quarta-feira, 9 de outubro de 2019


Junho

Bordado por:  Umeko Marubayashi
Conto:  Orfeu e Euridice
Autor:  Mito Grego
Desenho: Murilo Pagani 
Contato: umemaruba@yahoo.com.br 
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Orfeu e Euridice

Grande herói da Trácia, Orfeu era conhecido não pelas suas qualidades de guerreiro, mas pelas suas qualidades musicais. Filho de Apolo e da musa Calíope, recebeu do pai uma lira como presente e aprendeu a tocar com tanta dedicação e beleza, que ninguém conseguia ficar indiferente ao encanto da sua música. Tanto os seres humanos como os animais, e diz-se que até as árvores e os rochedos, se rendiam ao seu fascínio. Orfeu amava apaixonadamente a ninfa Eurídice. No dia do casamento de ambos, esteve presente Himeneu para abençoar a união, mas o fumo da sua tocha fez lacrimejar os noivos, o que não trouxe augúrios favoráveis. Pouco tempo depois, Eurídice passeava com as ninfas, quando foi surpreendida pelo pastor Aristeu, que, ao vê-la, se apaixonou perdidamente e tentou conquistá-la.
Na sua fuga, Eurídice pisou numa cobra e morreu da picada que esta lhe fez no pé. Orfeu, inconsolável, tocou e cantou aos homens e aos deuses, mas nada conseguiu. Decidiu, então, descer ao reino dos mortos para conseguir recuperar Eurídice. Perante o trono de Hades e Perséfone, Orfeu cantou o seu desgosto e o seu amor dizendo que, se não lhe devolvessem Eurídice, ele próprio ficaria ali com ela, no reino dos mortos. Todos os fantasmas que o ouviam choravam e Hades e Perséfone ficaram tão comovidos que lhe devolveram Eurídice. Mas com uma condição: Orfeu poderia levar Eurídice, mas não poderia olhá-la antes de terem alcançado o mundo superior. Caminhando na frente, Orfeu, que estava quase a chegar aos portões de Hades, com receio de ter sido enganado por Hades, virou-se para trás para confirmar se Eurídice o seguia. Esta, com os olhos cheios de lágrimas, foi levada para o mundo dos mortos, por uma força irreversível. Orfeu tentou alcançá-la, mas sem êxito.
Profundamente triste, Orfeu ficou na margem do rio, durante sete dias, sem comer nem dormir, suplicando a volta de Eurídice. Depois, vagueou triste e solitário pelo mundo, sem nunca mais querer saber de mulher alguma e repelindo todas aquelas que o tentavam seduzir, até que um dia, as mulheres da Trácia, as Mênades, enfurecidas pelo seu desprezo, o mataram. O seu corpo foi atirado ao rio Ebro e levado até à ilha de Lesbos, onde, durante muito tempo, a cabeça de Orfeu, presa numa rocha, proferia oráculos. A sua lira foi colocada num templo de Lesbos. A alma de Orfeu, no entanto, estava liberta, e tão logo se viu livre de suas perversas algozes, o poeta correu para os braços de sua Eurídice,e nunca mais deixou de contemplá-la.
Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhe concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se transformaram em silenciosos carvalhos. E assim, permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de
Orfeu, até que por fim seus troncos mortos e vazios caíram ao chão.

Umeko Marubayashi
Orfeu e Eurídice
Mito grego

Um comentário:

  1. Parabéns a todas essas mulheres apaixonadas por bordados, por seus pontos, cores, texturas, luzes e sombras, que transformam essas histórias tão significativas em presentes de saber, afeto, cuidado e amor. Que vocês sejam sempre essa fonte de inspiração para os dias presentes e vindouros. Desejo-lhes saúde, paz e bem. Obrigada por compartilharem a beleza e energia dessa arte. As fotos do Henry Yu dão vida aos bordados. Obrigada, Umeko, pelo presente especial... junho é o mês de meu aniversário! Em 2017, você também bordou junho! forte abraço e um beijo, "bem bordados". Leonor

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