quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A Rosa Azul


A Rosa Azul

O imperador da China tinha uma única filha. A princesa era jovem, encantadora e querida por todos os súditos, pela sua simpatia, inteligência e interesse pelos assuntos do império chinês. O imperador era viúvo e já avançado em idade, por isto preocupava-se com a princesa que, até então, não falava em casar-se. Mas o imperador argumentava:
Minha filha! Você precisa casar-se para me dar netos e preservar a nossa dinastia.
- Papai! Eu sou tão feliz em sua companhia. Por que preciso casar? Só para lhe dar netos?
- Mas filha!  Eu não sou eterno. Eu morrendo você ficará sozinha. Quem vai proteger você?
- Papai! Eu sei me proteger!  Não se preocupe.  Além do mais, eu nunca senti nada especial por nenhum rapaz!  Pretendo me casar estando  apaixonada.

Mas o imperador não desistia.
- Está bem, papai!  Eu me caso. Mas com uma condição:  casarei com o primeiro rapaz que me trouxer uma rosa azul.

Ha! O imperador ficou muito feliz e, imediatamente mandou os arautos anunciar a decisão da filha. Centenas de pretendentes começaram a procurar a tal rosa azul e alguns foram desistindo quando constataram que não existia esta espécie de rosa.

Três candidatos se apresentaram. Um deles era o mais rico negociante da China. Mandou emissários a todas as partes do mundo a procura da rosa azul. Não encontraram. Resolveu encomendar uma jóia utilizando as gemas mais preciosas e o ouro mais puro. Finalmente a jóia ficou pronta.

A princesa ao ver aquela maravilha gostou, mas foi logo dizendo:
- Meu pai! Se o mais rico negociante trouxe a rosa azul eu sou obrigada a me casar com ele. Onde está a rosa?
E ao ver a rosa viu que se tratava de uma jóia e não de uma rosa verdadeira. Lá se foi o primeiro candidato.

Dias depois o segundo candidato se apresentou. Trouxe um lindo vaso da porcelana mais fina onde estava pintada, lindamente, uma rosa azul. De um lado via-se um botão. Do outro lado via-se uma maravilhosa rosa azul.

Novamente a princesa não aceitou aquele trabalho maravilhoso, mas que não era uma rosa verdadeira. O imperador ficou aborrecido e se retirou resmungando: Dois ótimos candidatos e ela recusa!!!!

O terceiro candidato era pesquisador de química e botânica. Ele sabia que não existia rosa azul. Entretanto se pôs a trabalhar em seu laboratório.  Uma noite, já muito cansado colocou distraidamente um botão de rosa branca em um tinteiro e foi embora. No dia seguinte teve a alegria de ver uma rosa totalmente azul. Correu ao palácio levando a flor.
A princesa ficou surpresa. Foi logo dizendo: essa não é uma rosa azul e sim uma rosa pintada de azul. Meu pai, como posso aceitar!

O imperador saiu dos aposentos da filha muito bravo dizendo:
- Desisto! Você é teimosa demais. Se quiser casar, case! Se não quiser, não case!

A princesa ficou bem satisfeita. Estava livre daquela conversa de casamento. Tempos depois, no jardim do palácio, ouviu um assobio. Era uma linda canção. Olhou para o lado viu um lindo jovem que andava tranquilamente descendo a alameda.

A moça ficou olhando embevecida e começou a sentir uma coisa diferente que não sabia o que era.... aquele sentimento novo a fez descer a escadaria do jardim correndo e  ficar parar no portão, esperando pelo jovem.

Ao ver a princesa o assobiador parou, estendeu sua mão em direção a ela, beijou-a. Ficaram completamente embevecidos;
- Quem é você? perguntou o jovem.
- Eu sou a princesa e moro nesse palácio.
- Você então deve ser a filha do nosso Imperador.
- Sim sou, disse a princesa;
E a princesa então perguntou a ele quem era!
- Eu sou um poeta, disse o jovem orgulhosamente.
- Eu adoro poesia, disse a princesa.
- Eu escrevo minhas poesias na praia. Quando a maré sobe leva as minhas poesias para longe e espalhando-as por todos os lugares do mundo...!

A princesa achou aquela expressão maravilhosa e foi dizendo:
- Que lindo!

E aqueles dois ficaram encantados um com o outro até que o jovem perguntou à princesa se ela queria se casar com ele.

E ela respondeu: - sim! Eu quero me casar com você.
Mas logo ela se lembrou de que não poderia se casar.
- Porque? disse o jovem;
- Eu fiz uma exigência a meu pai e não posso voltar atrás. Só me casaria com quem me trouxesse uma rosa azul. E você deve saber que não existem rosas azuis, não é?

E o jovem logo respondeu: - Existem sim!
- Como existem? perguntou a princesa.
- Amanhã, nesse mesmo horário, eu vou voltar e trazer uma rosa azul pra você, disse o poeta.  Despediram-se já apaixonados.

No dia seguinte logo cedo a princesa já estava no jardim, próximo ao grande portão do Palácio Real. Viu o jovem, mas ele não trazia a rosa. Ficou decepcionada. Como iriam fazer?

Mas o rapaz parecia tranquilo, tranquilo. Entrou no jardim foi até um dos canteiros de rosas brancas, colheu a mais bonita, colheu a rosa cuidadosamente e de imediato pediu ao guarda que avisasse ao Imperador que ele gostaria de lhe falar.
- Eu quero me casar com sua filha, foi logo dizendo aquele poeta ao Imperador.

O Imperador informou-o que sua filha havia colocado uma condição - a rosa azul.
O jovem poeta mostrou então a rosa branca que ele havia acabado de colher.
- Aqui está Majestade, a rosa azul da princesa.

O Imperador muito irritado e foi logo dizendo: essa nunca foi uma rosa azul. Não posso aceitar?

Mas, a princesa que se encontrava bem próxima do Grande Salão do Palácio entrou e foi logo dizendo:
- Papai: o senhor não está vendo que essa é a rosa azul mais bonita do mundo?

Nessa altura o velho Imperador compreendeu a situação e aceitou o pedido de casamento.

A partir daquele momento o reino foi se transformando com os preparativos do casamento  da princesa com o jovem poeta. A festa foi de arromba. Dizem que os festejos duraram mais de sete dias.

Conto tradicional chinês


Bordadeira: Neuza Oli Vieira
Conto: A Rosa Azul
Autores: Conto Chinês
Desenho: Marie-Thérèse Pfyffer
                55(31)3337-7026

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