terça-feira, 8 de outubro de 2019

Novembro

Bordado por: Celma C. R. Vilela
Conto:  A Filha da Natureza, Criadora do mundo
Autor:  Linda Finlandesa
Desenho:  Celma C. R. Vilela
Contato:  vilelacelma@yahoo.com.br
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


A Filha da Natureza, Criadora do mundo

Em todo o universo, apenas três coisas existiam: um rio, onde fluía uma mistura de possibilidades; um espaço, vazio e negro e uma garota. O rio era o poder de movimento do universo. O espaço, o poder do silêncio e a garota, Luonnotar, filha de ambos.
Vivia sozinha. Não caminhava, não corria, não fazia nada; apenas repousava na tranquilidade do espaço, observando o rio fluindo para a eternidade.
Vagava,  observava e esperava.
Certo dia sentiu o desejo e o vazio inimaginável; teve uma idéia e sentiu-a como o nascer do primeiro sol de pensamento, brilhante e forte. Então, ela agiu. Mergulhou do espaço para o rio e como nenhum ato é isento de consequências, pois tudo no universo está conectado, algo aconteceu: uma pata nadou até Luonottar e isso aconteceu porque ela se moveu mudando o eixo do universo. Seu desejo de mudanças criou um novo mundo, no qual uma pata poderia existir.
E a pata botou três ovos sobre os joelhos de Luonottar. O futuro, com todas as suas diversidades, aproximava-se e ela desejou aquele futuro. Cuidou da pata e dos ovos sobre seus joelhos. Inesperadamente, a pata mudou sua posição e os preciosos ovos rolaram para o rio cósmico e se abriram.
Maravilhas jorraram!.
As gemas se juntaram formando uma esfera amarela que se elevou brilhante no céu.
As claras formaram uma lua prateada e dos fragmentos das cascas, cintilaram e resplandeceram incontáveis estrelas. A luz surgiu. Foi mágico.
E Luonottar mergulhou no rio celestial, avistou um pedaço de lama, pegou um pouco, formou um cone e colocou-o na superfície . Ele se elevou, transformando-se em montanha. Mergulhou repetidas vezes e a cada vez criava algo novo: uma ilha, uma árvore, penínsulas, continentes, altos cumes, férteis planícies, flores, vento, rochas, animais, crianças.
No céu, inspiradas, as estrelas se uniram formando símbolos e desenhos. A lua aprendeu a mostrar suas faces; o sol, a nascer e a se por, dividindo em dia e noite o tempo sem fim.
Por fim, cansada, a Criadora sentou-se, apreciou tudo que tinha feito e soube que era bom.

Lenda da Finlândia

A Filha da Natureza, Criadora do Mundo

Longe, muito longe, no fundo do domínio aéreo de Luonnutar, ficava o mar, tambem o infinito. A moça tomou impulso e, a toda a velocidade, desceu das alturas onde vivia. Foi pousar em pleno oceano, sobre a crista da ondas. Quando soprou um vento violento, ela conheceu a tempestade e ficou muito tempo à deriva, jogada de um lado para o outro, como um barquinho frágil.
Depois,  veio a calamaria e Luonnotar sentiu dentro de si uma força nova. Soube então que estava esperando um filho, o qual só nasceria quando ela tivesse  preparado o mundo para recebê-lo.

Mas foi em vão. Estaria condenada a vagar para sempre sobre as ondas? Ficou com medo e chorou, implorando piedade ao Deus supremo , Ukko, senhor das  vastas regiões do ar.
Com os olhos ofuscados pelas lágrimas, não viu a àguia de enormes asas que voava sobre a imensidão marinha. Era uma fêmea, em busca de um lugar para constrir seu ninho. Mas, coitada, aquele mundo de água e vento não lhe oferecia nenhum abrigo,  e ela começou a distanciar-se lançando gritos muito tristes.
Luonnotar ouvi-a e, boiando de costas para melhor enxergar o pássaro, lenantou um joelho sobre as ondas. A águia mergulhou para ilhota providencial, onde logo contruiu um ninho e botou sete ovos - seis de ouro e um de ferro.
A ave chocou os ovos durante três dias. Luonnotar nem ousava mexer-se, mas ao fim do terceiro dia sentiu o joelho arder e não conseguiu permanecer imóvel. Esticou a perna e sacudiu-a. Os Ovos rolaram, cairam na água e quebraram-se. Entretanto, em vez de afundarem, os diferentes elementos que compunham  cada ovo transformaram-se, sob o olhar espantado de Luonnotar. As cascas quebradas dos ovos de ouro ficaram gigantescas. Umas subiram,  bem  leves, até as regiões mais altas do ar, onde, supensas, formaram a abóbada celeste. Outras se juntaram para formar a Terra. As gemeas tornaram-se o Sol; as claras, a Lua. Já os pedacinhos das cascas deram origems estrelas e às nuvens, confrme fossem  dos ovos de ouro ou do ovo de ferro.
Durante nove longos anos, Luonnotar continuou  à deriva. Agora, já podia distrair-se contemplando o novo mundo que a cercava. Mas acabou cansando-se outra vez, pois aquela Terra jovm era inteiramente plana e monótona. Por isso, no décimo verão, Luonnotar resolveu embelezá-la com esculturas. Para esse trabalho de artista, utilizou seu próprio corpo. Onde estendia o braço, nascia um promontório. Modelou o litoral alisando-o com os quadris ou batendo-o com a testa. Seus pés desenharam vales, e suas mãos criaramilhas e rochedos. Mergulhou no fundo do abismo marinho e escavou grutas e cavernas. Onde encostava o corpo, brotaram fontes fontes e rios.

Depois que se afastava, surgiram lagos, os quais serviam de espelho ao sol. Terminado o trabalho, Luonnotar enfim pôs no mundo o filho que trazia no ventre havia tantos anos - o herói Wainamoinen, que seria o primeiro e cultivar a Terra modelada por sua mãe.


Celma C. R. Vilela
A Filha da Natureza, Criadora do Mundo
Lenda finlandesa

https://wwwatosefatos.blogspot.com/2012/07/criacao-do-mundo-finlandia.html?m=0

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