domingo, 27 de dezembro de 2015

Maio - O Alfaiate Valente








Conto: O Alfaiate Valente

Bordado por: Regina Drumond
reryreine@gmail.com
Autor: Irmãos Grimm
Desenho: Regina Drumond baseado em Olga Dugina e Andrej Dugin


Era uma vez... Em um país distante, vivia sozinho um alegre Alfaiate que, ao
ver um vendedor de geleia, comprou a geleia, passou em seu pão e o deixou
sobre a mesa para comer após o término de seu trabalho. E continuou a
costurar, cantarolando, cantarolando. A sua geleia atraiu algumas moscas,
que voaram em cima dela, mas o Alfaiate, tendo a costura em suas mãos,
deu um golpe sobre a mesa, derramando a geleia, e assim matou as moscas
que sobrevoavam a mesa !  Orgulhoso de sua proeza bordou em seu cinto as
palavras: "Sete de um só golpe.”
Alguns dias depois resolveu viajar pelo mundo para mostrar a todos como ele
era valente; colocou um pedaço de queijo em uma sacola e iniciou sua
viagem. No caminho encontrou um pássaro caído no chão e, com pena dele,
o colocou em sua sacola junto de seu queijo. E, alegre, continuou o seu
caminho,  andando ladeira acima, ladeira abaixo, quando, no alto de um
morro, encontrou com um enorme gigante e, ao se aproximar dele, disse:
Gigante, estou andando pelo mundo para mostrar como eu sou valente! Veja
o que está escrito em meu cinto: "Sete de um só golpe!” O gigante leu e,
muito impressionado, pensou que o pequeno Alfaiate havia matado sete
homens de um só golpe. E para tirar toda dúvida, o gigante desafiou o
Alfaiate: pegou uma pedra e a triturou em suas mãos, dizendo: Isto é muito
fácil de fazer. Então o Alfaiate tirou o queijo de sua sacola e o espremeu
entre as mãos sem muito esforço, impressionando o gigante novamente.
Mas... o esperto gigante pegou uma pedra e a atirou ao ar até alcançar uma
nuvem que passava. O nosso Alfaiate mais uma vez não se deu por
derrotado: tirou de sua sacola o pássaro que encontrara na estrada e o jogou
para o alto. O pássaro, feliz por se ver livre, voou bem alto, até sumir de vista.
E o gigante, espantado, achou melhor tratar bem aquele baixinho tão
perigoso e o convidou para passar uma noite em sua casa, convite este que
o Alfaiate aceitou imediatamente, pois já caia a noite. Na calada da noite,
enquanto o Alfaiate dormia, o gigante, com inveja e receio de seu hóspede,
resolveu matá-lo, quebrando ao meio a cama onde o Alfaiate dormia. Mas,
por estar encolhido, o Alfaiate escapou da morte sem que o gigante nada
percebesse. Ao amanhecer o pequeno Alfaiate ficou frente a frente com o
gigante, ameaçando-o com as mãos na cintura. O grandalhão, apavorado,
saiu correndo e os seus gritos foram ouvidos pelos soldados da guarda real
que, espantados, ficaram ao ver aquele gigante fugir com medo do pequeno
Alfaiate Valente.
Quando os soldados chegaram e perguntaram quem ele era, o Alfaiate
somente mostrou o seu cinto com os dizeres "sete de um golpe só ". Os
soldados, então, acharam melhor conduzir este herói ao palácio real, para
apresentá-lo ao Rei. O Rei, a Rainha e a Princesa ficaram admirados com a
valentia do Alfaiate que, reverenciando a Família Real,  ofereceu-lhes todos
os seus préstimos.
Assim, o Alfaiate Valente passou a morar em uma bela casa perto do Palácio,
sendo um dos convidados permanentes da Família Real. Mas... aconteceu
um dia que o Rei o chamou e lhe disse: Tenho uma tarefa para lhe dar, já
que você é forte e valente. Há em meu reino dois gigantes que perturbam e
assustam  o meu povo. Se você conseguir nos livrar deles, como pagamento
eu lhe darei a metade do meu reino e, como prêmio lhe concederei a mão da
princesa, a minha filha, em casamento.
O Alfaiate, entusiasmado, imediatamente aceitou esta tarefa e encaminhou-
se para a floresta, onde não demorou a encontrar os dois terríveis
homenzarrões, dormindo a sesta no campo e eles estavam de costas um
para o outro.
O Alfaiate, enchendo os seus bolsos de pedras pontiagudas, subiu na árvore
onde os dois gigantes estavam encostados, e atirou duas grandes pedras na
cabeça de um deles. Pare com isto! Gritou o gigante, e deu um soco na cara
do outro, que respondeu : Eu nada fiz,  você está sonhando!
Passado um tempo, os dois gigantes novamente adormeceram e roncaram
bem alto. O Alfaiate esperou um pouco e atirou mais duas pedras na cabeça
do segundo gigante que, furioso, acordou e partiu para cima do primeiro. Os
dois se envolveram em uma luta feroz, buscando pedaços de árvores para
atirar um no outro! Esta briga foi tão violenta, que os dois acabaram caindo
mortos! Missão cumprida disse o Alfaiate, sorridente.
E voltou ao palácio para relatar ao Rei o seu novo feito heroico. Entretanto,
no momento de premiar o Alfaiate, o Rei não cumpriu a sua promessa, mas
lhe encomendou uma nova tarefa, dizendo: Você foi valente, mas preciso de
mais um trabalho seu. Quero que você  traga para mim  o chifre de um
unicórnio selvagem que vive aqui na floresta.
A Princesa ficou temerosa deste novo pedido de seu pai, mas o Alfaiate
respondeu ao Rei : Isto será muito fácil para mim. Eu matei sete de um golpe
só e agora matei  mais dois gigantes malvados. Vou lhe trazer o chifre do
unicórnio, conforme a sua vontade, Majestade. E foi novamente para a
floresta. Ele nem andou muito quando investiu contra ele um enorme
unicórnio, feroz cavalo branco com chifre na testa! © 2015
Ágil como um gato, o Alfaiate pulou para trás de uma árvore, mas o unicórnio
em sua fúria e sem poder deter sua corrida, espetou o chifre no tronco da
árvore, ficando preso e sem poder levantar a cabeça! © Sem perder tempo, o
esperto Alfaiate tirou de sua sacola o machado e, com uma só machadada,
cortou o chifre do unicórnio que, ao se  livre do tronco, fugiu...
Muito bem, disse o Alfaiate, Esta missão também está cumprida! Quero ver
como a Sua Majestade vai me recompensar agora. Mas o Rei achava que o
Alfaiate não era nobre o bastante para ser seu genro. Ele o convidou para
morar no palácio, enquanto aguardava os preparativos para o casamento
com a Princesa. O Alfaiate Valente aceitou esta proposta do Rei.
E o  Rei, chamando os seus soldados, lhes deu a seguinte tarefa: Soldados,
esta noite, quando o Alfaiate estiver dormindo, invadam o seu quarto e o
amarrem bem amarrado, para nos livrar dele rapidamente! O Rei não sabia
que a Princesa, escondida na escada, escutava tudo. Ela já gostava do
Alfaiate e queria se casar com ele. Assim o avisou do perigo que corria,
dizendo-lhe: Você deve fugir daqui, e bem rápido, meu amor.  Fuja, fuja, fuja.
Não vou fugir! Não quero deixar você, minha querida ! Eu quero me casar
com você!
Eu também quero me casar com você!  disse a Princesa, mas temos de
esperar outro momento.  Agora, fuja! Fuja agora, rápido! - Não vou fugir! Eu
tenho um plano, respondeu o Pequeno Alfaiate. Assim foi para o seu quarto,
se escondeu detrás da porta e esperou pelos soldados que viriam prendê-lo.
Quando os soldados se aproximaram, rapidamente o Alfaiate abriu a porta e
gritou em alta voz: Eu já matei sete de um só  golpe, acabei com dois
gigantes, cortei o chifre de um unicórnio selvagem!  Eu não tenho medo dos
soldados que estão aí fora!
E os soldados, ao ouvir isto, saíram correndo, assustados e apavorados.
Assim o Rei foi obrigado a cumprir a promessa de sua filha casar com o
Alfaiate Valente.  E o nosso Alfaiate Valente  casou-se com a Princesa, foram
morar no Palácio e foram felizes para sempre.

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