sábado, 6 de dezembro de 2014

Pele de Asno - Charles Perrault

Bordado por: Selma Fabrini
amlesfab@gmail.com
55 31 3223-2009
Desenho: Selma Fabrini


Em um país  longínquo, vivia um rei que era amado pelos seus súditos, pois era bom e justo para com todos. Sua esposa, a rainha, era de uma beleza incomum e eles viviam felizes no seu castelo. O rei tinha uma especial predileção pelo seu asno, que era tratado com todo carinho e cuidado, pois de suas entranhas jorravam moedas de ouro e prata que garantiam toda sua fortuna.
Mas eis que um dia a rainha amanheceu adoentada. O rei se desesperou! Convocou todos os médicos do reino para que curassem a sua amada esposa. A doença só agravava. A rainha então chamou o rei em seu quarto e lhe segredou que seu fim estava próximo. Também lhe fez um último pedido: que ele se casasse novamente com uma moça tão bela quanto ela. O rei, prometeu. Porém ficou tão amargurado com a morte da esposa amada, que não quis mais saber da companhia de sua única filha. 
Os anos passaram e, uma bela manhã, o rei viu em seu jardim, uma bela jovem que passeava cantarolando por entre os canteiros de flores. Ficou deslumbrado com esta cena. Imediatamente mandou trazer a moça à sua presença. Sua ordem foi acatada e a jovem, muito surpresa, aproximando-se do rei, disse:
- Oh! Meu pai, não me reconhece? Sou sua filha!
- Como você é parecida com sua mãe! – disse o rei abraçando-a. – Sei que não acharei em parte nenhuma do mundo mulher mais bela! Quero que seja minha esposa!
A princesa foi tomada de um súbito horror, por tão escabrosa proposta. Saiu correndo para o seu quarto, invocou a sua fada madrinha e lhe pediu ajuda.
- Fique calma, tenho uma solução para isto. Amanhã bem cedo procure pelo rei e diga-lhe que você o esposará, mas antes ele terá que lhe dar um vestido com as cores do tempo.
Assim fez a princesa e o rei, concordando com o pedido, convocou todos o artesões e fiandeiros do reino. Em pouco tempo, lhe apresentaram um vestido maravilhoso da cor do tempo. Aconselhada pela fada, a princesa,  pediu então um vestido da cor do luar. E, em pouco tempo, o rei depositou aos pés da filha a nova roupa, ainda mais deslumbrante. Desta vez, a princesa pediu um vestido da cor do sol e, ao cabo de alguns dias, o monarca lhe trouxe a mais esplêndida criação com todas as nuances do sol.
A princesa, não acreditando no que seus olhos contemplavam, olhou para seu pai e lhe pediu só mais um tempo. Embora impaciente com as evasivas de sua filha, o rei aceitou.
Quando a fada madrinha viu o vestido, pensou em uma derradeira solução.
- Há um único pedido que você fará seu pai e que ele certamente vai negar. Peça-lhe a pele do seu amado animal, fonte de toda a sua riqueza!
A princesa se encheu de coragem e esperança e, imediatamente, procurou seu pai com tal proposta. Certa de que, finalmente ele desistiria de seu louco projeto, foi para o seu aposento e dormiu tranquila. Ao raiar do dia, o rei entrou em seu quarto e depositou sobre sua cama a carcaça do asno. A princesa sufocou com as mãos um grito de horror! De novo invocou sua madrinha, que, desta vez, lhe aconselhou a fugir para a floresta, escondida sob a pele do asno. Também lhe deu a sua varinha mágica, dizendo-lhe:
- Quando quiseres satisfazer algum desejo, dê um toque com a varinha e tudo será feito.
A princesa vestiu uma roupa velha, besuntou o seu rosto com a cinza de fogão, cobriu-se com a pele do pobre animal e assim, irreconhecível, se embrenhou pela floresta adentro. Caminhou até se sentir cansada e com fome, quando avistou ao longe um lindo castelo. Mais abaixo havia porcos, coelhos e também um pequeno casebre onde morava uma mulher que cuidava dos animais. Aproximou-se, pediu comida e um lugar onde pudesse descansar. A mulher estranhando aquela moça tão maltrapilha lhe deu o que comer e lhe ofereceu trabalho. Ela passaria a cuidar de todos aqueles animais, diariamente!
A princesa, sem ter escolha, concordou. O tempo foi passando. À noite, quando ela terminava seu trabalho, ia para seu casebre e, com um toque da varinha mágica, fazia aparecer todos os seus belos vestidos e suas joias. Então se transformava na bela princesa que sempre fora. Olhava-se no espelho e conseguia se sentir um pouco feliz.
Certo dia o príncipe, morador do lindo castelo do alto da colina, passou pelo casebre. Curioso, foi olhar pela janela. Com grande espanto vislumbrou a mais bela mulher que seus olhos já haviam visto. Era a princesa, vestida com seu vestido, cor do sol. Seus pajens o chamaram para voltar do passeio e o príncipe obedeceu a contragosto mas, desde este dia, não parou de pensar nela. Estava apaixonado! A rainha, sua mãe, se preocupava pois, o príncipe não saía de seus aposentos, não queria se alimentar e só falava nnuma moça encantadora que morava naquela choupana. Sua mãe, consolava-o dizendo que naquele casebre só morava uma pobre e maltrapilha empregada.
Certo dia, o príncipe manifestou a vontade de comer um bolo, mas teria que ser feito pelas mãos da moça do casebre. Sua mãe mandou cumprir o desejo do príncipe, na esperança que ele ficasse curado. Ao receber a ordem, a princesa preparou o mais delicioso bolo e deixou um de seus anéis se misturar à massa. Bolo pronto, bolo encaminhado! Ao recebê-lo, o príncipe começou a saboreá-lo até que seus dentes bateram em algo duro. Cuspindo, o viu brilhar no seu prato um anel de diamantes e rubis. Chamou a sua mãe:
- Quero me casar com a dona deste anel!
Então, por ordem de suas majestades o rei e a rainha, todas as donzelas do seu reino, e de outros lugares, foram convocadas  ao castelo para colocar o anel em seu dedo. Aquela, cujo anel coubesse sem dificuldade, seria a esposa do príncipe, Muitas moças, belas, e não tão belas, nobres e não tão nobres, correram ao palácio. Uma a uma foram tentando colocar o anel, porém, não servia em nenhuma. O príncipe já estava ficando desanimado e triste, mas eis que chegou a vez da princesa. Com toda tranquilidade, colocou no dedo o anel, que serviu como era de se esperar. O príncipe com grande alegria, ajoelhou-se aos seus pés, e pediu-a em casamento.

Houve festa por uma semana, e para alegria da princesa, seu pai veio para as bodas, reconciliou-se com ela, dando-lhe sua benção. Viveram felizes naquele reino, com muita prosperidade e amor!                    

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