Somos 12 bordadeiras, que se dedicam a bordar cada uma, um mês um conto, uma estória, uma lenda!
Com as linhas traçando a magia dos contos, damos formas a essa mágica viagem!
Feito com amor
Somos 12 bordadeiras, que se dedicam a bordar cada uma, um mês um conto, uma estória, uma lenda!
Com as linhas traçando a magia dos contos, damos formas a essa mágica viagem!
Cobra Honorato
Raul
Bopp
Conta a lenda que ...
Uma
índia Tapuia teve filhos gêmeos nas margens do Cachoeiri, entre os rios
Amazonas e Trombetas nas proximidades da cidade de Óbidos/PA.
Gerados
no ventre humano, os lendários recém-nascidos vieram ao mundo com forma de duas
serpentes e ganharam os nomes de Norato e Maria Caninana.
Cobra Norato era uma cobra
d’água, uma serpente
forte e boa. Salvava muitas pessoas e peixes. Enquanto Maria Caninana era má, violenta,
fazia maldades, como afundar barcos e ferir os animais.
Cobra
Norato, tomando consciência de todas as maldades e sofrimentos que sua irmã causava,
não só aos humanos como também aos entes fantásticos e animais dos rios, se viu
na obrigação de repreendê-la. O desentendimento dos gêmeos culminou numa luta
terrível no meio do rio, e Cobra Norato matou a irmã.
Cobra
Norato passava o dia como cobra, nadando esperando a chegada da noite. Quando a
lua surgia no céu, ele saía da água, arrastando o corpo pela areia, e virava
homem. Ao amanhecer enfiava-se novamente no couro de cobra que deixara na
margem e mergulhava nas águas do rio.
Norato
em forma humana visitava a mãe, fazia amigos e namorava. Nutria o sonho de
manter-se com aparência humana. Havia um modo dele desencantar e se livrar da
maldição: alguém precisava derramar leite humano em sua boca e, com um golpe de
ferro virgem, furar a sua cabeça até que sangrasse.
Numa
noite conheceu um soldado que era famoso pela sua bravura. Então Norato fez o
pedido ao novo amigo, que resolveu ajudá-lo com todos os rituais sabidos. Assim,
num dia, antes do sol nascer, saiu de dentro da cobra... um homem.
O
encanto havia sido quebrado. Norato pertencia de vez a linhagem humana. Deixou
de viver nas águas para viver na terra.
Cobra Norato também conhecida como Honorato, é
uma lenda das mais famosas do folclore paraense, criada
pela imaginação poética dos povos da floresta, contada nos versos das águas com
magia e tragédia. É uma fusão de dois mitos amazônicos: o da Cobra Grande e o do Boto.
Bumba meu boi
Malala, a Menina que Queria Ir para a Escola
O caminho da escola,
narra a história de uma menina que sonha ir para escola. Filha de uma
família vulnerável de
refugiados. O pai, a menina e o irmão, saem à noite, eles levam somente o
essencial, que para ela era a mochila e a boneca. Eles atravessam o deserto com
inúmeras dificuldades, tais como sede, tempestade de areia e até a morte do
irmão, que foi deixado numa gruta dormindo. Mas a menina consegue seu intento e
chega à escola após um longo caminho.
Grande Sertão Veredas
“Qualquer amor já é um
pouquinho de saúde, um descanso na loucura”
João
Guimarães Rosa.
“Grande Sertão: Veredas” é
um dos mais belos clássicos da literatura brasileira.
O livro nos revela a
história de Riobaldo, um homem muito inteligente e letrado, que conta as
aventuras vividas durante o tempo em que fez parte de um bando de jagunços em sua
juventude.
Por meio da história,
ficamos sabendo que Riobaldo, depois que sua mãe morre, vai morar com seu
padrinho em uma fazenda. Nesta fazenda, conhece o bando de jagunços liderado
por Joca Ramiro e decide se juntar a eles. É quando conhece e estreita laços de
amizade com Diadorim (Reinaldo).
Depois de um período de paz
no sertão Joca Ramiro acaba sendo traído e morto por Hermógenes, líder de outro
bando.
Assim, há uma guerra entre bandos,
de um lado, aquele em que Riobaldo e Diadorim fazem parte e um de outro, o
bando formado por Hermógenes e Ricardão.
O livro narra as viagens
pelo sertão, as lutas, as dificuldades de sobrevivências, e descreve as belezas
da natureza enquanto o protagonista faz muitas reflexões filosóficas sobre o
bem e o mal, espiritualidade e amor.
O conflito finalmente acaba
quando Hermógenes morre durante a batalha no Paredão, onde Diadorim também
perde sua vida.
Neste momento, Riobaldo
descobre que seu amigo que perdeu a vida, e a quem ele amava, era Maria
Deodorina da Fé Bettancourt Marins, filha do antigo líder do grupo – Joca Ramiro,
que se disfarçava de homem, em busca da vingança pelo pai.
Lampião e Maria Bonita
A história de Virgulino Ferreira da Silva está
presente na vida do sertão do Nordeste brasileiro, indo além das terras de
Sergipe, onde foi morto. Menino alegre, tocador de sanfona, vaqueiro, bom de
tiro, o que lhe valeu o apelido de Lampião devido à sua rapidez com o uso da
arma que, em suas mãos, parecia ter luz própria. Vivia sob o teto dos
“coronéis” que brigavam pela posse de terra e comando na região, que em clima
de disputa gerava o exército de cangaceiros. Quando o Pai de Virgulino foi
assassinado, ele jurou vingança, assim, o menino vaqueiro virou cangaceiro.
Andando pelo sertão, ora pedia apoio com comida, abrigo e dinheiro; ora
gerava violência e pânico pelo sertão nordestino. Dessa forma, criou-se o
mito do bando de cangaceiros de Lampião. Bando que recebia auxílio e proteção
de coronéis em troca de favores e serviços ou aguçava a rivalidade dos
coronéis. Assim. Agia o bando de acordo com as suas conveniências, podendo ter
festas ou mortes quando o bando entrava em uma cidade.
Maria Dea de Oliveira entra na história, a Maria
Bonita era menina letrada, maravilhada com o mito do homem valente, apaixonada
como um fã pelo seu ídolo. Menina casada por obrigação com um homem mais velho,
faz um poema de amor para o mito do cangaço. O suficiente para encantar Lampião
e acender o fogo da paixão. Está formado o casal mais unido, temido e amado do
sertão nordestino. Ela entrou para o cangaço, incorporou os atos do grupo,
aprendeu a usar as armas, a viver de correndo da polícia e, acima de tudo,
trouxe as mulheres para o cangaço.
A história de amor de Maria Bonita e Lampião é
contada em verso e prosa, nas músicas, nas ilustrações em todo o nordeste
brasileiro. Eles permaneceram juntos até a morte de ambos na emboscada em
Angicos, em 1938. Amor esse que se sustentou em um clima turbulento no espaço
do árido sertão de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, eternizado na cultura popular
brasileira.
Polegarzinha
Pégaso
Amarilis Bracher
Pegasus, filho do amor
impossível de Poseidon pela Medusa, nasceu envolto em um turbilhão de raios e
trovões, no momento em que gotas do sangue da górgona, decapitada por Perseu,
tocam a superfície da água.
Magnífico, todo branco, esse
cavalo alado emerge da espuma que se forma nesse turbilhão sobre a água.
Seus cascos golpeiam as
rochas do Monte Hélicon, perto do bosque consagrado às Musas, e uma fonte
brota ali – a fonte Hipocrene, que se tornará um símbolo do espírito criador
de poetas e artistas.
Tempos depois, Poseidon
oferece Pegasus a seu filho Belerofonte, que consegue domá-lo com a ajuda de
Atena.
E logo tem início toda uma
saga de aventuras e desafios perigosos impostos ao herói, que são vencidos um
a um, culminando com a destruição da terrível Quimera.
Ao deixar-se dominar pela
vaidade e orgulho, Belerofonte torna-se tão arrogante, a ponto de querer voar
alto em seu corcel alado para juntar-se aos deuses no Olimpo, provocando a
fúria de Zeus, que faz com que Pegasus derrube o guerreiro, enviando vespas
para picá-lo.
Atena vem em socorro do
herói e amortece sua queda, impedindo que morra.
Complacente com Pegasus, Zeus
permite que continue voando cada vez mais alto até alcançar as estrelas e
transformar-se em uma constelação.
Tendo sobrevivido à queda,
Belerofonte passa o resto de seus dias mendigando e procurando por seu corcel
alado, sem saber que bastava olhar o céu para encontrá-lo entre as estrelas.
Depois de subir aos céus e
se transformar em constelação, Pegasus recebe de Zeus a tarefa de conduzir o
poder dos raios e trovões e as luzes da aurora.
Voando sem limites de espaço
e tempo, Pegasus transforma-se também em símbolo de imortalidade e liberdade
suprema.
Omulu ganha as pérolas de Iemanjá
A Lenda do Búfalo Branco
Conta uma profecia dos índios lakota que em algum momento regressará a
nós a mulher do búfalo branco, uma mulher sábia portadora de magia que
restaurará com seu poder a união entre todos os filhos da Mãe Terra e nosso
equilíbrio com a natureza
Muito tempo atrás, durante um período de fome, guerras e desavenças
entre os povos, dois jovens guerreiros lakota passeavam com seus cavalos magros
buscando algo para caçar. De repente vislumbraram no horizonte uma figura
feminina envolta em uma luz cálida, em uma bruma de fascinantes clarões de luz.
A mulher estava acompanhada de um búfalo branco. Era alta, esbelta e
usava um vestido com bordados sagrados, uma pluma no cabelo e folhas de sálvia
na mão. Era tão bonita que um dos jovens não hesitou em aproximar-se dela com o
desejo de possuí-la. No entanto, e antes que pudesse sequer tocar sua pele, uma
nuvem escura pairou sobre ele disparando um raio de fogo. Ficou carbonizado em
poucos segundos. O outro jovem guerreiro se ajoelhou imediatamente,
aterrorizado, pensando que teria a mesma sorte. No entanto, a bela mulher acariciou
seu cabelo e falou que era uma wakan, uma mulher que tinha vindo para
ajudar seu povo.
A mulher santa foi recebida com muita expectativa no povoado lakota.
Prepararam-lhe a melhor tenda e, quando ela se acomodou, a manhã se transformou
em crepúsculo e uma luz de cor âmbar com raios rosados envolveu aquelas terras.
Apesar da fome e da miséria, os lakotas ofereceram o que tinham de melhor:
algumas raízes, alguns insetos, ervas secas e água fresca.
E a mulher do búfalo branco lhes ofereceu tabaco de salgueiro vermelho e
os convidou a fumar o cachimbo de paz. Depois os chamou para dar voltas ao
redor das tendas para honrar o sol, criar um círculo de força com a vida e
agradecer. Mais tarde, apresentou-lhes uma série de práticas espirituais,
formas de reverenciar a natureza orando com palavras corretas e celebrando
ritos ancestrais que o povoado lakota já tinha esquecido.
Ela os convidou a entoar cânticos para fazer a Terra feliz, melodias,
versos e entoações que deviam ser dirigidas às quatro direções do universo.
Lembrou também a importância de praticar a cerimônia do cachimbo da paz, onde
homens e mulheres se reunem para honrar suas almas, o próprio grupo e sua união
com o além.
Na hora que ela partiu surgiram do horizonte manadas de búfalos pretos.
Eram tantos que fizeram o solo tremer debaixo de seus pés e que as montanhas ficaram
escuras. Com a chegada desses animais, que representavam a sobrevivência, uma
força nova começou a bombear. E a partir desse dia, o búfalo forneceu carne como
alimento, pele para as roupas e tendas, e ossos para as ferramentas.
A mulher do búfalo branco se despediu dizendo que ela os protegeria enquanto
realizassem as cerimônias sagradas e cuidassem da Terra. Ela os deixou dizendo:
Toksha ake wacinyanktin ktelo (“eu os verei de novo”) e, até hoje, muitos
Lakotas repetem essa mensagem de esperança.
Como a Via Láctea surgiu no céu
Kafka e a Boneca Viajante
Kafka estava passeando
pelo parque Steglitz em Berlim, quando deparou-se com uma garota que chorava
desconsolada por sua boneca perdida. Kafka escreveu cartas para a pequena
menina, em nome da boneca perdida que agora viajava pelo mundo.
E Kafka deu outra boneca para a garota, que protestou porque não era a mesma. Mas Kafka explicou, que quando as pessoas viajam pelo mundo, elas mudam.
Janeiro: Icambiaba – guerreira amazônida
Bordado por: Regina Celi de Deus
Vieira Cavalcanti Silva
Autor: Frei Gaspar de Carvajal
Desenho: Carlos Madeira
Contato: reginacelicavalcanti@gmail.com
55 (31) 99953.8711
Fotografia, arte e produção:
Henry Yu
Icambiaba – guerreira
amazônida
Pelo Tratado de
Tordesilhas assinado entre Espanha e Portugal antes da descoberta do Brasil, a
região amazônica deveria pertencer á Espanha.
Em 1542, Frei Gaspar
Carvajal, escrivão da frota espanhola da Expedição de Francisco Orellana, que
partiu do Equador descendo o rio Napo encontrando-se com o rio Ucayali, no
Brasil, Solimões, sentido oeste/leste da nascente a foz no oceano Atlântico. Ao
navegar por vários dias no enorme rio brasileiro de que ele chamou de Mar Dulce
(mar de águas doce), foram atacados por mulheres guerreiras – usavam bem suas
armas e eram tenazes no combate. Tinham um seio mutilado, sugerindo um constante
manuseio do arco e flecha, fortalecendo elementos para a confirmação do mito
antigo das amazonas inspirado na mitologia grega: “Amazon” ou sem seios. Nomeando-as
de Amazonas. E o grande rio foi batizado como Rio das Amazonas.
Carvajal contou que o
ataque foi na região do rio Nhamundá (divisa do estado do Amazonas com o Pará),
no lago Espelho da Lua, viviam um grupo de mulheres guerreiras Icambiabas (mulheres
sem homens). Eram altas, robustas e de cabelos longos. Andavam nuas e sempre
com arcos e flechas nas mãos. Trabalhavam na caça, na pesca, na cerâmica e
enfeites com plumas.
Neste lago, em noites de
lua cheia, recebiam visitas de homens de tribos vizinhas para a procriação. Os
nascidos do sexo masculino eram entregues aos pais. As meninas ficavam com elas,
criando-as com os mesmos costumes de guerreira. Mergulhavam no fundo do lago,
traziam um punhado de barro limoso que modelavam artefatos em forma de
batráquios – sapos e rãs conhecidos como muiraquitãs e aos quais atribuíam
virtudes de amuletos com perfurações para dar passagens aos fios que os
sustentavam e provavelmente usados como adornos.
Desde os tempos das
Grandes Navegações a Amazônia tem representado uma combinação de fascínios e
aventuras. Historiadores não dão conta
de suas múltiplas dimensões, não conseguem esgotá-las. Retrataram de forma
variada mesclando relatos pessoais, fatos históricos, estórias e lendas. Não
existe portanto, uma narrativa definitiva sobre o tema.
Referencias Bibliográficas:
Marques Horta, Carlos
Felipe de Melo - O grande livro do folclore – Editora Leitura – 2004 – Belo
Horizonte – MG;
Aguillar, Nelson – Mostra
do Redescobrimento – 500 anos do Brasil – 2000 - Fundação Bienal de São Paulo –
SP
Bueno, Eduardo – Brasil: uma
história – a incrível saga de um país – Editora Ática – 2ª Edição – 2.003 - SP.
Fevereiro: A Travessia do Mar Vermelho
Bordado
por: Eleonora de Fátima Dornas de Andrade
Narrativa bíblica
Desenho:
Murilo Pagani
Assessoria em pintura: Carol Perillo
Contato:
eleonora.andrade@hotmail.com
55 (31) 99821.6887
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
A Travessia do Mar
Vermelho ou Mar de Juncos constitui um
episódio na narrativa bíblica do Êxodo.
Ele fala sobre a fuga
dos israelitas,
liderados por Moisés, dos perseguidores egípcios,
conforme narrado no livro
do Êxodo.
Após as pragas do Egito, o Faraó concorda
em deixar os israelitas irem, e eles viajam de Ramessés a Sucote e
depois a Etã na
orla do deserto, liderados por uma coluna
de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo à noite.
Lá, Deus diz a Moisés
para voltar e acampar à beira-mar em Pi-Hairote,
entre Migdol e
o mar, bem em frente a Baal-Zefom.
Deus fez com que o Faraó
perseguisse os israelitas com carros,
e o Faraó os alcançou em Pi-hairote. Quando os israelitas veem o exército
egípcio, eles ficam com medo, mas a coluna de fogo e a nuvem separam os
israelitas e os egípcios.
Por ordem de Deus, Moisés
estendeu seu cajado sobre a água e, durante a noite, um forte vento leste
dividiu o mar, e os israelitas atravessaram em terra seca com uma parede de
água de cada lado. Os egípcios os perseguiram, mas ao amanhecer Deus obstruiu
as rodas das carruagens e os lançou em pânico, e com o retorno da água, o faraó
e todo o seu exército foram destruídos. Quando os israelitas
viram o poder de Deus, eles colocaram sua fé em Deus e em Moisés, e cantaram
uma canção de louvor ao Senhor pela travessia do mar e a destruição de seus
inimigos. (Esta canção está em Êxodo 15, e é chamada de Canção do Mar).