quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Calendário 2021 - Está Pronto! Encomende o seu!

 



Somos 12 bordadeiras, que se dedicam a bordar cada uma, um mês! 
Esse é o décimo primeiro calendário, tendo sido bordado  inclusive com desenhos baseados nas ilustrações de Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus, dentre outras artistas!
Um grande sucesso para presentear com um toque de magia, contos, pontos e panos! 
Faça seu pedido com as bordadeiras abaixo. Os contatos estão em cada mês com as respectivas bordadeiras!

Janeiro - A Festa no Céu

A Festa no Céu

Bordado por:  Zélia Melo

Conto:  A Festa no Céu

Autor:  Conto Brasileiro

Desenho: Murilo Pagani

Contato: melozelia@terra.com.br / @melo_zelia_bordados

 55 (31) 99984 5072

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

Quem já observou com atenção um sapo, certamente notou sua feiura. Boca grande, olhos esbugalhados, pele áspera e fria, verrugas por toda parte e corpo achatado, como se alguém tivesse pisado sobre ele. Que mal terá feito essa pobre criatura, para ser tão feia assim?

Certa vez, uma grande festa no céu reuniu muitos convidados. Naturalmente, para chegar até lá, em uma festança nas alturas, era necessário saber voar. Por isso, somente as aves poderiam participar. O sapo, porém, cismou que também iria à festa. Mas, como sapo não sabe voar, foi elaborado um plano envolvendo um grande urubu.

No dia da festa, a enorme ave negra foi visitar o sapo, que a havia convidado exatamente para poder executar seu plano. À vontade, o urubu conversava entretido com a dona sapa. Enquanto isso, com a desculpa de ter que ir na frente, pois andava muito devagar, o sapo se enfiou sorrateiramente na viola que o urubu levaria para animar a festa. E, pacientemente, aguardou a hora de viajar.

Sem desconfiar da trama sapal, o urubu alçou voo com a viola a tiracolo, rumo ao céu. Chegando na festa, em um momento de distração do feliz urubu, o sapo espertalhão saltou para fora da viola e surpreendeu a todos com sua presença no folguedo celeste.

Durante toda a noite, divertiu-se a valer. Quando a festança chegava ao final, o maroto aproveitou a confusão e meteu-se de novo na viola do urubu. Mas, cansado de esperar e impaciente para chegar logo em casa, o sapo começou a se mexer dentro da viola.

Durante o voo, um barulho estranho chamou atenção do urubu. Percebendo que havia alguma coisa dentro da viola, imediatamente virou o instrumento de boca para baixo e, espantado, observou o sapo despencar como uma pedra das alturas.

A queda foi tremenda. Um verdadeiro tombo do céu. O bicho ainda tentou voar, mas, como sapo não voa, esborrachou-se de encontro ao chão. Desde então ficou assim: boca enorme de tanto gritar, olhos esbugalhados de pavor e o corpo todo amassado, cheio de dobras e manchas, o que restou do maior tombo de sua vida.

Fevereiro - Ali Babá e os Quarenta Ladrões

Ali Babá e os Quarenta Ladrões

Bordado por:  Eleonora de Fátima Andrade

Conto:  Ali Babá e os Quarenta Ladrões

Autor:  Conto das Mil e Uma Noites

Desenho: Murilo Pagani

Contato: eleonora.andrade@hotmail.com

55(31) 99821 6887

Fotografia, arte e produção: Henry Yu   

Desenhos baseados nas ilustrações de Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus.

 Numa cidade da antiga Pérsia viviam os irmãos Cassim e Ali Babá. Cassim era um dos comerciantes de tecidos mais ricos da cidade, mas Ali Babá vivia na pobreza e tinha de cortar lenha numa floresta para sustentar a família.

    

Um dia, Ali Babá estava cortando lenha quando viu uma nuvem de poeira. Percebeu que homens a cavalo se aproximavam; com medo que fossem bandidos, subiu numa árvore, junto a um grande rochedo, e se escondeu em meio à folhagem. Do alto da árvore podia ver tudo sem ser visto. Chegaram quarenta homens muito fortes e bem armados de espadas. Ali Babá concluiu que eram ladrões. Os homens desapearam dos cavalos e puseram no chão sacos pesados. O que parecia ser o chefe, aproximou-se da rocha e disse: “Abra-te, Sésamo!”

   

Assim que essas palavras foram pronunciadas, abriu-se uma porta na caverna. Todos passaram por ela, entraram na caverna, e a porta se fechou novamente. Depois de muito tempo, a passagem da caverna voltou a se abrir, e por ela saíram os quarenta ladrões. Quando todos estavam fora, o chefe disse: “Feche-te, Sésamo!”

 

Ali Babá seguiu os bandidos com os olhos até desaparecerem. Quando se viu em segurança, desceu da árvore, dirigiu-se à rocha e disse: “Abra-te, Sésamo!” A porta se abriu e Ali Babá ficou sem palavras diante do que seus olhos viram: uma grande caverna cheia dos tecidos mais finos, tapetes belíssimos, joias esplêndidas e uma enorme quantidade de sacos de moedas de ouro e prata.

    

Ali Babá entrou com os três burros que costumava levar quando ia cortar lenha carregou os animais com sacos de moedas de ouro e joias e voltou para casa. Contou à esposa tudo o que acontecera, recomendando-lhe que mantivesse segredo absoluto. Quando Ali Babá falou em esconder as moedas num buraco, a mulher disse: “Boa ideia, mas antes quero contar quantas moedas de ouro temos. Vou pedir um medidor ao vizinho, enquanto você cava o buraco.”

 

O vizinho era Cassim. Sua mulher achou estranho e, para descobrir o que Ali Baba precisava medir, melecou o medidor com cola. A esposa de Ali Baba devolveu o medidor sem perceber que uma moeda de ouro ficara colada. Quando Cassim chegou em casa, a mulher lhe disse: “Você pensa que é rico, Cassim, mas Ali Babá, seu irmão, tem que medir ouro com medidor!”

 

Cassim foi até a casa do irmão e ameaçou denunciá-lo à polícia, se ele não lhe contasse tudo. Ali Babá, então, contou. Na manhã seguinte, bem cedo, Cassim dirigiu-se à caverna sozinho, com dez burros, disposto a voltar carregado de ouro. Ao chegar à porta do rochedo, disse: “Abra-te, Sésamo!” Que surpresa e contentamento ele sentiu ao ver tesouros que ele nem em sonho poderia imaginar! Carregou os burros de tudo o que podiam levar e ficou tão extasiado que, ao sair, disse: “Abra-te, Cevada!” A porta continuou fechada. Cassim se deu conta que esquecera a palavra mágica para abrir a passagem. Apavorado, tentou outras frases, mas não conseguia acertar! E ficou preso lá dentro da caverna. Por volta do meio-dia, os ladrões, pronunciaram as palavras mágicas e entraram. Imediatamente mataram Cassim e, para que ninguém ousasse se aproximar novamente, cortaram o corpo em quatro partes e o deixaram pendurado lá dentro.

 

A esposa de Cássim ficou muito preocupada quando viu cair a noite sem que seu marido regressasse. Foi à casa do cunhado e expressou seus temores. Ali Babá, suspeitando de que algo grave acontecera, foi para a caverna. Quase desmaiou quando viu o corpo do irmão cortado em pedaços. Recolheu-os em dois sacos e voltou para a cidade com a intenção de sepultá-los. Os ladrões ficaram espantados ao retornar à caverna e não avistarem o corpo. Disse o chefe: “Precisamos dar um jeito nisso, ou perderemos todas as nossas riquezas. O corpo desaparecido mostra que duas pessoas conseguiram descobrir nosso segredo: liquidamos uma delas, agora precisamos acabar com a outra.” Um dos ladrões foi à cidade, com a missão de descobrir quem era a pessoa que sabia do segredo.

 

Havia um sapateiro na cidade, muito trabalhador e querido, chamado Mustafá. Ali Babá o encarregara de costurar o corpo do irmão Cássim para o enterrar com decência. Por uma infeliz coincidência, foi justamente esse sapateiro que o ladrão primeiramente viu ao chegar à cidade de manhãzinha, pois a loja do sapateiro era a única aberta àquela hora. O ladrão o cumprimentou e disse: “O senhor começa seu trabalho muito cedo! Na sua idade, não sei como consegue enxergar para costurar esses sapatos!” Mustafá respondeu: “Apesar de velho, meus olhos são muito bons. Há pouco costurei um morto num lugar que tinha menos luz que esta minha loja!” O ladrão deu duas moedas de ouro na mão do sapateiro, rogando-lhe que dissesse onde ficava a casa em que ele costurara o morto. Mustafá levou o ladrão até a frente da casa de Cássim, que agora pertencia a Ali Babá. O ladrão pegou um pedaço de giz, fez uma cruz na porta e foi-se embora

 

A esposa de Cássim tinha uma empregada muito bonita e esperta, chamada Morjana. A moça, ao sair da casa, notou o sinal e desconfiou de alguma tramoia. Pegou um pedaço de giz e marcou com o mesmo sinal três portas à direita e mais três à esquerda. Quando os ladrões chegaram, não souberam dizer qual era a porta certa. O chefe resolveu ele mesmo se encarregar da missão. Foi à cidade, encontrou Mustafá o sapateiro, mas diante da casa de Ali Babá limitou-se a observá-la cuidadosamente, examinando cada detalhe que a distinguia das outras. Mandou comprar grandes tambores para guardar azeite. Encheu de azeite apenas um deles. Seus homens entraram nos outros, fortemente armados. Em cada tambor, havia pequenos buracos para que pudessem respirar.

 

O chefe chegou à casa de Ali Babá. “Venho de muito longe e vim à cidade para vender meu azeite. Eu preciso dar algum descanso para as minhas mulas. O senhor não poderia me abrigar em sua casa só por esta noite?” Ali Babá aceitou amigavelmente, jantaram e se recolheram. Os tambores foram descarregados das mulas. Morjana estava cuidando do serviço de casa quando, de repente, as lâmpadas se apagaram. Não havia mais azeite na casa. Sabendo que o hospede trazia azeite, Morjana resolveu pegar um pouco num dos tambores. Aproximou-se de um barril e ouviu o ladrão que estava escondido dentro dele perguntar, baixinho, pensando que era o chefe: “Já está na hora?” Assustada, Morjana percebeu que em vez de azeite aqueles tambores escondiam bandidos perigosos. Criou coragem e, imitando a voz do chefe, disse: “Ainda não é hora. Tenha paciência." Morjana foi de tambor em tambor, dando sempre a mesma resposta. O último tambor continha azeite de verdade. Morjana encheu um jarro. Numa grande panela ferveu azeite. Depois, indo de tambor em tambor, derramou o líquido fervente sobre cada bandido, matando-os todos.

 

À meia-noite, o chefe se levantou da cama e foi chamar seus homens. Sentindo cheiro de carne queimada, abriu os tambores, mas só encontrou cadáveres. Temendo pela própria vida, fugiu correndo. Disposto a se vingar de qualquer maneira, arquitetou um plano. Fez-se passar por um comerciante e tornou-se amigo do filho de Ali Baba. Um dia, Ali Babá se encarregou de preparar um grande banquete para o amigo do filho. Morjana, que servia à mesa, reconheceu o chefe dos ladrões e soube que desejava atacar seu patrão. Ela se vestiu de dançarina, colocou um punhal no cinto e cobriu o rosto com um véu. Chamou um músico e os dois entraram na sala do banquete, pedindo permissão para se apresentarem.

 

O hóspede fingiu estar encantado com aquela proposta. O músico pôs-se a tocar e Morjana a dançar com passos e movimentos delicados. Depois, a dançarina passou para um novo tipo de dança, tomando do punhal. Aproximou-se do bandido e cravou o punhal em seu coração. Então, contou ao patrão o que descobrira. Mais uma vez, Ali Baba fora salvo pela empregada. Agradecido, disse: “Você me salvou por duas vezes; agora eu lhe darei muito ouro. Mais: em recompensa por sua lealdade, você será minha nora.”

 

Com o passar do tempo, Ali Babá contou o segredo da caverna a seu filho e depois a seus netos. Graças àquele tesouro, Ali Babá se tornou um homem respeitado e honrado na sua cidade.

Março - Frozen

Frozen

Bordado por:  Débora Magnólia

Conto:  Frozen

Autor:  Jennifer Lee

Desenho: Graziela Magnólia

Contato: magnolia4652@gmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu   

 

Elsa e Anna são filhas do rei de um pequeno reinado, chamado Arendelle. Elsa, a mais velha, possui poderes mágicos: criar gelo, geada e neve com suas próprias mãos. Um dia ela fere acidentalmente a irmã.

 

A pequena Anna tem o acidente apagado de sua mente e Elsa é instruída a nunca exibir seus poderes. Os anos seguintes são de solidão e separação. As princesas ficam isoladas, trancadas no castelo. Anna não entende por que Elsa, de repente, para de brincar e falar com ela e fica escondida em seu quarto. Quando as princesas são adolescentes, seus pais morrem num naufrágio.

 

Quando Elsa completa vinte e um anos, o reino se prepara para sua coroação. As portas do castelo são abertas para o povo e a princesa Anna explora a cidade. Ela conhece o príncipe Hans das Ilhas do Sul, a atração é mútua. Durante a recepção da coroação, Hans pede Anna em casamento, mas Elsa se recusa a conceder a sua bênção e proíbe a união. Na discussão com a irmã, Elsa solta seus poderes especiais e, em pânico, foge do castelo, sem saber que causou a chegada de um inverno sem fim em Arendelle. No alto das montanhas próximas, ela constrói um palácio de gelo onde decide viver solitária, com seu boneco de neve Olaf.

 

Anna sai em busca de sua irmã, determinada a levá-la de volta, porque só ela pode acabar com o inverno. Ao revê-la, Elsa se assusta e acidentalmente congela o coração de Ana, que só poderá ser salva por um ato de amor verdadeiro. Procuram o príncipe Hans, para que este lhe dê o beijo de amor. Então Hans se revela como realmente é: não ama Anna, mas quer eliminar as irmãs para subir no trono. Numa luta, Anna salva a vida de Elsa e este ato de amor verdadeiro restaura seu coração.

 

Percebendo que o amor é a chave para controlar sua magia, Elsa põe fim ao inverno e ajuda Olaf a sobreviver no verão. Hans é deportado de volta às Ilhas do Sul e as duas irmãs se reconciliam. Elsa promete nunca mais trancar as portas do castelo.

Abril - O Pássaro de Fogo de Cariacica

O Pássaro de Fogo de Cariacica

Bordado por:  Isabelle Marie Reinesch Souza

Conto:  O Pássaro de Fogo de Cariacica

Autor:  Lenda Brasileira

Desenho: Murilo Pagani

Contato: isabelle.rsch@hotmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu   

 

 

Segundo a lenda, onde hoje ficam as cidades de Cariacica e Serra, vivam duas tribos rivais. O chefe da tribo que habitava Cariacica teve uma filha lindíssima, esta princesa veio a se apaixonar por um valente guerreiro da tribo rival.

Dos céus, uma ave fantástica via o sofrimento do casal e seu amor proibido, decido a ajudar, o enorme pássaro levava princesa índia até o encontro de seu amado, mas mesmo com a ajuda sobrenatural, os jovens foram descobertos.

O chefe da tribo irado pediu a um poderoso xamã que fizesse um feitiço para que os amantes jamais se encontrassem de novo, o velho curandeiro implorou aos deuses tal provisão e os deuses foram extremamente severos, eles prenderam os jovens amantes em prisões de pedra, transformando a princesa no Monte Moxuara e o guerreiro no Monte Mestre Álvaro, condenados a estar um de frente ao outro pela eternidade, mas sem se tocarem ou se falarem.

Talvez por arrependimento das tribos ou dos deuses, os espíritos que habitam as florestas do Moxuara fizeram outro encanto. Uma vez por ano os jovens amantes se libertariam de sua prisão de pedra e o pássaro encantado lhes serviria por mensageiro, a ave fantástica se converteu em fogo e no dia 24 de junho é possível ver o pássaro de fogo rasgar os céus levando as eternas promessas de amor da princesa e do guerreiro.

Maio - A Fada das Ervas Medicinais

A Fada das Ervas Medicinais

Bordado por:  Silvania Araújo

Conto:  A Fada das Ervas Medicinais

Autor:  Conto Chinês

Desenho: Murilo Pagani

Contato: silvaniamar@gmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

Desenhos baseados nas ilustrações de Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus.

 

No seio das montanhas, vive a fada das ervas medicinais, chamada Abelha, que reina sobre todas as plantas das montanhas. A fada, que canta maravilhosamente, nunca recusa ajuda aos pobres que colhem essas ervas, mas que também, muitas vezes, castiga os gananciosos e os invejosos.

A fada era criada na corte real, dominada por um rei rico e cruel. Abelha não o temia, quando não tinha vontade de fazer chá, não o fazia. Mas, seu chá e doces eram incomparáveis, por isso, estava sob a proteção particular do rei. Ela andava pelo palácio com seu vestido de burel, tecido grosseiro, e uma flor nos cabelos e sua beleza irradiava, apesar de não ser atraída pelas distrações da corte. Abelha preferia a solidão das montanhas. Alegrava-se com o canto dos pássaros e das cigarras, e colhia ervas. Usava-as para tratar dos pobres e dos animais doentes.

Após um período de boas colheitas, o vento soprou espalhando uma terrível doença que matou velhos e crianças. O rei temendo o pior para si e seu circulo mandou fechar as portas da cidade. Nem mesmo os pássaros podiam sobrevoar o palácio.

Para partir da cidade, Abelha utilizou uma tina, enfeitou-a de flores e saiu flutuando por um canal que ia dar num rio de águas profundas. A jovem logo avistou a montanha, coberta de flores. Aproximou-se da margem, pulou na beira do rio, e passou a colher as flores, enchendo seu cesto.  

De repente, uma maravilhosa garça-real branca desceu das grandes nuvens, pousou em um rochedo, transformando-se em um cervo, que saltou em sua direção e desmaiou. No seu lugar estava um moço, o Espírito das ervas que vivia nas montanhas, conhecedor das ervas raras. Assim, os dois subiram as encostas das montanhas, até o cume, onde contemplaram um mar de nuvens brancas.  As ervas raras florescem apenas uma vez por ano e, algumas, só abrem a cada sete anos. Abelha colheu as ervas raras para curar as pessoas da peste e prometeu retornar para junto do Espírito das ervas. Assim, que curou os doentes, foi viver feliz com seu esposo nas montanhas, onde despertavam os pássaros com seu canto. Viviam juntos na felicidade.

Enquanto isso, o rei estava furioso com a ausência de Abelha e procurou o feiticeiro para elaborar um plano maquiavélico. O inverno chegou, com gelo e neve. Abelha sentia um frio terrível, nada conseguia aquecê-la. O Espírito das ervas comprou um casaco de peles do feiticeiro do rei. Imediatamente, ela parou de tremer, sorriu e jogou o casaco nos ombros do marido. No mesmo instante, uma enorme pedra de gelo se fundiu até o vale. O Espírito das ervas desapareceu e, no seu lugar, surgiu uma concha que rolou até o mar e foi cair nas profundas águas. Abelha chorou dias e noites, maldizendo o feiticeiro do rei. Seus lamentos foram ouvidos pelo Espírito, que pediu para ela todos os anos, na primavera, no precipício, quando o vento tornar límpida  as águas, curva-se sobre elas para vê-lo. Ela poderia ficar  cuidando das plantas nas montanhas.

Abelha concordou, mas, antes, foi levar ao rei uma flor que garantia a juventude eterna. O rei logo comeu a flor, mas nenhuma palavra lhe saía a boca. O rei cruel ficou mudo. Depois disso, ninguém mais viu Abelha. Dizem que viram uma garça-real branca no horizonte, voando, com um longo lamento, em direção às montanhas selvagens. Dizem, que desde então, Abelha vive na montanha miraculosa e se tornou a Fada das ervas medicinais.

Junho - A Sereiazinha

 A Sereiazinha

Bordado por:  Malu Furtado Rocha

Conto:  A Sereiazinha

Autor:  Conto de Hans Christian Andersen

Desenho: Samira El Bizri Portes

Contato: malu.furtado@globo.com // 55(31)99335 1595

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

Desenhos baseados nas ilustrações de Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus.

 


Muito longe da terra, onde o mar é muito azul, vivia o povo do mar. O rei desse povo, conhecido por Rei Tristão, tinha seis filhas, todas muito bonitas, e donas das vozes mais belas de todo o mar, porém a mais moça se destacava, com sua pele fina e delicada como uma pétala de rosa e os olhos deslumbrantes. Todas eram sereias, não tinham pés, mas sim uma cauda de peixe. Essa princesinha, desde criança, era a mais interessada nas histórias sobre o mundo de cima, e desejava poder ir à superfície; queria saber tudo sobre os navios, as cidades, as pessoas e os animais.

Os anos se passaram...

No seu aniversário de quinze anos, Ariel, A sereiazinha, recebeu um presente muito especial: podia subir à superfície do mar.

Viu o céu, o sol, as nuvens... Viu também um navio e ficou muito curiosa. Foi nadando até se aproximar da grande embarcação. Avistou, através dos vidros das vigias, passageiros ricamente trajados. O mais belo de todos era um jovem príncipe e a pequena sereia se apaixonou por ele. Ficou horas admirando seu príncipe, e só despertou de seu devaneio quando o navio foi pego de surpresa por uma tempestade e começou a tombar. A menina viu o príncipe cair no mar e afundar, e se lembrou de que os homens não conseguem viver dentro da água. Mergulhou na sua direção e o pegou já desmaiado, levando-o para uma praia.

Ao amanhecer, o príncipe continuava desacordado. A pequena sereia, vendo que um grupo de moças se aproximava, escondeu-se atrás das pedras, ocultando o rosto entre os flocos de espuma. As moças viram o náufrago deitado na areia e foram buscar ajuda. Quando finalmente acordou, o príncipe não sabia como havia chegado àquela praia, e tampouco fazia ideia de quem o havia salvado do naufrágio. Olhou para as pessoas à sua volta. Uma delas era uma moça tão linda que o príncipe se apaixonou por ela.

A princesa sereia voltou para o castelo muito triste e calada, e não respondia às perguntas de suas irmãs sobre sua primeira visita à superfície. Voltou várias vezes à praia onde tinha deixado o príncipe, mas ele nunca aparecia por lá, o que a deixava ainda mais triste. Esperava encontrá-lo, pois estava verdadeiramente apaixonada por ele. Mas todos lhe diziam ser impossível, um amor entre os dois, ele era humano e ela uma sereia...

A sereiazinha suspirou, olhando tristemente para a sua cauda de peixe e desejando ter um par de pernas em seu lugar. Não esquecia a ideia de se tornar humana e se encontrar com o seu amado...

Resolveu então procurar a bruxa do mar, famosa por transformar sonhos de jovens sereias em realidade... desde que elas pagassem um preço por isso.

A bruxa já a esperava, e foi logo dizendo:

— Já sei o que você quer. É uma loucura querer ter pernas, isso trará muita infelicidade a você! Mesmo assim vou preparar uma poção, mas essa transformação será dolorosa. Cada passo que você der será como se estivesse pisando em facas afiadas, e a dor a fará pensar que seus pés foram dilacerados. Você está disposta a suportar tamanho sofrimento?

— Sim, estou pronta! — disse a pequena sereia, pensando no príncipe e na sua alma imortal.
— Pense bem, menina. Depois de tomar a poção você nunca mais poderá voltar à forma de sereia...
e se não conseguires casar com o príncipe, morrerás, na manhã seguinte.

A sereiazinha assentiu com a cabeça e, sem dizer uma palavra, ficou observando a bruxa fazer a poção.

— Pronto, aqui está ela..., mas antes de entregá-la a você, aviso que meu preço por este trabalho é alto: quero a sua linda voz como pagamento. Você nunca mais poderá falar ou cantar...

A princesa sereia quase desistiu, mas pensou no seu príncipe e pegou a poção que a bruxa lhe estendia e sem olhar para o palácio onde nasceu e cresceu, soltou um beijo na sua direção e nadou para a praia.

Assim que bebeu a poção, sentiu como se uma espada lhe atravessasse o corpo e desmaiou. Acordou com o príncipe observando-a. Ele a tomou docemente pela mão e a conduziu ao seu palácio. Como a bruxa havia dito, a cada passo que a menina dava sentia como se estivesse pisando sobre lâminas afiadíssimas, mas suportava tudo com alegria pois finalmente estava ao lado de seu amado príncipe.

Ele estava encantado com a beleza da moça, mas não pensava em se casar com ela, pois ainda tinha esperança de encontrar a linda moça que ele vira na praia, após o naufrágio, e por quem se apaixonara sem saber quem era.

Todas as noites a princesinha ia refrescar os pés na água do mar. Nessas horas, suas irmãs se aproximavam da praia para matar a saudade da caçulinha. Sua avó e seu pai, o rei dos mares, também apareciam para vê-la, mesmo que de longe.

A família do príncipe queria que ele se casasse com a filha do rei vizinho, e organizou uma viagem para apresentá-los. O príncipe, a sereiazinha e um numeroso séquito seguiram em viagem para o reino vizinho.

Quando o príncipe viu a princesa, não se conteve:

— Foi você que eu vi na praia! Foi você que me salvou! Finalmente encontrei você, minha amada! Para tristeza da sereiazinha, a princesa também se apaixonara pelo príncipe e os dois marcaram o casamento para o dia seguinte.

Todo o sacrifício da pequena sereia havia sido em vão. Depois do casamento, os noivos e a comitiva voltaram de navio para o palácio do príncipe, e a sereiazinha ficou observando o amanhecer, esperando o primeiro raio de sol que deveria matá-la.

Viu então suas irmãs, pálidas e sem a longa cabeleira, nadando ao lado do navio. Em suas mãos brilhava um objeto.

— Nós entregamos nossos cabelos para a bruxa do mar em troca deste punhal. Você deve enterrá-lo no coração do príncipe. Só assim poderá voltar a ser uma sereia novamente e escapará da morte. Corra, você deve matá-lo antes do nascer do sol.

A sereiazinha pegou o punhal e foi até o quarto do príncipe. Mas, ao vê-lo dormir, não teve coragem de matá-lo. Caminhou lentamente até a murada do navio, mergulhou no mar azul e, ao confundir-se com as ondas, sentiu que seu corpo ia se diluindo em espuma.

Ainda que tudo parecesse perdido, a sereia não morreu. Ela tornou-se uma deusa dos mares, protegendo os casais apaixonados!

Julho - O Dia dos Mortos


O Dia dos Mortos

Bordado por:  Valeria Inês Pimenta

Conto:  O Dia dos Mortos

Autor:  Lenda Mexicana

Desenho: Murilo Pagani

Contato: @valeriainez

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 


A única certeza que todos os homens e mitologias sempre dividiram é a Morte. Causadora de tantos medos, ela é encarada de forma bem diferente dependendo da sua localização geográfica. Em muitos países, é motivo de choro e luto demorado. Em outros, os doentes e idosos fazem de tudo para morrer em determinado lugar. E existem os países que encaram a morte de frente. E com festa!

 

Día de Los Muertos comemora as vidas dos ancestrais, que nessa época voltam do outro mundo para visitar os vivos. Os povos indígenas mesoamericanos – há relatos da celebração em povos náuatles (astecas), maias, tarascanos e totonacas há, no mínimo, três mil anos – tinham cerca de um mês inteiro dedicado aos mortos: o nono do calendário asteca, equivalente ao nosso agosto. Na era pré-hispânica era comum a prática de conservar os crânios como troféus, e mostrá-los durante os rituais que celebravam a morte e o renascimento. As festividades eram presididas pela deusa Mictecacihuatl, a Dama de la Muerte, esposa de Mictlantecuhtli, senhor do reino dos mortos.

Segundo a crença popular, neste dia os mortos têm permissão divina para visitar seus parentes vivos. As ruas e as casa são enfeitadas com flores, velas e incensos. As tumbas são decoradas e os vivos levam oferendas aos mortos. As famílias preparam verdadeiros banquetes, as pessoas se enfeitam de fantasias e máscaras (a maioria como caveiras coloridas) e as crianças se divertem. Nos cemitérios. De noite. E com os mortos.

Entre oferendas e decorações, um arco de flores simboliza a passagem usada pelos espíritos.


Um dos símbolos mais tradicionais da festa é a caveira decorada, conhecida como La Catrina. A ideia é mostrar que mesmo tendo status e riqueza em vida, somos todos iguais após a morte
.



Caveiras coloridas aparecem na decoração, nas fantasias, nas maquiagens e até mesmo em forma de doce, feita de açúcar. Essa guloseima é um presente para mortos e vivos, mas não é a única comida típica da época. Os altares são enfeitados com coisas que os mortos apreciavam. Vale também levar a comida que o morto gostava, brinquedos para crianças e tequila para os adultos, tudo para animar. 



Agosto - O Livro da Selva

 O Livro da Selva

Bordado por:  Marie-Thérèse Pfyffer

Conto:  O Livro da Selva

Autor:  Rudyard Kipling

Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer

Contato: @duo_leones

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 

“Mowgli amava mais do que qualquer outra coisa acompanhar Bagheera no coração quente e escuro da floresta, dormir durante o dia moroso e, à noite, ver a pantera-negra caçar.”

 

Os Livros da Selva. Rudyard Kipling. Clássicos Zahar, 2016

Setembro - O Mito de Pandora

O Mito de Pandora

Bordado por:  Ilka Finotti Wutke

Conto:  O Mito de Pandora

Autor:  Mito Grego

Desenho: Neemyas Rocha

Contato:  ilkafinottiw@gmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

  

Em tempos muito, muito longínquos, não existiam mulheres no mundo, apenas homens, que viviam sem envelhecer, sem sofrimento, sem cansaço. Quando chegava a hora de morrerem, faziam-no em paz, como se simplesmente adormecessem.

Mas um dia, Prometeu (cujo nome significa ‘o que pensa antecipadamente’, isto é, Previdente) roubou o fogo a que só os deuses tinham acesso e deu-o aos homens, para que também eles pudessem usufruir desse bem, na defesa contra os animais ferozes, na confeção dos alimentos, na garantia de aquecimento nas noites frias.

Ora, o rei dos deuses não podia deixar passar em branco a afronta de Prometeu e concebeu um castigo terrível para a humanidade.

Mandou então que, com a ajuda de Atena, Hefesto, o deus ferreiro, criasse a primeira mulher, Pandora, que significa (‘todos os dons’), e cada um dos deuses dotou-a com uma das suas características: Afrodite deu-lhe beleza e poder da sedução; Atena fê-la arguta e concedeu-lhe a habilidade dos lavores femininos; mas Hermes deu-lhe a capacidade de mentir e de enganar os outros.

Zeus ofereceu-a então de presente a Epimeteu, que era irmão de Prometeu. O seu nome significava exatamente o contrário do do irmão, pois Epimeteu quer dizer ‘o que pensa depois’, isto é, Irrefletido. E, de facto, sem pensar duas vezes e contrariando a advertência do irmão, que lhe dissera que nunca aceitasse nenhum presente vindo de Zeus, ele deixou-se seduzir pela bela Pandora e casou-se com ela.

Pandora trazia consigo um presente dado pelo pai dos deuses: uma jarra (a’ caixa de Pandora’), bem fechada, que estava proibida de abrir. Mas, roída pela curiosidade, um dia decidiu levantar só um bocadinho da tampa, para ver o que lá se escondia. De imediato dela se escaparam todos os males que até aí os homens não conheciam: a doença, a guerra, a velhice, a mentira, os roubos, o ódio, o ciúme… Assustada com o que fizera, Pandora fechou a jarra tão depressa quanto pôde, colocando-lhe de novo a tampa. Mas era demasiado tarde: todos os males haviam invadido o mundo para castigar os homens. Lá muito no fundo da jarra, restara apenas uma pequena e tímida coisa, que ocupava muito pouco espaço, a esperança. Por isso se diz que ‘a esperança é a última a morrer’. De facto, com todos os males soltos no mundo, lutando e quantas vezes vencendo os bens de que os homens gozavam, só a esperança, bem guardada no mais fundo dos nossos corações, nos dá ânimo para nunca desistirmos de expulsar as coisas más das nossas vidas.

 

http://www.olimpvs.net/index.php/mitologia/a-caixa-de-pandora/

Outubro - Meu Pé de Laranja Lima

Meu Pé de Laranja Lima

Bordado por:  Fernanda Amaral

Conto:  Meu Pé de Laranja Lima

Autor:  José Mauro de Vasconcelos

Desenho: Murilo Pagani

Contato:  @fernandaamaral178

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

A história de Zezé se passa em um subúrbio modesto do Rio de Janeiro, em Bangu, na década de 1920, em uma família muito pobre.

Zezé tem 6 anos de idade é um menino sapeca, inteligente e cheio de imaginação. Sua família é muito pobre e, com o pai desempregado, são obrigados a trocar a casa grande e confortável onde moravam por uma mais modesta.

Ao chegar na casa nova, Zezé e seus irmãos, Totoca e Godóia logo se encantam com as árvores do quintal e cada um adota uma das árvores como “sua”: Godóia fica com uma frondosa mangueira, Totoca com um pé de tamarindo, e Zezé, com o pequeno pé de Laranja Lima.

Na proteção desta árvore, Zezé cria um mundo de aventuras imaginárias, onde os galhos se transforam em cavalos e ele, um herói de faroeste, as galinhas do quintal, de repente, são animais selvagens, que vivem no zoológico.

O pequeno Pé de Laranja Lima, que conversa com Zezé como um irmão mais velho, carinhoso e generoso, se torna seu grande amigo e recebe o nome de Minguinho. É ao pé desta árvore que Zezé encontra seu refúgio quando fica de castigo pelas molecagens que faz, e junto com Minguinho vai descobrindo as ternuras e os encantamentos da vida.

A história deste livro, retrata, com delicadeza, a infância de Zezé, suas tristezas e alegrias, e o nascimento das amizades com Portuga, e Minguinho, até que precise mudar novamente, quando seu pai consegue emprego como gerente de uma Fábrica em outra cidade.

 

“O meu pé de laranja lima”. José Mauro de Vasconcelos.

Editora Melhoramentos – 1980


 

Novembro - Guarüguá – O Peixe-Boi dos Maraguá

Guarüguá – O Peixe-Boi dos Maraguá


Bordado por: Celma C. R. Villela

Conto:  Guarüguá – O Peixe-Boi dos Maraguá

Autor:  Yaguarê Yamã e Lia Minápoty

Desenho:  Celma C. R. Villela

Contato:  villelacelma@yahoo.com.br

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

Era um tempo de guerra entre os moradores da água e os da terra e não existia ainda o peixe-boi; foi quando Monãg, o Deus do bem decidiu buscar a paz!

Ele ordenou a Guaporé, filho mais velho do Piraruku que fosse à superfície, se transformasse em gente e seduzisse a filha de Tabaguá, Tuxana dos Maraguá.

Assim se deu. Naquela noite a aldeia estava em festa. Era tempo de Panãbypiá se casar e ela deveria escolher um dos jovens. Ela viu Guaporé e se apaixonou por ele, mas não poderia escolhê-lo porque era um desconhecido.

Então, a moça apontou para um rapaz qualquer da aldeia e se casou com ele. Terminada a festa foi só até o rio se banhar e se deparou com Guaporé que se aproximou, a abraçou e ficaram juntos até a manhã seguinte.

Não soube explicar ao marido o que aconteceu e envergonhada se trancou em casa, reaparecendo prestes a ter um filho, correu e mergulhou no rio.

Enfeitiçada pelos peixes, agora é esposa de Guaporé e mãe de Guarugá, o peixe-boi. Os Maraguá nunca mais guerrearam com os peixes.