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Bordado por Regina C. Drumond |
Um moleiro com três
filhos à hora da morte repartiu seus únicos bens: ao mais velho deu um moinho;
ao filho do meio, o seu burro; e ao mais moço um gato. Este ficou muito triste
com a sua herança, mas o esperto gato
lhe disse: — Meu querido amo, se você me
comprar um par de botas e um saco eu lhe provarei que sou um presente muito melhor que um moinho ou um
asno.
O rapaz gastou todo
o seu dinheiro ao comprar um lindo par de botas e um saco para o seu gato, que
calçou as botas, colocou o saco com farelos em suas costas, e foi para um sítio
onde havia uma coelheira. Lá chegando abriu o saco, deitou-se no chão fingindo
de morto.
Ao sentir o cheiro
do farelo um coelho saiu de seu esconderijo e entrou dentro daquele saco. O
gato o levou ao rei, dizendo-lhe: — Senhor,
meu nobre amo Marquês de Carabás enviou-lhe este coelho que pode ser um prato
delicioso.
— Coelho? — disse o
rei. — Gosto muito de coelhos e o meu cozinheiro nunca assou um. Fale com o seu
amo que agradeço este presente.
No dia seguinte o
gato levou duas perdizes para o rei como outro presente do marquês de Carabás.
O rei, feliz, mandou preparar a sua carruagem e com a sua filha foi até a casa
do nobre súdito para agradecer os preciosos presentes.
O esperto gato
falou com seu amo: — Vou lhe mostrar um lugar muito especial para tomar um belo
banho de rio. — E o levou até onde passaria a carruagem real, pedindo ao amo
para tirar a roupa e colocar sob uma pedra para se banhar no rio. Ao chegar o
rei e a princesa o gato logo gritou: — Socorro! Socorro!
— Que aconteceu? —
perguntou o rei.
— Os ladrões
roubaram a roupa do Marquês de Carabás! Meu amo está dentro da água e com
certeza terá muitas câimbras, — disse o gato.
Imediatamente, o
rei mandou seus servos ao palácio para buscar uma roupa de gala que o rei usava
quando jovem. O dono do gato vestiu a roupa do rei e tão bonito ficou que a
princesa dele se enamorou.
O gato feliz com o
sucesso de seu plano correu pelos campos na frente da carruagem e, por onde passava, dizia aos lavradores: — O
rei está chegando; se não disserem que
estas terras pertencem ao Marquês de Carabás, vocês se tornarão carne de
almôndegas.
E, quando o rei
perguntava de quem eram aquelas terras, os lavradores respondiam que eram do
nosso nobre marquês de Carabás.
Disse o rei ao
filho mais novo do moleiro: — Que lindas propriedades você tem!
O moço sorria feliz
e o rei dizia para a filha: — Eu também era assim na minha mocidade.
Ao encontrar
camponeses colhendo trigo, o gato fez a
mesma ameaça: — Se não disserem que todo este trigo pertence ao Marquês de
Carabás, faço picadinho de vocês.
E, quando o rei perguntava
de quem era todo aquele trigo, todos respondiam que era do Marquês de Carabás.
O rei ficou muito entusiasmado com todas as propriedades do Marquês. E o gato
continuava sempre correndo à frente da carruagem, até que atravessando um
imenso bosque, chegou a um belo palácio onde vivia um ogro, que era o
verdadeiro dono de todas as terras cultivadas. O gato abrindo a porta disse ao
ogro:
— Meu querido ogro,
ouvi dizer que você se transforma em grandes animais, é verdade que pode se transformar no que quiser?
— Certíssimo,
respondeu o ogro e, imediatamente, se transformou num leão. E o rato disse: — Isso
não tem vantagem, pois qualquer um pode se tornar maior, mas a verdadeira arte
está em ser menor. Poderia se transformar em rato?
— Ah, ah... Isto é muito
fácil, — disse o ogro, e transformou-se num rato. O esperto gato imediatamente
comeu o rato. Ele foi abrir a porta no momento que chegava a carruagem e disse:
— Bem vindo, Majestade, a este suntuoso palácio do Marquês de Carabás.
O rei ficou maravilhado
com o palácio do Marquês! E pediu para o Marquês ajudar a princesa a descer da
carruagem. Muito tímido, o filho do moleiro ofereceu o braço à princesa. O
esperto gato mandou preparar um almoço para o rei, a princesa e seu amo e
serviu os melhores vinhos. Ao terminar o almoço, o rei disse: — Marquês, você é
tão tímido como eu quando jovem, mas sinto que gosta muito da princesa e ela de
você. Por que não se casa com ela?
O moço pediu a mão
da princesa e o casamento foi uma grande festa, onde o gato estava com um novo
par de botas, com chapéu com preciosos diamantes e roupa bordada de ouro.
E assim todos
viveram felizes para sempre. E hoje ainda o gato corre atrás dos ratos, mas
para se divertir, porque não mais precisa de ratos para matar a sua fome.
Recontado
por Regina, baseado em texto da internet
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