quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Fevereiro - Ali Babá e os Quarenta Ladrões

Ali Babá e os Quarenta Ladrões

Bordado por:  Eleonora de Fátima Andrade

Conto:  Ali Babá e os Quarenta Ladrões

Autor:  Conto das Mil e Uma Noites

Desenho: Murilo Pagani

Contato: eleonora.andrade@hotmail.com

55(31) 99821 6887

Fotografia, arte e produção: Henry Yu   

Desenhos baseados nas ilustrações de Veruschka Guerra, de livros de contos da Editora Paulus.

 Numa cidade da antiga Pérsia viviam os irmãos Cassim e Ali Babá. Cassim era um dos comerciantes de tecidos mais ricos da cidade, mas Ali Babá vivia na pobreza e tinha de cortar lenha numa floresta para sustentar a família.

    

Um dia, Ali Babá estava cortando lenha quando viu uma nuvem de poeira. Percebeu que homens a cavalo se aproximavam; com medo que fossem bandidos, subiu numa árvore, junto a um grande rochedo, e se escondeu em meio à folhagem. Do alto da árvore podia ver tudo sem ser visto. Chegaram quarenta homens muito fortes e bem armados de espadas. Ali Babá concluiu que eram ladrões. Os homens desapearam dos cavalos e puseram no chão sacos pesados. O que parecia ser o chefe, aproximou-se da rocha e disse: “Abra-te, Sésamo!”

   

Assim que essas palavras foram pronunciadas, abriu-se uma porta na caverna. Todos passaram por ela, entraram na caverna, e a porta se fechou novamente. Depois de muito tempo, a passagem da caverna voltou a se abrir, e por ela saíram os quarenta ladrões. Quando todos estavam fora, o chefe disse: “Feche-te, Sésamo!”

 

Ali Babá seguiu os bandidos com os olhos até desaparecerem. Quando se viu em segurança, desceu da árvore, dirigiu-se à rocha e disse: “Abra-te, Sésamo!” A porta se abriu e Ali Babá ficou sem palavras diante do que seus olhos viram: uma grande caverna cheia dos tecidos mais finos, tapetes belíssimos, joias esplêndidas e uma enorme quantidade de sacos de moedas de ouro e prata.

    

Ali Babá entrou com os três burros que costumava levar quando ia cortar lenha carregou os animais com sacos de moedas de ouro e joias e voltou para casa. Contou à esposa tudo o que acontecera, recomendando-lhe que mantivesse segredo absoluto. Quando Ali Babá falou em esconder as moedas num buraco, a mulher disse: “Boa ideia, mas antes quero contar quantas moedas de ouro temos. Vou pedir um medidor ao vizinho, enquanto você cava o buraco.”

 

O vizinho era Cassim. Sua mulher achou estranho e, para descobrir o que Ali Baba precisava medir, melecou o medidor com cola. A esposa de Ali Baba devolveu o medidor sem perceber que uma moeda de ouro ficara colada. Quando Cassim chegou em casa, a mulher lhe disse: “Você pensa que é rico, Cassim, mas Ali Babá, seu irmão, tem que medir ouro com medidor!”

 

Cassim foi até a casa do irmão e ameaçou denunciá-lo à polícia, se ele não lhe contasse tudo. Ali Babá, então, contou. Na manhã seguinte, bem cedo, Cassim dirigiu-se à caverna sozinho, com dez burros, disposto a voltar carregado de ouro. Ao chegar à porta do rochedo, disse: “Abra-te, Sésamo!” Que surpresa e contentamento ele sentiu ao ver tesouros que ele nem em sonho poderia imaginar! Carregou os burros de tudo o que podiam levar e ficou tão extasiado que, ao sair, disse: “Abra-te, Cevada!” A porta continuou fechada. Cassim se deu conta que esquecera a palavra mágica para abrir a passagem. Apavorado, tentou outras frases, mas não conseguia acertar! E ficou preso lá dentro da caverna. Por volta do meio-dia, os ladrões, pronunciaram as palavras mágicas e entraram. Imediatamente mataram Cassim e, para que ninguém ousasse se aproximar novamente, cortaram o corpo em quatro partes e o deixaram pendurado lá dentro.

 

A esposa de Cássim ficou muito preocupada quando viu cair a noite sem que seu marido regressasse. Foi à casa do cunhado e expressou seus temores. Ali Babá, suspeitando de que algo grave acontecera, foi para a caverna. Quase desmaiou quando viu o corpo do irmão cortado em pedaços. Recolheu-os em dois sacos e voltou para a cidade com a intenção de sepultá-los. Os ladrões ficaram espantados ao retornar à caverna e não avistarem o corpo. Disse o chefe: “Precisamos dar um jeito nisso, ou perderemos todas as nossas riquezas. O corpo desaparecido mostra que duas pessoas conseguiram descobrir nosso segredo: liquidamos uma delas, agora precisamos acabar com a outra.” Um dos ladrões foi à cidade, com a missão de descobrir quem era a pessoa que sabia do segredo.

 

Havia um sapateiro na cidade, muito trabalhador e querido, chamado Mustafá. Ali Babá o encarregara de costurar o corpo do irmão Cássim para o enterrar com decência. Por uma infeliz coincidência, foi justamente esse sapateiro que o ladrão primeiramente viu ao chegar à cidade de manhãzinha, pois a loja do sapateiro era a única aberta àquela hora. O ladrão o cumprimentou e disse: “O senhor começa seu trabalho muito cedo! Na sua idade, não sei como consegue enxergar para costurar esses sapatos!” Mustafá respondeu: “Apesar de velho, meus olhos são muito bons. Há pouco costurei um morto num lugar que tinha menos luz que esta minha loja!” O ladrão deu duas moedas de ouro na mão do sapateiro, rogando-lhe que dissesse onde ficava a casa em que ele costurara o morto. Mustafá levou o ladrão até a frente da casa de Cássim, que agora pertencia a Ali Babá. O ladrão pegou um pedaço de giz, fez uma cruz na porta e foi-se embora

 

A esposa de Cássim tinha uma empregada muito bonita e esperta, chamada Morjana. A moça, ao sair da casa, notou o sinal e desconfiou de alguma tramoia. Pegou um pedaço de giz e marcou com o mesmo sinal três portas à direita e mais três à esquerda. Quando os ladrões chegaram, não souberam dizer qual era a porta certa. O chefe resolveu ele mesmo se encarregar da missão. Foi à cidade, encontrou Mustafá o sapateiro, mas diante da casa de Ali Babá limitou-se a observá-la cuidadosamente, examinando cada detalhe que a distinguia das outras. Mandou comprar grandes tambores para guardar azeite. Encheu de azeite apenas um deles. Seus homens entraram nos outros, fortemente armados. Em cada tambor, havia pequenos buracos para que pudessem respirar.

 

O chefe chegou à casa de Ali Babá. “Venho de muito longe e vim à cidade para vender meu azeite. Eu preciso dar algum descanso para as minhas mulas. O senhor não poderia me abrigar em sua casa só por esta noite?” Ali Babá aceitou amigavelmente, jantaram e se recolheram. Os tambores foram descarregados das mulas. Morjana estava cuidando do serviço de casa quando, de repente, as lâmpadas se apagaram. Não havia mais azeite na casa. Sabendo que o hospede trazia azeite, Morjana resolveu pegar um pouco num dos tambores. Aproximou-se de um barril e ouviu o ladrão que estava escondido dentro dele perguntar, baixinho, pensando que era o chefe: “Já está na hora?” Assustada, Morjana percebeu que em vez de azeite aqueles tambores escondiam bandidos perigosos. Criou coragem e, imitando a voz do chefe, disse: “Ainda não é hora. Tenha paciência." Morjana foi de tambor em tambor, dando sempre a mesma resposta. O último tambor continha azeite de verdade. Morjana encheu um jarro. Numa grande panela ferveu azeite. Depois, indo de tambor em tambor, derramou o líquido fervente sobre cada bandido, matando-os todos.

 

À meia-noite, o chefe se levantou da cama e foi chamar seus homens. Sentindo cheiro de carne queimada, abriu os tambores, mas só encontrou cadáveres. Temendo pela própria vida, fugiu correndo. Disposto a se vingar de qualquer maneira, arquitetou um plano. Fez-se passar por um comerciante e tornou-se amigo do filho de Ali Baba. Um dia, Ali Babá se encarregou de preparar um grande banquete para o amigo do filho. Morjana, que servia à mesa, reconheceu o chefe dos ladrões e soube que desejava atacar seu patrão. Ela se vestiu de dançarina, colocou um punhal no cinto e cobriu o rosto com um véu. Chamou um músico e os dois entraram na sala do banquete, pedindo permissão para se apresentarem.

 

O hóspede fingiu estar encantado com aquela proposta. O músico pôs-se a tocar e Morjana a dançar com passos e movimentos delicados. Depois, a dançarina passou para um novo tipo de dança, tomando do punhal. Aproximou-se do bandido e cravou o punhal em seu coração. Então, contou ao patrão o que descobrira. Mais uma vez, Ali Baba fora salvo pela empregada. Agradecido, disse: “Você me salvou por duas vezes; agora eu lhe darei muito ouro. Mais: em recompensa por sua lealdade, você será minha nora.”

 

Com o passar do tempo, Ali Babá contou o segredo da caverna a seu filho e depois a seus netos. Graças àquele tesouro, Ali Babá se tornou um homem respeitado e honrado na sua cidade.

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