segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Príncipe Sapo




Há muito, muito tempo, vivia um rei que tinha filhas muito belas. A mais jovem era tão linda que o sol, que já viu muito, ficava atônito sempre que iluminava seu rosto.
Perto do castelo do rei havia um bosque grande no qual havia uma lagoa perto de uma árvore frondosa.
Quando o dia era quente, a princesinha ia ao bosque e se sentava junto à fonte. Quando se aborrecia, pegava sua bola de ouro, a jogava alto e a recolhia. Essa bola era seu brinquedo favorito.
Aconteceu que uma das vezes que a princesa jogou a bola, esta não caiu em sua mão, mas quicou no chão e rolou na água.
A princesa vendo sua bola desaparecer na lagoa, que era profunda, tanto que não se via o fundo, começou a chorar. Chorou mais e mais forte, desconsolada. De repente ouviu uma voz dizendo:
- Por quê está aflita, princesa? Chora tanto que até as pedras sentem pena.
Olhou para o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo colocando sua enorme e feia cabeça fora da água.
- Ah, é você, sapo – disse a princesa. - Estou chorando por minha bola de ouro que caiu na lagoa.
- Calma, não chore, - disse o sapo, - posso ajudar. Mas, o que me dará se devolver a bola?
- O que quiser, querido sapo - disse ela. - Minhas roupas, minhas pérolas, minhas jóias, até a coroa de ouro que levo.
O sapo disse:
- Não me interessam as roupas, as pérolas, nem as jóias, nem a coroa. Porém, se me prometer deixar-me ser seu companheiro e brincar com você, sentar ao seu lado na mesa, comer em seu pratinho de ouro, beber de seu copinho e dormir em sua cama, se me prometer isto, eu descerei e trarei a bola de ouro.
- Oh, sim! Prometo tudo o que quiser, mas devolva minha bola!
A princesa falou assim porque pensou: “Este sapo fala como um bobo. Tudo o que sabe fazer é sentar-se na água com outros sapos e coaxar. Não pode ser meu companheiro.”
O sapo, uma vez recebida a promessa, meteu a cabeça na água e mergulhou. Pouco depois voltou, nadando com a bola na boca, e a lançou na grama. A princesa estava encantada de ver seu precioso brinquedo outra vez, colheu-a e saiu correndo com ela.
- Espere, espere! - disse o sapo. - Leve-me! Não posso correr tanto como você!
Mas de nada serviu coaxar atrás dela tão forte quanto pôde. Ela não o escutou e correu para casa, abandonando o pobre sapo, que se viu obrigado a voltar à lagoa outra vez.
No dia seguinte, ela sentou à mesa com o rei e toda a corte. Estava comendo em seu pratinho de ouro quando algo veio arrastando-se, plof, plof, plof, pela escada de mármore. Chegou à porta e gritou:
- Princesa, jovem princesa, abra a porta!
Ela correu para ver quem estava lá fora. Quando abriu a porta, a princesa viu o sapo sentado diante dela e bateu a porta na sua cara. Com pressa tornou a sentar, mas seu coração batia violentamente. O rei se deu conta de que estava muito assustada e disse:
- Minha filha, por que está assustada? Há um gigante aí fora que quer levar você?
- Ah não, - respondeu ela, - não é um gigante, apenas um sapo.
- O que quer o sapo?
- Ah! querido pai, estava brincando no bosque, junto à lagoa, quando minha bola de ouro caiu na água. Como chorei muito, o sapo a devolveu, e porque insistiu muito, prometi que seria meu companheiro. Nunca pensei que seria capaz de sair da água.
Entretanto o sapo chamou outra vez e gritou:
- Princesa, jovem princesa, abra a porta! Não lembra o que me disse na lagoa?
Então o rei falou:
- Aquilo que prometeu, deve cumprir. Deixe-o entrar.
De má vontade, ela foi abrir a porta e voltou à mesa. O sapo a seguiu pulando até sua cadeira e gritou:
- Coloque-me com você!
Ela o ignorou até que o rei lhe ordenou obedecer. Uma vez na cadeira, o sapo quis sentar na mesa. Quando subiu, disse:
- Aproxime seu pratinho de ouro porque devemos comer juntos.
Ela o fez, mas se via que não estava gostando nem um pouco. O sapo aproveitou para comer, porém ela enjoava a cada bocado. Em seguida o sapo disse:
- Comi e estou satisfeito, mas estou cansado. Leve-me ao quarto, prepare a sua caminha de seda e nós dois vamos dormir.
A princesa começou a chorar porque não queria o sapo na sua preciosa e limpa caminha. Porém o rei se aborreceu e disse:
- Não devia desprezar àquele que ajudou você.
Assim, ela pegou o sapo com dois dedos, o levou para cima e o deixou num canto. Assim que a princesa deitou na cama, o sapo se arrastou até ela e disse:
- Estou cansado, eu também quero dormir, sobe-me senão conto ao seu pai.
Ela ficou tão aborrecida que pegou o sapo e o jogou contra a parede.
- Cale-se, bicho odioso!
Porém, quando caiu ao chão, não era mais um sapo e sim um príncipe com lindos olhos. Ele contou como havia sido encantado por uma bruxa malvada e que ninguém poderia livrá-lo do feitiço exceto ela. Também disse que no dia seguinte iriam todos juntos ao seu reino.
Na manhã seguinte, quando o sol os despertou, chegou uma carruagem puxada por oito cavalos brancos com plumas de avestruz na cabeça, enfeitados com correntes de ouro. Atrás estava Enrique, o jovem escudeiro do rei.
Ele tinha ficado tão triste quando seu senhor foi transformado em sapo que tinha colocado três faixas de ferro rodeando seu coração, para que este não se partisse de pesar.
Enrique ajudou o príncipe e a princesa a entrar na carruagem que ia levá-los ao seu reino e subiu atrás, cheio de alegria pela libertação de seu senhor. Já estavam a caminho quando o filho do rei escutou um ruído forte atrás dele, como se algo tivesse quebrado. Gritou:
- Enrique, o carro está se rompendo!
- Não amo, não é o carro. É uma faixa que coloquei no meu coração por causa da minha grande dor.
Duas vezes mais escutaram este ruído, e cada vez o filho do rei pensou que o carro estava se rompendo, porém eram apenas as faixas se desprendendo do coração de Enrique porque seu senhor estava livre do feitiço e estava feliz.
Autor: Irmãos Grimm

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