quarta-feira, 9 de outubro de 2019


 Março



Bordado por:  Vani Luiza Cipriano
Conto:  Marama e o Rio dos Crocodilos
Autor:  Conto Africano
Desenho: Demóstenes Vargas
     55 (31) 3226 8207
Fotografia, arte e produção: Henry Yu

Marama e o Rio dos Crocodilos

Marama era uma menininha e, quando seus pais morreram, o chefe da tribo a entregou aos cuidados de uma das mulheres de aldeia. Mas era uma mulher má que batia na menina, não lhe dava nada para comer e só pensava em como se livrar dela. Um dia, ela deu a Marama um pilão pesado, que se usa para descascar arroz, e lhe disse:
- Vá ao rio dos Crocodilos Bama-Bá e lave este pilão para eu poder usá-lo para descascar arroz.
Marama se pôs a chorar, porque o rio era muito afastado, era muito profundo e
caudaloso, cheio de cobras e crocodilos. As pessoas tinham medo de ir até lá e só ás gazelas e os leões iam lá beber. Porém, Marama tinha tal medo de sua madrasta ruim, que pegou o pilão e foi-se embora. No caminho para a floresta ela encontrou um leão. Ele sacudiu sua juba e rosnou com uma voz terrível:
- Como você se chama e para onde você vai?
Marama estava com medo mortal, mas cantou com sua doce voz:
Marama é meu nome
E não tenho mãe...
Vou ao rio
Para lavar este pilão.
Ao rio dos Crocodilos
Minha madrasta me mandou.
Lá só vão gazelas
E leões para beber.
Lá dormem cobras e crocodilos.
- Então vá, Marama, menina sem mãe! - disse o leão. Vá e não tenha medo. Vou cuidar para que as gazelas e os leões não incomodem você quando forem beber.
Marama continuou seu caminho e, quando chegou ao rio, um crocodilo horrendo e velho surgiu na sua frente, abrindo sua enorme boca, seus grandes olhos vermelhos lhe saindo da cabeça.
- Qual é seu nome e para onde você vai? – perguntou.
Marama estava com medo mortal, mas cantou com sua doce voz:
Marama é meu nome
E não tenho mãe...
Vou ao rio
Para lavar este pilão.
Ao rio dos Crocodilos

Minha madrasta me mandou.
Lá só vão gazelas
E leões para beber.
Lá dormem cobras e crocodilos.
- Então vá, Marama, menina sem mãe! – disse o crocodilo. Lave seu pilão e não fique espantada. Vou cuidar para que as cobras e os crocodilos que vivem no rio não incomodem você.
Marama ajoelhou-se na beira do rio e começou a lavar o pilão. Mas estava tão pesado, que lhes escapou das mãos, desaparecendo na água. Marama começou a chorar, porque não podia voltar para casa sem o pilão. De repente, surgiu na água um crocodilo que lhe estendeu um novo pilão, limpinho e branquinho, incrustado de ouro e prata.
- Leve este pilão para casa, Marama, menina sem mãe, e mostre-o a toda aldeia, a fim de que todo mundo saiba que o poderoso Subara, rei do rio dos crocodilos, é seu amigo.
Marama lhe agradeceu e voltou para casa. No caminho, encontrou de novo o leão.
- Deixe-me pegar o pilão, Marama, menina sem mãe – disse ele. É pesado demais para você. Vou levá-lo até sua casa, assim todo mundo vai saber que o poderoso Subara, rei do rio dos crocodilos é seu amigo.
Quando Marama chegou em casa, a madrasta admirou muito o pilão e lhe perguntou onde o havia encontrado. Marama apenas lhe contou que o tinha encontrado no rio dos crocodilos. Então a madrasta pegou outro velho pilão de arroz, afim de também encontrar um novo, branquinho e incrustado de ouro e prata. No caminho para a floresta, encontrou-se com o leão. Meneando a juba, ele rugia com voz terrível:
- Quem é você e para onde vai?
A mulher má teve tanto medo, que não conseguiu dizer uma palavra, pôs se a correr a não mais poder. O leão a seguiu com seus olhos até ela desaparecer entre as árvores, e depois simplesmente levantou os ombros. Quando chegou ao rio, um velho, horroroso crocodilo lhe atravessou o caminho, abrindo uma enorme boca, seus olhos vermelhos e grandes lhe saindo da cabeça.
- Como você se chama e para onde vai? – perguntou.
A mulher má teve tanto medo, que não conseguiu dizer uma palavra e foi pela beira do rio. Não foi muito longe. De todos os lados, os leões e as gazelas que vinham beber no rio a cercaram, assim como as cobras e os crocodilos que viviam no rio, e todos cantavam em coro:
Marama, a menina sem mãe,
pode vir lavar
seu pilão no rio,
pois o poderoso Subara,
rei do rio,
é seu amigo.
Mas para você, mulher má,
o rio dos crocodilos
significa a morte!

E assim foi.

Vaní Luiza Cipriano
Marama e o Rio dos Crocodilos
Conto africano

In: O Quê Conta o Conto?
Jette Bonaventure. Ed. Paulus.

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