quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
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Janeiro - A Festa no Céu
A Festa no Céu
Bordado por: Zélia Melo
Conto: A Festa no Céu
Autor: Conto Brasileiro
Desenho: Murilo Pagani
Contato: melozelia@terra.com.br / @melo_zelia_bordados
55 (31) 99984 5072
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Quem já observou com
atenção um sapo, certamente notou sua feiura. Boca grande, olhos esbugalhados,
pele áspera e fria, verrugas por toda parte e corpo achatado, como se alguém
tivesse pisado sobre ele. Que mal terá feito essa pobre criatura, para ser tão
feia assim?
Certa vez, uma grande festa
no céu reuniu muitos convidados. Naturalmente, para chegar até lá, em uma
festança nas alturas, era necessário saber voar. Por isso, somente as aves
poderiam participar. O sapo, porém, cismou que também iria à festa. Mas, como
sapo não sabe voar, foi elaborado um plano envolvendo um grande urubu.
No dia da festa, a enorme
ave negra foi visitar o sapo, que a havia convidado exatamente para poder
executar seu plano. À vontade, o urubu conversava entretido com a dona sapa.
Enquanto isso, com a desculpa de ter que ir na frente, pois andava muito
devagar, o sapo se enfiou sorrateiramente na viola que o urubu levaria para
animar a festa. E, pacientemente, aguardou a hora de viajar.
Sem desconfiar da trama
sapal, o urubu alçou voo com a viola a tiracolo, rumo ao céu. Chegando na
festa, em um momento de distração do feliz urubu, o sapo espertalhão saltou
para fora da viola e surpreendeu a todos com sua presença no folguedo celeste.
Durante toda a noite,
divertiu-se a valer. Quando a festança chegava ao final, o maroto aproveitou a
confusão e meteu-se de novo na viola do urubu. Mas, cansado de esperar e
impaciente para chegar logo em casa, o sapo começou a se mexer dentro da viola.
Durante o voo, um barulho
estranho chamou atenção do urubu. Percebendo que havia alguma coisa dentro da
viola, imediatamente virou o instrumento de boca para baixo e, espantado,
observou o sapo despencar como uma pedra das alturas.
Fevereiro - Ali Babá e os Quarenta Ladrões
Ali Babá e os Quarenta Ladrões
Bordado por: Eleonora de Fátima Andrade
Conto: Ali
Babá e os Quarenta Ladrões
Autor: Conto
das Mil e Uma Noites
Desenho: Murilo
Pagani
Contato: eleonora.andrade@hotmail.com
55(31) 99821 6887
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Desenhos baseados nas
ilustrações de Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus.
Numa cidade da antiga Pérsia viviam os irmãos Cassim e Ali Babá. Cassim era um dos comerciantes de tecidos mais ricos da cidade, mas Ali Babá vivia na pobreza e tinha de cortar lenha numa floresta para sustentar a família.
Um dia, Ali Babá estava cortando lenha
quando viu uma nuvem de poeira. Percebeu que homens a cavalo se aproximavam;
com medo que fossem bandidos, subiu numa árvore, junto a um grande rochedo, e
se escondeu em meio à folhagem. Do alto da árvore podia ver tudo sem ser visto.
Chegaram quarenta homens muito fortes e bem armados de espadas. Ali Babá
concluiu que eram ladrões. Os homens desapearam dos cavalos e puseram no chão
sacos pesados. O que parecia ser o chefe, aproximou-se da rocha e disse:
“Abra-te, Sésamo!”
Assim que essas palavras foram
pronunciadas, abriu-se uma porta na caverna. Todos passaram por ela, entraram
na caverna, e a porta se fechou novamente. Depois de muito tempo, a passagem da
caverna voltou a se abrir, e por ela saíram os quarenta ladrões. Quando todos
estavam fora, o chefe disse: “Feche-te, Sésamo!”
Ali Babá seguiu os bandidos com os
olhos até desaparecerem. Quando se viu em segurança, desceu da árvore,
dirigiu-se à rocha e disse: “Abra-te, Sésamo!” A porta se abriu e Ali Babá
ficou sem palavras diante do que seus olhos viram: uma grande caverna cheia dos
tecidos mais finos, tapetes belíssimos, joias esplêndidas e uma enorme
quantidade de sacos de moedas de ouro e prata.
Ali Babá entrou com os três burros que
costumava levar quando ia cortar lenha carregou os animais com sacos de moedas
de ouro e joias e voltou para casa. Contou à esposa tudo o que acontecera,
recomendando-lhe que mantivesse segredo absoluto. Quando Ali Babá falou em
esconder as moedas num buraco, a mulher disse: “Boa ideia, mas antes quero
contar quantas moedas de ouro temos. Vou pedir um medidor ao vizinho, enquanto
você cava o buraco.”
O vizinho era Cassim. Sua mulher achou
estranho e, para descobrir o que Ali Baba precisava medir, melecou o medidor
com cola. A esposa de Ali Baba devolveu o medidor sem perceber que uma moeda de
ouro ficara colada. Quando Cassim chegou em casa, a mulher lhe disse: “Você
pensa que é rico, Cassim, mas Ali Babá, seu irmão, tem que medir ouro com
medidor!”
Cassim foi até a casa do irmão e
ameaçou denunciá-lo à polícia, se ele não lhe contasse tudo. Ali Babá, então,
contou. Na manhã seguinte, bem cedo, Cassim dirigiu-se à caverna sozinho, com
dez burros, disposto a voltar carregado de ouro. Ao chegar à porta do rochedo,
disse: “Abra-te, Sésamo!” Que surpresa e contentamento ele sentiu ao ver
tesouros que ele nem em sonho poderia imaginar! Carregou os burros de tudo o
que podiam levar e ficou tão extasiado que, ao sair, disse: “Abra-te, Cevada!”
A porta continuou fechada. Cassim se deu conta que esquecera a palavra mágica
para abrir a passagem. Apavorado, tentou outras frases, mas não conseguia
acertar! E ficou preso lá dentro da caverna. Por volta do meio-dia, os ladrões,
pronunciaram as palavras mágicas e entraram. Imediatamente mataram Cassim e,
para que ninguém ousasse se aproximar novamente, cortaram o corpo em quatro
partes e o deixaram pendurado lá dentro.
A esposa de Cássim ficou muito
preocupada quando viu cair a noite sem que seu marido regressasse. Foi à casa
do cunhado e expressou seus temores. Ali Babá, suspeitando de que algo grave
acontecera, foi para a caverna. Quase desmaiou quando viu o corpo do irmão
cortado em pedaços. Recolheu-os em dois sacos e voltou para a cidade com a
intenção de sepultá-los. Os ladrões ficaram espantados ao retornar à caverna e
não avistarem o corpo. Disse o chefe: “Precisamos dar um jeito nisso, ou
perderemos todas as nossas riquezas. O corpo desaparecido mostra que duas
pessoas conseguiram descobrir nosso segredo: liquidamos uma delas, agora
precisamos acabar com a outra.” Um dos ladrões foi à cidade, com a missão de
descobrir quem era a pessoa que sabia do segredo.
Havia um sapateiro na cidade, muito
trabalhador e querido, chamado Mustafá. Ali Babá o encarregara de costurar o
corpo do irmão Cássim para o enterrar com decência. Por uma infeliz
coincidência, foi justamente esse sapateiro que o ladrão primeiramente viu ao
chegar à cidade de manhãzinha, pois a loja do sapateiro era a única aberta
àquela hora. O ladrão o cumprimentou e disse: “O senhor começa seu trabalho
muito cedo! Na sua idade, não sei como consegue enxergar para costurar esses
sapatos!” Mustafá respondeu: “Apesar de velho, meus olhos são muito bons. Há
pouco costurei um morto num lugar que tinha menos luz que esta minha loja!” O
ladrão deu duas moedas de ouro na mão do sapateiro, rogando-lhe que dissesse
onde ficava a casa em que ele costurara o morto. Mustafá levou o ladrão até a
frente da casa de Cássim, que agora pertencia a Ali Babá. O ladrão pegou um
pedaço de giz, fez uma cruz na porta e foi-se embora
A esposa de Cássim tinha uma empregada
muito bonita e esperta, chamada Morjana. A moça, ao sair da casa, notou o sinal
e desconfiou de alguma tramoia. Pegou um pedaço de giz e marcou com o mesmo
sinal três portas à direita e mais três à esquerda. Quando os ladrões chegaram,
não souberam dizer qual era a porta certa. O chefe resolveu ele mesmo se
encarregar da missão. Foi à cidade, encontrou Mustafá o sapateiro, mas diante
da casa de Ali Babá limitou-se a observá-la cuidadosamente, examinando cada
detalhe que a distinguia das outras. Mandou comprar grandes tambores para
guardar azeite. Encheu de azeite apenas um deles. Seus homens entraram nos
outros, fortemente armados. Em cada tambor, havia pequenos buracos para que
pudessem respirar.
O chefe chegou à casa de Ali Babá.
“Venho de muito longe e vim à cidade para vender meu azeite. Eu preciso dar
algum descanso para as minhas mulas. O senhor não poderia me abrigar em sua
casa só por esta noite?” Ali Babá aceitou amigavelmente, jantaram e se
recolheram. Os tambores foram descarregados das mulas. Morjana estava cuidando
do serviço de casa quando, de repente, as lâmpadas se apagaram. Não havia mais
azeite na casa. Sabendo que o hospede trazia azeite, Morjana resolveu pegar um
pouco num dos tambores. Aproximou-se de um barril e ouviu o ladrão que estava
escondido dentro dele perguntar, baixinho, pensando que era o chefe: “Já está
na hora?” Assustada, Morjana percebeu que em vez de azeite aqueles tambores
escondiam bandidos perigosos. Criou coragem e, imitando a voz do chefe, disse:
“Ainda não é hora. Tenha paciência." Morjana foi de tambor em tambor,
dando sempre a mesma resposta. O último tambor continha azeite de verdade.
Morjana encheu um jarro. Numa grande panela ferveu azeite. Depois, indo de
tambor em tambor, derramou o líquido fervente sobre cada bandido, matando-os
todos.
À meia-noite, o chefe se levantou da
cama e foi chamar seus homens. Sentindo cheiro de carne queimada, abriu os
tambores, mas só encontrou cadáveres. Temendo pela própria vida, fugiu
correndo. Disposto a se vingar de qualquer maneira, arquitetou um plano. Fez-se
passar por um comerciante e tornou-se amigo do filho de Ali Baba. Um dia, Ali
Babá se encarregou de preparar um grande banquete para o amigo do filho.
Morjana, que servia à mesa, reconheceu o chefe dos ladrões e soube que desejava
atacar seu patrão. Ela se vestiu de dançarina, colocou um punhal no cinto e
cobriu o rosto com um véu. Chamou um músico e os dois entraram na sala do
banquete, pedindo permissão para se apresentarem.
O hóspede fingiu estar encantado com
aquela proposta. O músico pôs-se a tocar e Morjana a dançar com passos e
movimentos delicados. Depois, a dançarina passou para um novo tipo de dança,
tomando do punhal. Aproximou-se do bandido e cravou o punhal em seu coração.
Então, contou ao patrão o que descobrira. Mais uma vez, Ali Baba fora salvo
pela empregada. Agradecido, disse: “Você me salvou por duas vezes; agora eu lhe
darei muito ouro. Mais: em recompensa por sua lealdade, você será minha nora.”
Março - Frozen
Frozen
Bordado por: Débora Magnólia
Conto: Frozen
Autor: Jennifer
Lee
Desenho: Graziela
Magnólia
Contato: magnolia4652@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Elsa e Anna são filhas do rei de um
pequeno reinado, chamado Arendelle. Elsa, a mais velha, possui poderes mágicos:
criar gelo, geada e neve com suas próprias mãos. Um dia ela fere acidentalmente
a irmã.
A pequena Anna tem o acidente apagado
de sua mente e Elsa é instruída a nunca exibir seus poderes. Os anos seguintes
são de solidão e separação. As princesas ficam isoladas, trancadas no castelo.
Anna não entende por que Elsa, de repente, para de brincar e falar com ela e
fica escondida em seu quarto. Quando as princesas são adolescentes, seus pais
morrem num naufrágio.
Quando Elsa completa vinte e um anos,
o reino se prepara para sua coroação. As portas do castelo são abertas para o
povo e a princesa Anna explora a cidade. Ela conhece o príncipe Hans das Ilhas
do Sul, a atração é mútua. Durante a recepção da coroação, Hans pede Anna em
casamento, mas Elsa se recusa a conceder a sua bênção e proíbe a união. Na
discussão com a irmã, Elsa solta seus poderes especiais e, em pânico, foge do
castelo, sem saber que causou a chegada de um inverno sem fim em Arendelle. No
alto das montanhas próximas, ela constrói um palácio de gelo onde decide viver
solitária, com seu boneco de neve Olaf.
Anna sai em busca de sua irmã,
determinada a levá-la de volta, porque só ela pode acabar com o inverno. Ao
revê-la, Elsa se assusta e acidentalmente congela o coração de Ana, que só
poderá ser salva por um ato de amor verdadeiro. Procuram o príncipe Hans, para
que este lhe dê o beijo de amor. Então Hans se revela como realmente é: não ama
Anna, mas quer eliminar as irmãs para subir no trono. Numa luta, Anna salva a
vida de Elsa e este ato de amor verdadeiro restaura seu coração.
Abril - O Pássaro de Fogo de Cariacica
O Pássaro de Fogo de Cariacica
Bordado por: Isabelle Marie Reinesch Souza
Conto: O
Pássaro de Fogo de Cariacica
Autor: Lenda
Brasileira
Desenho: Murilo
Pagani
Contato: isabelle.rsch@hotmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Segundo a lenda, onde hoje
ficam as cidades de Cariacica e Serra, vivam duas tribos rivais. O chefe da
tribo que habitava Cariacica teve uma filha lindíssima, esta princesa veio a se
apaixonar por um valente guerreiro da tribo rival.
Dos céus, uma ave
fantástica via o sofrimento do casal e seu amor proibido, decido a ajudar, o
enorme pássaro levava princesa índia até o encontro de seu amado, mas mesmo com
a ajuda sobrenatural, os jovens foram descobertos.
O chefe da tribo irado
pediu a um poderoso xamã que fizesse um feitiço para que os amantes jamais se
encontrassem de novo, o velho curandeiro implorou aos deuses tal provisão e os
deuses foram extremamente severos, eles prenderam os jovens amantes em prisões
de pedra, transformando a princesa no Monte Moxuara e o guerreiro no Monte
Mestre Álvaro, condenados a estar um de frente ao outro pela eternidade, mas
sem se tocarem ou se falarem.
Maio - A Fada das Ervas Medicinais
A Fada das Ervas Medicinais
Bordado por: Silvania Araújo
Conto: A Fada das Ervas Medicinais
Autor: Conto Chinês
Desenho: Murilo Pagani
Contato: silvaniamar@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Desenhos baseados nas ilustrações de
Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus.
No seio das montanhas, vive a fada das ervas
medicinais, chamada Abelha, que reina sobre todas as plantas das montanhas. A
fada, que canta maravilhosamente, nunca recusa ajuda aos pobres que colhem
essas ervas, mas que também, muitas vezes, castiga os gananciosos e os
invejosos.
A fada era criada na corte real, dominada por um
rei rico e cruel. Abelha não o temia, quando não tinha vontade de fazer chá,
não o fazia. Mas, seu chá e doces eram incomparáveis, por isso, estava sob a
proteção particular do rei. Ela andava pelo palácio com seu vestido de burel,
tecido grosseiro, e uma flor nos cabelos e sua beleza irradiava, apesar de não
ser atraída pelas distrações da corte. Abelha preferia a solidão das montanhas.
Alegrava-se com o canto dos pássaros e das cigarras, e colhia ervas. Usava-as
para tratar dos pobres e dos animais doentes.
Após um período de boas colheitas, o vento soprou
espalhando uma terrível doença que matou velhos e crianças. O rei temendo o
pior para si e seu circulo mandou fechar as portas da cidade. Nem mesmo os
pássaros podiam sobrevoar o palácio.
Para partir da cidade, Abelha utilizou uma tina,
enfeitou-a de flores e saiu flutuando por um canal que ia dar num rio de águas
profundas. A jovem logo avistou a montanha, coberta de flores. Aproximou-se da
margem, pulou na beira do rio, e passou a colher as flores, enchendo seu
cesto.
De repente, uma maravilhosa garça-real branca
desceu das grandes nuvens, pousou em um rochedo, transformando-se em um cervo,
que saltou em sua direção e desmaiou. No seu lugar estava um moço, o Espírito
das ervas que vivia nas montanhas, conhecedor das ervas raras. Assim, os dois
subiram as encostas das montanhas, até o cume, onde contemplaram um mar de
nuvens brancas. As ervas raras florescem
apenas uma vez por ano e, algumas, só abrem a cada sete anos. Abelha colheu as
ervas raras para curar as pessoas da peste e prometeu retornar para junto do
Espírito das ervas. Assim, que curou os doentes, foi viver feliz com seu esposo
nas montanhas, onde despertavam os pássaros com seu canto. Viviam juntos na
felicidade.
Enquanto isso, o rei estava furioso com a ausência
de Abelha e procurou o feiticeiro para elaborar um plano maquiavélico. O
inverno chegou, com gelo e neve. Abelha sentia um frio terrível, nada conseguia
aquecê-la. O Espírito das ervas comprou um casaco de peles do feiticeiro do
rei. Imediatamente, ela parou de tremer, sorriu e jogou o casaco nos ombros do
marido. No mesmo instante, uma enorme pedra de gelo se fundiu até o vale. O
Espírito das ervas desapareceu e, no seu lugar, surgiu uma concha que rolou até
o mar e foi cair nas profundas águas. Abelha chorou dias e noites, maldizendo o
feiticeiro do rei. Seus lamentos foram ouvidos pelo Espírito, que pediu para
ela todos os anos, na primavera, no precipício, quando o vento tornar
límpida as águas, curva-se sobre elas
para vê-lo. Ela poderia ficar cuidando
das plantas nas montanhas.
Junho - A Sereiazinha
Bordado por: Malu Furtado Rocha
Conto: A Sereiazinha
Autor: Conto de Hans Christian Andersen
Desenho: Samira El Bizri Portes
Contato: malu.furtado@globo.com // 55(31)99335 1595
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Desenhos baseados nas ilustrações de
Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus.
Muito longe da terra, onde o mar é
muito azul, vivia o povo do mar. O rei desse povo, conhecido por Rei Tristão,
tinha seis filhas, todas muito bonitas, e donas das vozes mais belas de todo o
mar, porém a mais moça se destacava, com sua pele fina e delicada como uma
pétala de rosa e os olhos deslumbrantes. Todas eram sereias, não tinham pés,
mas sim uma cauda de peixe. Essa princesinha, desde criança, era a mais
interessada nas histórias sobre o mundo de cima, e desejava poder ir à
superfície; queria saber tudo sobre os navios, as cidades, as pessoas e os
animais.
Os anos se passaram...
No seu aniversário de quinze anos,
Ariel, A sereiazinha, recebeu um presente muito especial: podia subir à
superfície do mar.
Viu o céu, o sol, as nuvens... Viu
também um navio e ficou muito curiosa. Foi nadando até se aproximar da grande
embarcação. Avistou, através dos vidros das vigias, passageiros ricamente
trajados. O mais belo de todos era um jovem príncipe e a pequena sereia se
apaixonou por ele. Ficou horas admirando seu príncipe, e só despertou de seu
devaneio quando o navio foi pego de surpresa por uma tempestade e começou a
tombar. A menina viu o príncipe cair no mar e afundar, e se lembrou de que os
homens não conseguem viver dentro da água. Mergulhou na sua direção e o pegou
já desmaiado, levando-o para uma praia.
Ao amanhecer, o príncipe continuava
desacordado. A pequena sereia, vendo que um grupo de moças se aproximava,
escondeu-se atrás das pedras, ocultando o rosto entre os flocos de espuma. As
moças viram o náufrago deitado na areia e foram buscar ajuda. Quando finalmente
acordou, o príncipe não sabia como havia chegado àquela praia, e tampouco fazia
ideia de quem o havia salvado do naufrágio. Olhou para as pessoas à sua volta.
Uma delas era uma moça tão linda que o príncipe se apaixonou por ela.
A princesa sereia voltou para o
castelo muito triste e calada, e não respondia às perguntas de suas irmãs sobre
sua primeira visita à superfície. Voltou várias vezes à praia onde tinha
deixado o príncipe, mas ele nunca aparecia por lá, o que a deixava ainda mais
triste. Esperava encontrá-lo, pois estava verdadeiramente apaixonada por ele.
Mas todos lhe diziam ser impossível, um amor entre os dois, ele era humano e
ela uma sereia...
A sereiazinha suspirou, olhando
tristemente para a sua cauda de peixe e desejando ter um par de pernas em seu
lugar. Não esquecia a ideia de se tornar humana e se encontrar com o seu
amado...
Resolveu então procurar a bruxa do
mar, famosa por transformar sonhos de jovens sereias em realidade... desde que
elas pagassem um preço por isso.
A bruxa já a esperava, e foi logo
dizendo:
— Já sei o que você quer. É uma
loucura querer ter pernas, isso trará muita infelicidade a você! Mesmo assim
vou preparar uma poção, mas essa transformação será dolorosa. Cada passo que
você der será como se estivesse pisando em facas afiadas, e a dor a fará pensar
que seus pés foram dilacerados. Você está disposta a suportar tamanho
sofrimento?
— Sim, estou pronta! — disse a pequena
sereia, pensando no príncipe e na sua alma imortal.
— Pense bem, menina. Depois de tomar a poção você nunca mais poderá voltar à
forma de sereia... e se não conseguires casar com o príncipe, morrerás, na manhã seguinte.
A sereiazinha assentiu com a cabeça e,
sem dizer uma palavra, ficou observando a bruxa fazer a poção.
— Pronto, aqui está ela..., mas antes
de entregá-la a você, aviso que meu preço por este trabalho é alto: quero a sua
linda voz como pagamento. Você nunca mais poderá falar ou cantar...
A princesa sereia quase desistiu, mas
pensou no seu príncipe e pegou a poção que a bruxa lhe estendia e sem olhar
para o palácio onde nasceu e cresceu, soltou um beijo na sua direção e nadou
para a praia.
Assim que bebeu a poção, sentiu como
se uma espada lhe atravessasse o corpo e desmaiou. Acordou com o príncipe
observando-a. Ele a tomou docemente pela mão e a conduziu ao seu palácio. Como
a bruxa havia dito, a cada passo que a menina dava sentia como se estivesse
pisando sobre lâminas afiadíssimas, mas suportava tudo com alegria pois
finalmente estava ao lado de seu amado príncipe.
Ele estava encantado com a beleza da
moça, mas não pensava em se casar com ela, pois ainda tinha esperança de
encontrar a linda moça que ele vira na praia, após o naufrágio, e por quem se
apaixonara sem saber quem era.
Todas as noites a princesinha ia
refrescar os pés na água do mar. Nessas horas, suas irmãs se aproximavam da
praia para matar a saudade da caçulinha. Sua avó e seu pai, o rei dos mares,
também apareciam para vê-la, mesmo que de longe.
A família do príncipe queria que ele
se casasse com a filha do rei vizinho, e organizou uma viagem para
apresentá-los. O príncipe, a sereiazinha e um numeroso séquito seguiram em
viagem para o reino vizinho.
Quando o príncipe viu a princesa, não
se conteve:
— Foi você que eu vi na praia! Foi
você que me salvou! Finalmente encontrei você, minha amada! Para tristeza da
sereiazinha, a princesa também se apaixonara pelo príncipe e os dois marcaram o
casamento para o dia seguinte.
Todo o sacrifício da pequena sereia
havia sido em vão. Depois do casamento, os noivos e a comitiva voltaram de
navio para o palácio do príncipe, e a sereiazinha ficou observando o amanhecer,
esperando o primeiro raio de sol que deveria matá-la.
Viu então suas irmãs, pálidas e sem a
longa cabeleira, nadando ao lado do navio. Em suas mãos brilhava um objeto.
— Nós entregamos nossos cabelos para a
bruxa do mar em troca deste punhal. Você deve enterrá-lo no coração do
príncipe. Só assim poderá voltar a ser uma sereia novamente e escapará da
morte. Corra, você deve matá-lo antes do nascer do sol.
A sereiazinha pegou o punhal e foi até
o quarto do príncipe. Mas, ao vê-lo dormir, não teve coragem de matá-lo.
Caminhou lentamente até a murada do navio, mergulhou no mar azul e, ao
confundir-se com as ondas, sentiu que seu corpo ia se diluindo em espuma.
Ainda que tudo parecesse perdido, a sereia não
morreu. Ela tornou-se uma deusa dos mares, protegendo os casais apaixonados!
Julho - O Dia dos Mortos
O Dia dos Mortos
Bordado por: Valeria Inês Pimenta
Conto: O Dia dos Mortos
Autor: Lenda Mexicana
Desenho: Murilo Pagani
Contato: @valeriainez
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
A única certeza que todos os homens e mitologias sempre dividiram é
a Morte. Causadora de tantos medos, ela é encarada de forma bem
diferente dependendo da sua localização geográfica. Em muitos países, é motivo
de choro e luto demorado. Em outros, os doentes e idosos fazem de tudo para
morrer em determinado lugar. E existem os países que encaram a morte de frente.
E com festa!
O Día
de Los Muertos comemora as vidas dos ancestrais, que nessa época
voltam do outro mundo para visitar os vivos. Os povos indígenas mesoamericanos
– há relatos da celebração em povos náuatles (astecas), maias, tarascanos e
totonacas há, no mínimo, três mil anos – tinham cerca de um mês inteiro
dedicado aos mortos: o nono do calendário asteca, equivalente ao nosso agosto.
Na era pré-hispânica era comum a prática de conservar os crânios como troféus,
e mostrá-los durante os rituais que celebravam a morte e o renascimento. As festividades
eram presididas pela deusa Mictecacihuatl, a Dama de la Muerte,
esposa de Mictlantecuhtli, senhor do reino dos mortos.
Segundo a crença popular, neste dia os mortos têm permissão divina para
visitar seus parentes vivos. As ruas e as casa são enfeitadas com flores, velas
e incensos. As tumbas são decoradas e os vivos levam oferendas aos mortos. As
famílias preparam verdadeiros banquetes, as pessoas se enfeitam de fantasias e
máscaras (a maioria como caveiras coloridas) e as crianças se divertem. Nos
cemitérios. De noite. E com os mortos.
Entre
oferendas e decorações, um arco de flores simboliza a passagem usada pelos
espíritos.
.
Agosto - O Livro da Selva
Bordado por: Marie-Thérèse
Pfyffer
Conto: O
Livro da Selva
Autor: Rudyard
Kipling
Desenho: Marie-Thérèse
Pfyffer
Contato: @duo_leones
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
“Mowgli amava mais do que
qualquer outra coisa acompanhar Bagheera no coração quente e escuro da
floresta, dormir durante o dia moroso e, à noite, ver a pantera-negra caçar.”
Os Livros da Selva. Rudyard
Kipling. Clássicos Zahar, 2016
Setembro - O Mito de Pandora
O Mito de Pandora
Bordado por: Ilka Finotti Wutke
Conto: O
Mito de Pandora
Autor: Mito
Grego
Desenho: Neemyas
Rocha
Contato: ilkafinottiw@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Em tempos muito, muito longínquos, não
existiam mulheres no mundo, apenas homens, que viviam sem envelhecer, sem
sofrimento, sem cansaço. Quando chegava a hora de morrerem, faziam-no em paz,
como se simplesmente adormecessem.
Mas um dia, Prometeu (cujo nome
significa ‘o que pensa antecipadamente’, isto é, Previdente) roubou o fogo a
que só os deuses tinham acesso e deu-o aos homens, para que também eles
pudessem usufruir desse bem, na defesa contra os animais ferozes, na confeção
dos alimentos, na garantia de aquecimento nas noites frias.
Ora, o rei dos deuses não podia deixar
passar em branco a afronta de Prometeu e concebeu um castigo terrível para a
humanidade.
Mandou então que, com a ajuda de
Atena, Hefesto, o deus ferreiro, criasse a primeira mulher, Pandora, que
significa (‘todos os dons’), e cada um dos deuses dotou-a com uma das suas
características: Afrodite deu-lhe beleza e poder da sedução; Atena fê-la arguta
e concedeu-lhe a habilidade dos lavores femininos; mas Hermes deu-lhe a
capacidade de mentir e de enganar os outros.
Zeus ofereceu-a então de presente a
Epimeteu, que era irmão de Prometeu. O seu nome significava exatamente o
contrário do do irmão, pois Epimeteu quer dizer ‘o que pensa depois’, isto é, Irrefletido.
E, de facto, sem pensar duas vezes e contrariando a advertência do irmão, que
lhe dissera que nunca aceitasse nenhum presente vindo de Zeus, ele deixou-se
seduzir pela bela Pandora e casou-se com ela.
Pandora trazia consigo um presente dado
pelo pai dos deuses: uma jarra (a’ caixa de Pandora’), bem fechada, que estava
proibida de abrir. Mas, roída pela curiosidade, um dia decidiu levantar só um
bocadinho da tampa, para ver o que lá se escondia. De imediato dela se
escaparam todos os males que até aí os homens não conheciam: a doença, a
guerra, a velhice, a mentira, os roubos, o ódio, o ciúme… Assustada com o que
fizera, Pandora fechou a jarra tão depressa quanto pôde, colocando-lhe de novo
a tampa. Mas era demasiado tarde: todos os males haviam invadido o mundo para
castigar os homens. Lá muito no fundo da jarra, restara apenas uma pequena e
tímida coisa, que ocupava muito pouco espaço, a esperança. Por isso se diz que
‘a esperança é a última a morrer’. De facto, com todos os males soltos no
mundo, lutando e quantas vezes vencendo os bens de que os homens gozavam, só a
esperança, bem guardada no mais fundo dos nossos corações, nos dá ânimo para
nunca desistirmos de expulsar as coisas más das nossas vidas.
Outubro - Meu Pé de Laranja Lima
Meu Pé de Laranja Lima
Bordado por: Fernanda
Amaral
Conto: Meu
Pé de Laranja Lima
Autor: José
Mauro de Vasconcelos
Desenho: Murilo
Pagani
Contato: @fernandaamaral178
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
A história de Zezé se passa em um
subúrbio modesto do Rio de Janeiro, em Bangu, na década de 1920, em uma família
muito pobre.
Zezé tem 6 anos de idade é um menino
sapeca, inteligente e cheio de imaginação. Sua família é muito pobre e, com o
pai desempregado, são obrigados a trocar a casa grande e confortável
onde moravam por uma mais modesta.
Ao chegar na casa nova, Zezé e seus
irmãos, Totoca e Godóia logo se encantam com as árvores do quintal e cada um
adota uma das árvores como “sua”: Godóia fica com uma frondosa mangueira,
Totoca com um pé de tamarindo, e Zezé, com o pequeno pé de Laranja Lima.
Na proteção desta árvore, Zezé cria
um mundo de aventuras imaginárias, onde os galhos se transforam em cavalos e
ele, um herói de faroeste, as galinhas do quintal, de repente, são animais
selvagens, que vivem no zoológico.
O pequeno Pé de Laranja Lima,
que conversa com Zezé como um irmão mais velho, carinhoso e generoso, se torna seu
grande amigo e recebe o nome de Minguinho. É ao pé desta árvore que Zezé
encontra seu refúgio quando fica de castigo pelas molecagens que faz, e junto
com Minguinho vai descobrindo as ternuras e os encantamentos da vida.
A história deste livro, retrata,
com delicadeza, a infância de Zezé, suas tristezas e alegrias, e o nascimento
das amizades com Portuga, e Minguinho, até que precise mudar novamente, quando
seu pai consegue emprego como gerente de uma Fábrica em outra cidade.
“O meu pé de laranja lima”. José
Mauro de Vasconcelos.
Editora Melhoramentos – 1980
Novembro - Guarüguá – O Peixe-Boi dos Maraguá
Guarüguá – O Peixe-Boi dos Maraguá
Bordado por: Celma C.
R. Villela
Conto: Guarüguá
– O Peixe-Boi dos Maraguá
Autor: Yaguarê
Yamã e Lia Minápoty
Desenho: Celma
C. R. Villela
Contato: villelacelma@yahoo.com.br
Fotografia, arte e
produção: Henry Yu
Era um tempo de guerra entre os moradores da água e os da terra e não
existia ainda o peixe-boi; foi quando Monãg, o Deus do bem decidiu buscar a
paz!
Ele ordenou a Guaporé, filho mais velho do Piraruku que fosse à
superfície, se transformasse em gente e seduzisse a filha de Tabaguá, Tuxana
dos Maraguá.
Assim se deu. Naquela noite a aldeia estava em festa. Era tempo de
Panãbypiá se casar e ela deveria escolher um dos jovens. Ela viu Guaporé e se
apaixonou por ele, mas não poderia escolhê-lo porque era um desconhecido.
Então, a moça apontou para um rapaz qualquer da aldeia e se casou com
ele. Terminada a festa foi só até o rio se banhar e se deparou com Guaporé que
se aproximou, a abraçou e ficaram juntos até a manhã seguinte.
Não soube explicar ao marido o que aconteceu e envergonhada se trancou
em casa, reaparecendo prestes a ter um filho, correu e mergulhou no rio.
Enfeitiçada pelos peixes, agora é esposa de Guaporé e mãe de Guarugá, o
peixe-boi. Os Maraguá nunca mais guerrearam com os peixes.