terça-feira, 24 de dezembro de 2013

AS DOZE PRINCESAS E OS SAPATINHOS DE BAILE

Bordado por: Marie-Thérèse Pfyffer

Era uma vez um rei que tinha doze filhas muito lindas. Dormiam em doze camas, todas no mesmo quarto e, quando iam para a cama, as portas eram trancadas. Todas as manhãs, porém, os seus sapatos tinham as solas gastas, como se tivessem dançado com eles toda a noite, mas ninguém descobria como isso tinha acontecido.
Então, o rei fez saber por todo o país, que se alguém pudesse descobrir onde é que as princesas iam dançar à noite, ele casaria com aquela de quem mais gostasse e seria rei, depois dele morrer. Mas quem tentasse descobrir, e ao fim de três dias e três noites não conseguisse, seria morto.
Apresentou-se logo o filho de um rei. Foi muito bem recebido e à noite levaram-no para o quarto ao lado daquele onde dormiam as princesas. Para que nada se passasse sem ele ouvir, deixaram-lhe a porta do quarto aberta. Mas o rapaz em pouco tempo adormeceu e, quando acordou de manhã, viu que as princesas tinham dançado de noite, porque as solas dos sapatos delas estavam cheias de furos. O mesmo aconteceu nas duas noites seguintes e o rei ordenou que lhe cortassem a cabeça. Depois dele vieram muitos outros, mas nenhum deles teve melhor sorte, e todos perderam a vida da mesma maneira.
Aconteceu que um pobre soldado atravessava o país onde esse rei reinava. Na floresta encontrou uma velha, que lhe perguntou para onde ele ia.
- Não sei bem, mas até queria descobrir onde é que as princesas dançam, e assim vir a ser rei.
- Bem, isso não custa muito. Basta que tenha cuidado, e não beba nada do vinho que uma das princesas lhe trará à noite. E deve fingir que está pegando no sono.
A seguir a velha deu-lhe uma capa, e disse:
- Logo que vestir essa capa, você se tornará invisível, aí poderá seguir as princesas para onde quer que elas forem.
O soldado ouviu esses bons conselhos e foi se apresentar diante do rei, que deu ordem para que lhe fossem dadas ricas vestes para ele trajar. Quando veio a noite, conduziram-no até o quarto perto do das princesas.
Na hora de deitar-se, a mais velha das princesas trouxe-lhe uma taça de vinho, mas o soldado a entornou sem que ela percebesse. Depois estendeu-se na cama e começou a roncar como se estivesse pegado no sono.
Quando as princesas o ouviram, puseram-se a rir, levantaram-se, abriram as malas e vestiram os ricos trajes que de lá tiraram. Arrumaram-se saltitando de tão contentes, mas a mais nova estava preocupada:
- Não me sinto bem. Tenho certeza de que vai suceder alguma desgraça.
- Tola, - disse a mais velha -. Já não lembra quantos filhos de reis vieram espiar em vão?
Quando ficaram prontas, foram olhar o soldado, mas ele continuava a roncar e elas julgaram-se seguras. A mais velha foi até a sua cama e bateu palmas. Devagar a cama afundou no chão, abrindo-se um grande alçapão. O soldado viu-as descendo uma a uma a escada, levantou-se em silêncio, colocou a capa invisível e seguiu-as. Mas pisou na cauda do vestido da mais nova, que gritou para as irmãs:
- Alguém me puxou o vestido!
- Que tola! - disse a mais velha- foi um prego que deve estar na madeira!
Lá foram todas descendo e, quando chegaram ao fim, encontravam-se num bosque de lindas árvores com folhas de prata. O soldado levou um raminho.
Ouvindo o estalo do galinho ao quebrar, a princesa mais nova gritou de novo de medo. Mas as irmãs riram:
- São os nossos príncipes soltando fogos para nos receberem.
Passaram depois por um bosque onde as folhas das árvores eram de ouro e finalmente por um terceiro onde tinham folhas de diamantes. O soldado ainda pegou um raminho de cada.
Chegaram finalmente a um grande lago, e, à margem, estavam encostados doze barcos, tendo dentro doze príncipes lindos, que esperavam pelas princesas. Cada uma entrou em um barco, e o soldado saltou para o barco onde ia a mais nova. O príncipe que remava disse:
- Não sei o que é, mas, apesar de estar remando com muita força, parece que vamos mais devagar que de costume, o barco hoje está muito pesado.
Do outro lado do lago estava um grande castelo, todo iluminado, de onde vinha um som de música. Desembarcaram todos, e entraram. Cada príncipe dançou com sua princesa, e o soldado invisível, dançou entre eles. Quando punham uma taça de vinho perto de uma princesa, ele bebia-a toda e ela levava à boca uma taça vazia. A irmã mais nova estava assustada, mas a mais velha fazia-a calar.
Dançaram até as três da manhã, e então tiveram que parar porque os seus sapatos estavam gastos. Os príncipes levaram-nas outra vez para o outro lado do lago, mas desta vez o soldado entrou no barco da princesa mais velha, e na margem oposta todos despediram-se combinando voltar na noite seguinte.
Quando chegaram ao pé da escada, o soldado adiantou-se e subiu primeiro, indo logo deitar-se e fingindo dormir.
As princesas ouviram-no roncar e disseram :
- Está tudo bem.
Despiram e guardaram nas malas seus trajes, tiraram os sapatos e deitaram-se.
De manhã o soldado não disse nada do que tinha visto, mas decidiu tornar a ver esta aventura. Seguiu as princesas nas outras duas noites. Na terceira noite o soldado teve o cuidado de levar consigo uma taça de ouro como prova.
Chegada a manhã, o soldado, foi levado à presença do rei. As princesas esconderam-se atrás da porta para ouvir o que ele diria. E quando o rei perguntou:
- Onde é que as minhas doze filhas dançam toda noite?
O soldado respondeu:
- Com doze príncipes num castelo debaixo da terra.
Contou ao rei tudo o que tinha sucedido e mostrou-lhe os três ramos e a taça de ouro que trouxera consigo.
O rei chamou as doze princesas e perguntou-lhes se era verdade. Vendo que o seu segredo tinha sido descoberto, elas confessaram tudo.
O rei perguntou ao soldado qual delas ele queria como esposa, ele respondeu:


- Já não sou muito novo, por isso, escolho a mais velha.
Casaram-se e o soldado ficou sendo o herdeiro do trono.

Nenhum comentário:

Postar um comentário