sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Rosa Branca e Rosa Vermelha - Novembro

Rosa Branca e Rosa Vermelha

Irmãos Grimm






Era uma vez uma viúva que morava no meio da floresta. Na frente de sua casa, havia duas roseiras: uma vermelha e outra branca. A viúva tinha duas filhas muito lindas, doces e boas, às quais deu o nome de Rosa Branca e Rosa Vermelha. Sempre estavam juntas e de tão meigas e doces até as corças e os veadinhos pastavam tranquilamente ao lado delas. Durante o inverno, elas costumavam ficar em frente à lareira com sua mãe enquanto esta lia algumas histórias.
Certa noite, quando fazia muito frio e a floresta estava coberta por neve, escutaram uma batida na porta.
- Abra a porta Rosa Vermelha, – disse a mãe.
A menina obedeceu, pensando que seria algum viajante perdido no meio da nevasca. Mas, para sua surpresa, deparou-se com um enorme e assustador urso.
- Não tenha medo, – disse o urso. – Eu não vou machucar você! Estou congelado de tanto frio! Posso me esquentar um pouco?
- Oh pobre urso! – exclamou a mãe. – Entre e fique perto do fogo para se aquecer. Não precisam ter medo meninas! O urso não fará mal a vocês. Sabe-se que é uma criatura bondosa e sincera.
Então as meninas se aproximaram do urso e aos pouco foram esquecendo do medo que ele causava até que por fim acabaram brincando e rolando pelo chão. Quando as meninas foram para suas camas, o urso ficou deitado próximo à lareira. Logo pela manhã, ele partiu. E todas as noites daquele inverno, na mesma hora, ele voltou para a casa das meninas, brincou com elas e se aqueceu ao calor da lareira. Finalmente, chegou a primavera e o sol derreteu a neve. As árvores começavam a brotar novamente e os pássaros iniciaram a construção de seus ninhos.
- Preciso partir agora. – Disse o urso. – E não voltarei antes do final do verão.
- Oh querido urso! Fique aqui conosco! – pediu Rosa Branca que gostava muito dele. – Para onde você vai?
- Tenho que guardar os meus tesouros na floresta, pois tem ali alguns anões muito maus. As meninas ficaram muito tristes ao ver seu amigo partindo, mas ele parecia ter muita pressa. Na correria de ir embora, acabou enroscando seu pêlo no trinco da porta.  E elas viram que havia, por debaixo daquele pêlo escuro, um brilho dourado. Antes mesmo que pudessem falar com ele, já havia desaparecido.
Durante o longo inverno a família tinha gasto toda a lenha e por isso, Rosa Branca e Rosa Vermelha resolveram ir à floresta colher alguns gravetos. Enquanto caminhavam, viram um enorme tronco de árvore caído e alguma coisa que pulava de um lado para outro. Ao se aproximarem viram um anãozinho lutando para soltar sua barba, que havia ficado presa.
- Não fiquem aí paradas! Venham me ajudar! – gritava o anão nervoso.
- Mas o que foi que aconteceu? – Perguntou Rosa Vermelha.
- Estava tentando cortar esta árvore para conseguir lenha, quando fiquei preso. – Rápido! - Vou procurar ajuda! – Disse Rosa Vermelha
- Não há tempo, sua tola! Faça alguma coisa! – Gritava o anão muito irritado.
Então, Rosa Branca, vendo aquela agonia, tirou uma tesourinha do bolso de seu vestido e cortou a pontinha da barba do anão. Mais irritado ainda, ele pegou uma sacola cheia que estava ali perto e, sem agradecer, foi embora resmungando.
Alguns dias se passaram. Rosa Branca e Rosa Vermelha estavam indo ao riacho para pescar um peixe para o jantar, quando viram que a água estava agitada. Ao se aproximarem, viram mais uma vez o anãozinho, preso com sua barba enroscada no anzol.
Não havia outra coisa a fazer senão cortar mais uma vez a barba dele. Com uma tesourada rápida, Rosa Branca libertou o anão.
- Sua miserável! – gritava ele. – Você cortou quase metade de minha barba!
Rapidamente curvou-se e, apanhando um saco cheio foi embora sem nenhum agradecimento.
Pouco tempo depois, a mãe de Rosa Branca e Rosa Vermelha mandou que elas fossem à cidade para comprar agulhas, linhas, rendas e fitas. No caminho, viram uma grande ave que voava em círculos sobre um campo. De repente, escutaram gritos e correram para ver do que se tratava. Para horror das meninas, a ave tinha pego o anão, que tentava com toda sua força se desprender das garras. As bondosas meninas correram e agarraram o anão, lutando com a ave até que finalmente conseguiram espantá-la e livrar o anão.
- Suas desajeitadas! Não podiam ter sido mais cuidadosas? Olhem o que fizeram com as minhas roupas!
Pegando um saco cheio, o anão sumiu entre as pedras de uma enorme caverna.
Na volta da cidade, as meninas passaram novamente pela caverna onde o anão havia entrado e qual não foi a surpresa delas quando viram que ele estava ali, com sua sacola aberta e todo um tesouro de ouro e pedras preciosas espalhado pelo chão.
- O que estão olhando? – gritou o anão furioso. –Vão embora ! Sumam daqui!
Neste instante, um rugido ecoou pelo campo e um urso apareceu. O anão deu um salto de tanto pavor, mas antes mesmo que pudesse fugir, uma enorme pata se abateu sobre a sua cabeça e ele caiu morto.
Muito assustadas as irmãs saíram correndo, mas o urso as chamou:
- Rosa Branca! Rosa Vermelha! Esperem! Não tenham medo, não vou machucar vocês !
Elas se viraram e reconheceram o urso que passara todo o inverno com elas. Felizes davam gritinhos de alegria em volta dele quando, de repente, a pele do urso caiu ao chão e diante delas estava um lindo e jovem rapaz, vestido com roupas de príncipe.
- Sou o filho do rei ! – Disse ele. – E fui enfeitiçado por aquele anão malvado que roubou todo o meu tesouro, obrigando-me a vagar pela floresta como um urso selvagem. Somente a morte do anão quebraria o feitiço. Agora estou livre ! Se não fosse por sua ajuda durante o rigoroso inverno, eu teria morrido. Sou muito grato a vocês !
Logo, os três foram até a casa das meninas e lá contaram para a mãe delas o que havia acontecido. O príncipe precisava voltar para o castelo para ver seu pai. Mas prometeu que voltaria.
Quando voltou, trouxe consigo seu irmão. O príncipe acabou pedindo a mão de Rosa Branca em casamento e seu irmão pediu a mão de Rosa Vermelha. Os felizes casais foram morar no castelo e levaram junto a mãe das meninas, que plantou na entrada do castelo uma roseira branca e outra vermelha.
Todos os anos, as rosas dão flores lindas e perfumadas que alegram o jardim do castelo.


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