou sua última moeda sobre a mesa; o homem não podia acreditar.
         – Um centavo? É pouco, mas ainda assim é muito para pagar um sonho. Guarde seu dinheiro e, se o sonho lhe agrada, ele é seu. Eu lhe dou meu sonho.
         Agapito sentiu-se ofendido.
         – Eu não estou mendigando.
         Pegou sua moeda e já estava saindo do albergue, decepcionado, quando o homem o chamou.
         – Se você quer mesmo comprar meu sonho, dê-me seu centavo. Eu lhe vendo meu sonho.
         Agapito, entusiasmado, entregou-lhe sua última moeda.
         – O sonho agora é meu?
         – Claro. É um negócio honesto, completamente regular. Você é testemunha, Chica!
         Chica aprovou seriamente o negócio:
         – Claro, senhor. O senhor vendeu um belo sonho, ele foi pago e eu sou testemunha.
         Esquecendo sua fome, Agapito saiu do albergue. Ele queria ficar sozinho para pensar no seu belo sonho. Mas a servente veio correndo atrás dele.
         – Você vai partir para a sierra? Eu queria que passasse por Achulco, a aldeia onde mora minha mãe.
         – E o que você quer que eu diga a ela?
         – Conte a ela seu sonho. Minha mãe é sozinha e triste. Ela ficará feliz com a bela história de seu sonho.
         Agapito estava confuso.
         -Eu não sei contar histórias. Talvez o sonho não fique tão bonito se eu o contar.
         E Chica respondeu:
         – Mas é o seu sonho! Quem poderia contá-lo melhor?
         Ela, então, entregou-lhe uma sacola com tortilhas, pão, tomate e pimenta.
         – Tome! Este é meu presente para sua viagem.
         Agapito tinha um longo caminho a percorrer, pois Achulco era longe. Ele chegou ao vilarejo no dia seguinte, à tarde, e pediu informações a uma mulher que lavava roupas na porta de casa.
         – A Chica que trabalha na vila? Aquela é a casa de sua mãe. Mas não lhe dê más notícias.
         – Eu trago boas notícias – disse Agapito.
         – Vá logo, então!
          A mulher deixou seu serviço e começou a chamar todas as outras para que também escutassem as novidades. Rapidamente a sala da casa estava cheia, e a mãe de Chica pediu silêncio:
         – Este rapaz – disse ela – teve um sonho magnífico e minha filha o mandou aqui para que me contasse. Cada palavra de Agapito é a palavra da verdade. Chica é testemunha.
         E Agapito começou a falar. Ele estava à vontade e as palavras chegavam-lhe facilmente. Chica tinha razão: esse sonho era dele, pois ele o contava tão bem!
         – Uma floresta de ouro? E todo mundo poderia colher seus troncos? Eu também? – perguntou um velho, pensativo.
         – Sim – disse Agapito. – Você e todos os outros.
         – Então ninguém mais teria fome… É um belo sonho. Estamos felizes por ter escutado seu sonho.
          A mãe de Chica estava orgulhosa de sua filha, que enviara aquele mensageiro a todos do vilarejo.
         Agapito passou a noite ali e, quando partia, na manhã seguinte, um homem veio procurá-lo.
         – Minha mulher e meus filhos moram num vilarejo a um dia de caminhada daqui. Se você passar por lá, poderia contar-lhes seu sonho?
         Agapito consentiu e continuou seu caminho. O homem decidiu segui-lo, para ouvir mais uma vez o sonho.
          A notícia corria de boca em boca, e Agapito precisou sair várias vezes de sua rota para contar seu sonho por encomenda de alguém. Mas o que fazer? Só um louco se recusaria a dar tanta alegria aos outros.
          Um dia, finalmente, Agapito chegou ao seu próprio vilarejo. Logo na entrada, viu uma bela jovem com vestido vermelho e seu coração palpitou forte. Era Panchita, a filha da vizinha. Como se tornara linda!
         – É você, Agapito? Como demorou a voltar!
         – Eu lhe trouxe um presente.
         Todas as crianças corriam pelas ruas para anunciar a chegada de Agapito. E à noite, em torno da fogueira, Agapito contou seu sonho a todos. Panchita, a seu lado, segurava com orgulho a rosa de açúcar. Ela parecia uma rainha e , com os olhos brilhantes, disse:
         – Você trouxe as sementes das quais nascerá a floresta?
         – Eu tenho uma semente.
         E todos viram aquela semente cor de ouro. Agapito contou como a ganhara e o que lhe dissera o pueblo.
         Uma senhora idosa abaixou-se e examinou a semente.
         – É um grão d’ixium, o milho. Mas essa felicidade não é para nós. Há muito tempo, um homem do vilarejo matou um ganso selvagem que era mensageiro da grande deusa do milho. Ela se irritou e proibiu o milho de brotar em nossas terras.
         – E foi há muito tempo? – perguntou Panchita.
         – Há muito tempo – confirmou a senhora.
         – Talvez as coisas tenham mudado… Vamos plantá-lo! – sugeriu Agapito.
         – Sim, vamos plantá-lo, Agapito! – disseram todos.
         Agapito plantou o grão de milho imediatamente.
         Numa manhã de outono, quando Agapito saiu de casa, viu gansos selvagens voando bem alto no céu. Era sinal de boa colheita. Agapito correu até os campos e lá havia uma bela floresta: o milho amadurecera e, de tão bonito, de tão maduro, parecia de ouro. E, no meio daquela floresta dourada, Panchita dançava com os cabelos soltos ao vento. E, de tão bela, parecia uma deusa!


(do livro – O Ofício do contador de histórias – Gislayne Avelar Matos e Inno Sorsy).

Abril - Como a Noite Surgiu (Lenda do Brasil)

Bordadeira: Selma Fabrini
Conto: Como a Noite Surgiu (Lenda do Brasil)
Desenho: Márcia Meyer Guimarães
Contato: amlesfab@gmail.com
55 (31) 3223 2009




Como a Noite Surgiu


Anos e anos atrás, no começo dos tempos, quando o mundo tinha acabado de ser feito, não havia noite. Era dia o tempo todo. Ninguém nunca tinha ouvido falar do nascer ou pôr do sol, a luz das estrelas ou luar. Não havia pássaros da noite, nem bestas noturnas e, nem as flores da noite. Não havia sombras, nem ar suave da noite, carregado de perfume.
Naqueles dias, a filha da Grande Serpente Marinha, que habitava nas profundezas dos mares, casou-se com um dos filhos da grande raça grande terrena conhecida como Homem. Ela deixou sua casa entre as sombras das águas profundas e foi morar com o marido na da luz do dia. Seus olhos ficaram cansados da luz do sol brilhante e sua beleza desvanecida. Seu marido a olhava com olhos tristes, mas ele não sabia o que fazer para ajudá-la.
“Oh, se a noite viesse”, ela gemeu como enquanto se jogava pesadamente em seu sofá. “Aqui é sempre dia, mas no reino de meu Pai há muitas sombras. Ó, o que daria por um pouco da escuridão da noite! ”
Seu marido ouvia seus lamentos. “O que é noite?”, Perguntou a ela. “Fale-me sobre isso e talvez eu possa arranjar um pouco dela para você.”
“Noite”, disse a filha da Grande Serpente Marinha”é o nome que damos para as sombras pesadas que escurecem o reino de meu pai nas profundezas dos mares. Eu amo a luz do sol de sua terra, mas estou muito cansada deles. Se pudéssemos ter apenas um pouco da escuridão do reino do meu pai para que pudesse descansar meus olhos por um tempo. ”
O marido de pronto chamou três escravos fiéis. “Eu estou a ponto de enviar-lhes em uma viagem”, disse-lhes. “Vocês tem que ir para o reino da Grande Serpente Marinha que habita nas profundezas dos mares, para pedir-lhe para lhes dar um pouco das trevas da noite porque senão sua filha vai morrer aqui no meio da luz do sol de nossa terra”.
Os três escravos foram para o reino da Grande Serpente do Mar. Após uma viagem longa e perigosa, eles chegaram no reino dele, nas profundezas dos mares e pediram-lhe para dar-lhes algumas das sombras da noite para levar de volta à terra. A Grande Serpente lhes deu um grande saco cheio. Ele fechou bem e advertiu-lhes para não abri-lo, até que estivessem mais uma vez na presença de sua amada filha.
Os três escravos voltaram, com o grande saco cheio de noite sobre as suas cabeças. Logo eles ouviram sons estranhos dentro do saco. Era o som das vozes de todos os animais da noite, todas as aves da noite, e todos os insetos da noite. Se você já ouviu o coro da noite de florestas nas margens dos rios você vai saber como soava. Os três escravos nunca tinha ouvido sons como esses em toda a sua vida. Estavam terrivelmente assustados.
“Vamos largar o saco cheio de noite aqui mesmo onde estamos e vamos fugir o mais rápido que pudermos”, disse o primeiro escravo.
“Nós pereceremos. Vamos morrer, não importa o que fizermos “, exclamou o segundo escravo.
“Se vamos perecer de qualquer jeito, então eu vou abrir o saco e ver o que está fazendo todos esses sons terríveis”, disse o terceiro escravo.
Assim que colocou a sacola no chão e abriu, todos os animais da noite, todas as aves da noite e todos os insetos da noite saíram e se afastaram em uma grande nuvem negra da noite. Os escravos se assustaram mais do que nunca no escuro e fugiram para a selva.
A filha da Grande Serpente do Mar estava esperando ansiosamente pelo retorno dos escravos com a sacola cheia de noite. Desde que tinham começado a sua viagem tinha aguardado o seu regresso, protegendo os olhos com a mão e olhando lá longe, no horizonte, esperando com todo seu coração que trouxessem logo a  noite. Nessa posição, ela estava de pé sob uma palmeira real, quando os três escravos abriu o saco e deixaram escapar a noite. “A noite veio. A noite chegou, finalmente, “ela chorou, quando viu as nuvens noturnas no horizonte. Então ela fechou os olhos e foi dormir lá debaixo da palmeira real.
Quando ela acordou ela sentiu muito descansada. Ela se tornou mais uma vez, a princesa feliz que havia deixado o reino de seu pai nas profundezas dos granes mares para vir para a terra. Ela já estava pronta para ver o dia outra vez. Ela olhou para a estrela brilhando acima da palmeira real e disse: “Ó, linda estrela brilhante, agora você será chamado a estrela da manhã e você deverá anunciar a chegada do dia. Você deve reinar como rainha do céu nesta hora. ”
Então ela chamou todos os pássaros à sua presença e disse-lhes: “Ó, maravilhosos pássaros que cantam docemente, agora eu ordeno que você cantem sua música mais doce nessa hora para anunciar a aproximação do dia.” O galo estava de pé ao lado dela. “Você”, ela disse , “será nomeado o vigia da noite. Sua voz marcará todos relógios da noite, e deverá avisar a todos a madrugada chegou. “Desse dia em diante, aqui no Brasil, chamaremos a chegada da manhã de madrugada. O galo anunciará a sua chegada às aves que estarão esperando. Os pássaros cantarão suas mais doces canções nessa  hora da manhã e a estrela da manhã reinará no céu como rainha da madrugada.
Quando amanheceu novamente os três escravos entraram em casa através das florestas e selvas com o seu saco vazio.
“Ó escravos infieis”, disse o mestre, “por que você não obedeceram a ordem da Grande Serpente Marinha e abriram o saco apenas na presença de sua amada filha? Por causa de sua desobediência vou transformá-lo em macacos. A partir de agora você devem viver nas árvores. Seus lábios devem ter sempre a marca do lacre, que selou o saco cheio de noite. ”


Desde esse dia, se vê a marca em cima os lábios dos macacos, onde eles morderam para arrancar o lacre de cera do saco, e no Brasil a noite salta tão rapidamente sobre a terra, como no dia em que ela saltou para fora do saco, no início dos tempos. E todos os animais, aves e insetos da noite fazem um coro para o pôr-do-sol na selva ao anoitecer.

Maio - O Círculo do Destino

Bordadeira: Regina Drumond
Conto: O Círculo do Destino
Autores: Lenda Indiana de Raja Mohanty e sirish Rao
Desenho: Martha Dumont
Contato: reryreine@gmail.com




O círculo do Destino


Garuda leva o deus Vishnu sobre os picos dó Himalaia ao monte Kailash morada do deus Shiva. Neste momento avista um belo passarinho em uma árvore e mal conseguia acreditar que via um tão belo pássaro. Mas naquele momento chega montado em um búfalo o Yama o deus da morte. Ao ver o passarinho o persegue. A expressão do deus  Yama desespera Garuda que pensa que o deus da morte quando olha daquele modo mostra que a aquele pássaro corre perigo. Garuda deseja salvar o passarinho. Uma parte dele diz ter cuidado a outra diz para ele agir rápido e salvar o passarinho. Garuda fica desesperado mas a compaixão faz ele agir para salvar o passarinho e o conduz para uma floresta distante e o deixa  em local seguro. 
Satisfeito com sua boa ação voa para as montanhas. Ao chegar Garuda encontra Yama o deus da morte que acabou de  sair da casa de Shiva. Curioso o pássaro gigante pergunta a Yama porque olhara para o passarinho de modo diferente  e Yama diz ...fiquei surpreso por ver este passarinho perto das montanhas porque ele deveria estar perto de um eremitério. Um piton poderia o comer e ele renascerá no eremitério. 

Mas...como a sorte fica  acima do deus da morte o destino se ocupou do assunto. E. . Yama foi embora mas as suas palavras pesaram em Garuda e ele se deu conta da verdade. E refletiu: O mundo é um círculo infinito onde tudo tem um tempo e um lugar certo. Tudo tem um fim para renascer como algo diferente. Há uma organização em tudo e se você quiser mudar  é preciso agir conforme o seu coração. Mas...no final de tudo é  você que pertence a ordem e não ela a você. 



Junho - A Lenda de Kaguya Hime, a Princesa da Lua

Bordadeira: Umeko Marubayashi
Conto: A Lenda de Kaguya Hime, a Princesa da Lua
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
Contato: umemaruba@yahoo.com.br





A Lenda de Kaguya Hime, a Princesa da Lua




Conta a lenda que um pobre camponês que cortava bambu, viu que um deles reluzia como ouro.Para a surpresa do homem, dentro do bambu, havia uma bela menininha, a qual, ele e sua esposa (que ainda não haviam tido filhos) deram-lhe o nome de Kaguya Hime.
 Deste momento em diante, algo estranhamente mágico aconteceu ao homem: Toda vez que ele regressava ao seu trabalho, encontrava dentro de cada bambu, diversas moedas de ouro, e em pouco tempo, tornou-se extremamente rico!
    Diz-se também, que em apenas três meses, Kaguya tornara-se uma bela donzela!
Logo todos ficaram sabendo da incrível beleza da garota, e com isso, o número de pretendentes apenas aumentava a cada instante, mas Kaguya Hime recusava a todos. Entretanto, haviam 5 rapazes que não desistiam de conquistar a bela moça a nenhum custo. Assim, para se livrar deles, Kaguya pediu um presente a cada um, e quem o fizesse com sucesso, teria sua mão em casamento.
   Ao primeiro ela pediu um vaso que seria encontrado em um templo bem alto, que ficava nas montanhas. O rapaz tentou, mais a montanha era muito íngreme, então ele desistiu, e levou para Kaguya um vaso falso, e ela logo descobriu e mandou o rapaz embora!
  Para o segundo ele pediu um ramo de ouro que dava frutos de perolas que existia apenas na Montanha Horai.  O rapaz era rico, e mandou que fosse feito para sua amada a replica do ramo de ouro, que mais tarde levou para Kaguya, que ficou impressionada e aceitou casar-se com o rapaz. Entretanto na hora do matrimonio a farsa foi descoberta, pois o joalheiro apareceu durante a cerimônia do casamento e cobrou pelo serviço. Kaguaya, percebendo a mentira do noivo desistiu do casamento.
   Ao terceiro rapaz ela pediu o manto invisível de Tengo (uma planta mágica que existe na floresta), mas o rapaz também fracassou. 
   Ao quarto rapaz ela pediu uma moeda que ficava pendurada no pescoço de um dragão, o rapaz também acabou desistindo.
  Para o quinto rapaz foi pedido um pássaro raro, mas o rapaz também não conseguiu atender ao desejo de Kaguaya.
   Kaguya chorou muito por não ter encontrado um marido, e os pais a consolaram, dizendo que o mais importante é tê-la como uma filha digna e feliz. Três anos se passaram, e a beleza da garota florescia cada vez mais! Certa noite, quando estava a observar a Lua, as lágrimas rolaram de sua face. Os pais, preocupados, perguntaram-lhe o que havia acontecido com ela. Assim, a jovem respondeu:
   -Agradeço todo o amor e carinho que me deram, mas, agora chegou a hora de saberem toda a verdade: Eu pertenço a um mundo diferente, sou a Princesa da Lua, e fui enviada à Terra, pelo meu rei, para conceder uma vida mais digna a vocês. Entretanto, agora, fui comunicada que devo partir, pois a minha missão aqui, já se acabou. 
   Os pais adotivos imploraram para que Kaguya Hime não partisse, mas já era tarde.
A menininha já havia partido ao seu mundo. E a partir de então, todas as noites, o casal sempre observava a brilhante Lua, de modo a lembrar de sua mais amada e bela filha.


Julho - A Gata Branca

Bordadeira: Valéria Inez Pimenta
Conto: A Gata Branca
Autora: Madame D'Aulnoy
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
Contato: valeria.arteterapia@gmail.com



A Gata Branca


Era uma vez um velho rei que tinha três filhos e não sabia a quem deixar o seu
reino. Um dia chamou-os e disse-lhes: “Já estou velho e devo deixar o trono a um de vós. Sois os três valentes e capazes, por isso decidi deixar o reino a quem me trouxer o cão mais pequeno do mundo.” Os irmãos mais velhos partiram e fizeram de tudo para agradar ao pai. O mais novo, pelo contrário, como não sabia o que fazer, andou a vaguear pela floresta. Um dia desabou uma tempestade. O rapaz, que não tinha onde se abrigar, viu uma luz ao longe e resolveu segui-la. Depois de andar um bom bocado, chegou a um castelo maravilhoso com portas de ouro. Dentro, sentada no trono, estava uma bela gata branca com uma coroa de rubis e safiras.
O rapaz estava espantado, mas a gata recebeu-o muito bem e pô-lo à vontade. Ofereceu-lhe um óptimo jantar e deu-lhe o melhor quarto do castelo. Com o passar do tempo, os dois ficaram amigos. Juntos, passeavam, brincavam e liam. Entretanto, já tinha passado quase um ano e o príncipe tinha-se esquecido de procurar o cãozinho para o seu pai. Mas a gata que sabia sempre tudo disse:
- “Pega nesta bolota e leva-a ao teu pai.”
O jovem obedeceu. Quando o pai abriu a bolota viu um cãozinho minúsculo que abanava o rabo alegremente. Mas o rei não tinha ficado convencido. Chamou então os três irmãos e disse-lhes:
- “Preciso de outra prova. Darei o meu reino a quem me trouxer um pano tão fino que possa entrar no buraco de uma agulha.”
Os irmãos mais velhos partiram e fizeram de tudo para agradar ao pai. O mais novo voltou logo para o castelo da gata branca e passou outro ano com
ela, passeando, lendo e brincando. Quando chegou o momento de regressar ao pai, o rapaz não sabia o que fazer.
- “Pega nesta noz e leva-a ao teu pai, disse-lhe a gata.
O rei abriu a noz e encontrou uma avelã. Abriu a avelã e encontrou um grão de trigo, abriu o grão de trigo e encontrou o tecido mais leve e precioso do mundo.
Mas o rei ainda não estava convencido.
- “Preciso de uma última prova”, disse. “Deixarei o meu reino a quem encontrar uma princesa bela e gentil, digna de se tornar rainha.
Os irmãos mais velhos partiram e fizeram de tudo para agradar ao pai. O mais novo voltou para a gata. Passearam, leram e brincaram e mais um ano passaram juntos. Até que uma noite a gata lhe disse:
- “Eu sou a princesa que procuras. Um feitiço transformou-me em gata, mas se tiveres coragem de me cortar a cabeça e o rabo, voltarei a ser uma rapariga.”
No início o rapaz não conseguia sequer pensar no assunto, mas depois ganhou coragem. Pegou num machado e fez o que a gata lhe disse. Diante dos seus olhos apareceu uma rapariga linda.
O rei ficou tão emocionado com a simpatia e beleza da princesa gata que logo quis entregar a coroa e o reino ao filho mais novo.
- “Não é preciso!”, disse a princesa. O meu pai deixou-me os seus reinos e eu quero dividi-los convosco.
Houve uma grande festa para festejar o casamento do filho mais novo do rei e a partir daquele dia cada um tinha a sua coroa e todos viveram felizes para sempre.


Fonte:

http://www.historias-infantis.com/a- gata-branca/