quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Maio - A Fada das Ervas Medicinais

A Fada das Ervas Medicinais

Bordado por:  Silvania Araújo

Conto:  A Fada das Ervas Medicinais

Autor:  Conto Chinês

Desenho: Murilo Pagani

Contato: silvaniamar@gmail.com

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

Desenhos baseados nas ilustrações de Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus.

 

No seio das montanhas, vive a fada das ervas medicinais, chamada Abelha, que reina sobre todas as plantas das montanhas. A fada, que canta maravilhosamente, nunca recusa ajuda aos pobres que colhem essas ervas, mas que também, muitas vezes, castiga os gananciosos e os invejosos.

A fada era criada na corte real, dominada por um rei rico e cruel. Abelha não o temia, quando não tinha vontade de fazer chá, não o fazia. Mas, seu chá e doces eram incomparáveis, por isso, estava sob a proteção particular do rei. Ela andava pelo palácio com seu vestido de burel, tecido grosseiro, e uma flor nos cabelos e sua beleza irradiava, apesar de não ser atraída pelas distrações da corte. Abelha preferia a solidão das montanhas. Alegrava-se com o canto dos pássaros e das cigarras, e colhia ervas. Usava-as para tratar dos pobres e dos animais doentes.

Após um período de boas colheitas, o vento soprou espalhando uma terrível doença que matou velhos e crianças. O rei temendo o pior para si e seu circulo mandou fechar as portas da cidade. Nem mesmo os pássaros podiam sobrevoar o palácio.

Para partir da cidade, Abelha utilizou uma tina, enfeitou-a de flores e saiu flutuando por um canal que ia dar num rio de águas profundas. A jovem logo avistou a montanha, coberta de flores. Aproximou-se da margem, pulou na beira do rio, e passou a colher as flores, enchendo seu cesto.  

De repente, uma maravilhosa garça-real branca desceu das grandes nuvens, pousou em um rochedo, transformando-se em um cervo, que saltou em sua direção e desmaiou. No seu lugar estava um moço, o Espírito das ervas que vivia nas montanhas, conhecedor das ervas raras. Assim, os dois subiram as encostas das montanhas, até o cume, onde contemplaram um mar de nuvens brancas.  As ervas raras florescem apenas uma vez por ano e, algumas, só abrem a cada sete anos. Abelha colheu as ervas raras para curar as pessoas da peste e prometeu retornar para junto do Espírito das ervas. Assim, que curou os doentes, foi viver feliz com seu esposo nas montanhas, onde despertavam os pássaros com seu canto. Viviam juntos na felicidade.

Enquanto isso, o rei estava furioso com a ausência de Abelha e procurou o feiticeiro para elaborar um plano maquiavélico. O inverno chegou, com gelo e neve. Abelha sentia um frio terrível, nada conseguia aquecê-la. O Espírito das ervas comprou um casaco de peles do feiticeiro do rei. Imediatamente, ela parou de tremer, sorriu e jogou o casaco nos ombros do marido. No mesmo instante, uma enorme pedra de gelo se fundiu até o vale. O Espírito das ervas desapareceu e, no seu lugar, surgiu uma concha que rolou até o mar e foi cair nas profundas águas. Abelha chorou dias e noites, maldizendo o feiticeiro do rei. Seus lamentos foram ouvidos pelo Espírito, que pediu para ela todos os anos, na primavera, no precipício, quando o vento tornar límpida  as águas, curva-se sobre elas para vê-lo. Ela poderia ficar  cuidando das plantas nas montanhas.

Abelha concordou, mas, antes, foi levar ao rei uma flor que garantia a juventude eterna. O rei logo comeu a flor, mas nenhuma palavra lhe saía a boca. O rei cruel ficou mudo. Depois disso, ninguém mais viu Abelha. Dizem que viram uma garça-real branca no horizonte, voando, com um longo lamento, em direção às montanhas selvagens. Dizem, que desde então, Abelha vive na montanha miraculosa e se tornou a Fada das ervas medicinais.

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