Bordado por: Umeko Marubayashi
(Lenda Indígena)
Mara era uma jovem índia, filha
de um cacique e vivia sonhando com o amor e um casamento feliz. Em noites
quentes, enquanto todos dormiam, deitava se na rede e ficava a contemplar a
lua, alimentando o seu desejo de tornar se esposa e mãe. Porém, na tribo não
havia jovem algum a quem daria o seu coração.
Certa noite, Mara adormeceu na
rede e teve um sonho estranho: um jovem loiro e belo descia da lua e dizia que
a amava. O sonho repetiu-se muitas vezes e ela acabou por apaixonar-se. O
jovem, depois de haver lhe conquistado o coração, desapareceu de seus sonhos
como por encanto deixando-a mergulhada em profunda tristeza.
Passado algum tempo, a filha do
cacique, embora virgem, percebeu que esperava um filho. Contou a seus pais o
que lhe sucedera: a mãe deu-lhe o seu apoio mas o severo pai, não acreditando
no que ouvira, passou a desprezá-la..
Passado algum tempo, Mara deu à
luz a uma linda menina de pele muito alva e deram-lhe o nome de Mandi. Pouco
depois, a menina adoeceu e acabou falecendo, deixando todos amargurados, exceto
seu avô que nunca a aceitara. Mara sepultou a filha em sua oca por não querer
se separar dela. Desconsolada, chorava todos os dias, deixando cair na sepultura
o leite de seus peitos e as lágrimas de saudades; talvez assim, pensava, sua
filha voltaria à vida.
Um dia perceberam que do túmulo
da Mandi, rompia uma planta verde e viçosa e crescia com caules fortes fazendo
a terra rachar ao seu redor. Mara pensou que, talvez, o corpo da filha
desejasse sair dali. Resolveu então remover a terra, encontrando apenas raízes
de casca marrom que descascadas eram muito brancas, como Mandi.
Naquela mesma noite, o jovem
loiro apareceu em sonho ao cacique revelando a razão do nascimento da Mandi.
Sua filha não mentira. A criança havia vindo à Terra para ter seu corpo
transformado no principal alimento indígena. O jovem ensinou-lhe como preparar
e cultivar o vegetal. No dia seguinte, o cacique reuniu toda a tribo e, abraçando
a filha, contou a todos o que acontecera. O novo alimento recebeu o nome de
MANDIOCA, pois Mani fora sepultada na oca.
De “Lendas e Mitos dos Índios
Brasileiros”
Walde-Mar de Andrade e Silva
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