Novembro
Conto: A Filha da Natureza, Criadora do mundo
Autor: Linda Finlandesa
Desenho:
Celma C. R. Vilela
Contato: vilelacelma@yahoo.com.br
Fotografia, arte e produção: Henry YuA Filha da Natureza, Criadora do mundo
Em todo o universo, apenas três coisas existiam: um rio, onde fluía
uma mistura de possibilidades; um espaço, vazio e negro e uma garota. O rio era o poder de movimento do universo. O espaço, o poder do silêncio e a garota, Luonnotar, filha de ambos.
Vivia sozinha. Não caminhava, não corria, não fazia nada; apenas repousava na tranquilidade do espaço, observando o rio fluindo para a eternidade.
Vagava, observava e esperava.
Certo dia sentiu o desejo e o vazio inimaginável; teve uma idéia e
sentiu-a como o nascer do primeiro sol de pensamento, brilhante e forte. Então,
ela agiu. Mergulhou do espaço para o rio e como nenhum ato é isento de
consequências, pois tudo no universo está conectado, algo aconteceu: uma pata
nadou até Luonottar e isso aconteceu porque ela se moveu mudando o eixo do
universo. Seu desejo de mudanças criou um novo mundo, no qual uma pata poderia
existir.
E a pata botou três ovos sobre os joelhos de Luonottar. O futuro, com todas as suas diversidades, aproximava-se e ela desejou aquele futuro. Cuidou da pata e dos ovos sobre seus joelhos.
Inesperadamente, a pata mudou sua posição e os preciosos ovos rolaram para o rio cósmico e se abriram.
Maravilhas jorraram!.
As gemas se juntaram formando uma esfera amarela que se elevou brilhante no céu.
As claras formaram uma lua prateada e dos fragmentos das cascas, cintilaram e resplandeceram incontáveis estrelas. A luz surgiu. Foi mágico.
E Luonottar mergulhou no rio celestial, avistou um pedaço de lama, pegou um pouco, formou um cone e colocou-o na superfície . Ele se elevou, transformando-se em montanha.
Mergulhou repetidas vezes e a cada vez criava algo novo: uma ilha, uma árvore, penínsulas, continentes, altos cumes, férteis planícies, flores, vento, rochas, animais, crianças.
No céu, inspiradas, as estrelas se uniram formando símbolos e desenhos. A lua aprendeu a mostrar suas faces; o sol, a nascer e a se por, dividindo em dia e noite o tempo sem fim.
Por fim, cansada, a Criadora sentou-se, apreciou tudo que tinha feito e soube que era bom.
Lenda da Finlândia
A Filha da Natureza, Criadora do Mundo
Longe, muito longe,
no fundo do domínio aéreo de Luonnutar, ficava o mar, tambem o infinito. A moça
tomou impulso e, a toda a velocidade, desceu das alturas onde vivia. Foi pousar
em pleno oceano, sobre a crista da ondas. Quando soprou um vento violento, ela
conheceu a tempestade e ficou muito tempo à deriva, jogada de um lado para o
outro, como um barquinho frágil.
Depois, veio a
calamaria e Luonnotar sentiu dentro de si uma força nova. Soube então que
estava esperando um filho, o qual só nasceria quando ela tivesse
preparado o mundo para recebê-lo.
Mas foi em vão.
Estaria condenada a vagar para sempre sobre as ondas? Ficou com medo e chorou,
implorando piedade ao Deus supremo , Ukko, senhor das vastas regiões do
ar.
Com os olhos
ofuscados pelas lágrimas, não viu a àguia de enormes asas que voava sobre a
imensidão marinha. Era uma fêmea, em busca de um lugar para constrir seu ninho.
Mas, coitada, aquele mundo de água e vento não lhe oferecia nenhum
abrigo, e ela começou a distanciar-se lançando gritos muito tristes.
Luonnotar ouvi-a e,
boiando de costas para melhor enxergar o pássaro, lenantou um joelho sobre as
ondas. A águia mergulhou para ilhota providencial, onde logo contruiu um ninho
e botou sete ovos - seis de ouro e um de ferro.
A ave chocou os ovos
durante três dias. Luonnotar nem ousava mexer-se, mas ao fim do terceiro dia
sentiu o joelho arder e não conseguiu permanecer imóvel. Esticou a perna e
sacudiu-a. Os Ovos rolaram, cairam na água e quebraram-se. Entretanto, em vez
de afundarem, os diferentes elementos que compunham cada ovo
transformaram-se, sob o olhar espantado de Luonnotar. As cascas quebradas dos
ovos de ouro ficaram gigantescas. Umas subiram, bem leves, até as
regiões mais altas do ar, onde, supensas, formaram a abóbada celeste. Outras se
juntaram para formar a Terra. As gemeas tornaram-se o Sol; as claras, a Lua. Já
os pedacinhos das cascas deram origems estrelas e às nuvens, confrme
fossem dos ovos de ouro ou do ovo de ferro.
Durante nove longos
anos, Luonnotar continuou à deriva. Agora, já podia distrair-se
contemplando o novo mundo que a cercava. Mas acabou cansando-se outra vez, pois
aquela Terra jovm era inteiramente plana e monótona. Por isso, no décimo verão,
Luonnotar resolveu embelezá-la com esculturas. Para esse trabalho de artista,
utilizou seu próprio corpo. Onde estendia o braço, nascia um promontório.
Modelou o litoral alisando-o com os quadris ou batendo-o com a testa. Seus pés
desenharam vales, e suas mãos criaramilhas e rochedos. Mergulhou no fundo do
abismo marinho e escavou grutas e cavernas. Onde encostava o corpo, brotaram
fontes fontes e rios.
Depois que se afastava,
surgiram lagos, os quais serviam de espelho ao sol. Terminado o trabalho,
Luonnotar enfim pôs no mundo o filho que trazia no ventre havia tantos anos - o
herói Wainamoinen, que seria o primeiro e cultivar a Terra modelada por sua mãe.
Celma C. R. Vilela
Lenda finlandesa
https://wwwatosefatos.blogspot.com/2012/07/criacao-do-mundo-finlandia.html?m=0
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