sábado, 20 de novembro de 2021

Julho – Sakura e a Árvore que não Florecia


 Julho – Sakura e a Árvore que não Florecia

Bordado por: Umeko Marubayashi

Autor: Lenda japonesa

Desenho: Umeko Marubayashi

Contato: umemaruba@yahoo.com.br

Fotografia, arte e produção: Henry Yu

 

 

Por conta de sua triste aparência, a árvore permanecia isolada. Em sua sombra nem a grama crescia. Nem mesmo os pequenos animais que viviam no bosque se aproximavam com medo de alguma estranha energia. Dia, após dia, a solidão era sua única companhia.  Contudo, certa noite, uma “tennyo”, uma ninfa celestial a visitou, curiosa.  Comovida com sua silenciosa tristeza, a ninfa celeste quis ajudá-la a se tornar bela e radiante e lhe fez uma proposta tentadora: criaria um encantamento que lhe permitisse sentir o que um coração humano sente e, quem sabe, experimentando emoções verdadeiras, voltasse a florescer. Graças à magia, poderia ser planta ou ser humano, sempre que desejasse e o encanto duraria vinte anos. Após esse tempo, se ainda não fosse capaz de despertar sua vitalidade, a árvore morreria.

A solitária árvore se agarrou a proposta da ninfa celestial, empolgando-se com

a ideia de poder assumir a forma humana.  Ela se transformou em homem, mas o recomeço se mostrou muito difícil. Tudo que via nessa nova vida era guerra, ódio e dor. E assim, meses e anos foram se passando. Desolada, a árvore não encontrava nada no reino dos homens que a ajudasse a progredir. Até que, certa noite, enquanto estava caminhando até um córrego de águas cristalinas, avistou uma bela jovem se refrescando em suas margens. Impressionado com sua graciosa beleza, aproximou-se. A jovem disse chamar Sakura e, durante o breve encontro se mostrou gentil e afável. O homem-árvore a ajudou carregar água até sua casa, que ficava nas proximidades. No caminho tiveram uma animada conversa sobre seus sonhos futuros, ambos lamentando a destruição pela qual o país estava passando através das consecutivas guerras.

A jovem Sakura perguntou seu nome. A árvore respondeu simplesmente, “Yohiro”, que significa “esperança”. O inusitado casal demonstrou ter uma perfeita sintonia e se tornaram

amigos próximos. Logo ao amanhecer, todos os dias, encontravam-se para cantar, ler poemas e livros de histórias fantásticas. Quanto mais tempo se passava, mais sentiam que queriam estar um ao lado do outro. E, assim, o relacionamento foi se fortalecendo.

Um dia, Yohiro decidiu confessar seus sentimentos a Sakura, pois não conseguia mais guardar dentro de si mesmo. Também contou quem realmente era, uma triste árvore atormentada por não conseguir encontrar seu propósito na vida que, muito em breve, morreria por não conseguir florescer. Impactada com a repentina confissão de Yohiro, Sakura permaneceu em silêncio.

Mas, o relógio do tempo não parou para Yohiro e o prazo de vinte anos estava prestes a ser cumprido. Ele tinha se transformado novamente em árvore e se entristecia a cada dia, pensando em seu inevitável destino. Certa tarde, quando Yohiro menos esperava, a jovem Sakura apareceu no bosque. Abraçando emocionada a árvore, também confessou seu amor. Ela não queria que nada de mal lhe acontecesse, muito menos, aguentaria vê-lo morrer. Foi nesse momento, que a ninfa celestial reapareceu. A tennyo exigiu uma decisão do casal, ou Sakura permanecia humana e se despedia de Yohiro, ou se uniria a ele na forma de árvore. A jovem olhou ao seu redor e lembrou-se com pesar de toda a dor e sofrimento que testemunhou durante todos esses anos de guerra. Escolheu, então, fundir-se para sempre a Yohiro.

E o milagre aconteceu. Os dois se tornaram um só. A triste árvore de outrora, enfim, floresceu. Juntos, transformaram-se na Sakura, a cerejeira em flor,

a mais bela da floresta. Desde então, seu sincero amor perfuma os campos e jardins durante o Hanami, a festa das flores que acontece na primavera por todo Japão.

https://educaemcasa.petropolis.rj.gov.br/uploads/arquivos/1606083804-7-ano-sexta-feira-semana-32-1-pdf.pdf

 

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