Dezembro
Bordado por: Rosângela Gualberto
Conto: Jorinda e Joringel
Autor: Irmãos Grimm
Desenho: Murilo Pagani
Contato: rosangelagualberto@uol.com.br
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(31) 98772 8302
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Jorinda e Joringel
Houve,
uma vez, no coração de uma floresta virgem, um enorme e antigo castelo, no qual
morava, completamente só, uma velha bruxa muito poderosa. Durante o dia, ela transformava-se
em gata ou em coruja, mas à noite retomava a forma humana. Se alguém,
porventura, se aproximasse do castelo, a cem passos de distância ficava retido
sem poder mover-se enquanto ela não o fosse libertar. E, se por acaso entrasse
naquele círculo uma jovem donzela, a bruxa logo a transformava em pássaro, que
prendia numa gaiola e carregava para determinada sala do castelo. Lá já havia
sete mil dessas gaiolas contendo pássaros raros.
Havia
nas proximidades uma donzela chamada Jorinda, que era mais linda que todas as
outras. Ela e um belíssimo jovem chamado Joringel estavam noivos. O dia do
casamento fora marcado para muito breve e os dois viviam radiantes, a
felicidade deles só era completa quando podiam estar um ao lado do outro.
Querendo
conversar e trocar confidências mais à vontade, foram certo dia dar um passeio
na floresta.
-
Toma cuidado, Jorinda, - disse o noivo, - não te aproximes demasiado do
castelo.
Era
uma tarde esplêndida; o sol brilhava por entre os galhos, pondo claras
luminosidades entre o verde escuro da floresta; sobre a velha faia a meiga
rolinha arrulhava melancolicamente.
Mas
Jorinda e Joringel se extraviaram do caminho de casa e olharam atemorizados
para todos os lados sem conseguir encontrá-lo. O sol já se ia escondendo por
trás da montanha quando o jovem avistou, por entre grandes moitas, os muros do
antigo castelo; estremeceu, tomado de angústia mortal. Jorinda, pus se a chorar
e cantou tristemente:
Meu pássaro de colerinha vermelha,
canta triste, sua triste sina.
Canta a morte da sua pombinha;
Ai que triste canto, tris... piu, piu,
piu.
Joringel
olhou para ela e viu que se havia transformado num rouxinol e cantava piu, piu, piu. Uma coruja de olhos
brilhantes como brasas voou três vezes em torno dela e três vezes gritou: Chu, u,
u.
Joringel
não podia mover-se, estava como que petrificado. Agora o sol já se havia posto;
a coruja voou para um arbusto e logo depois apareceu uma velha curva, amarela e
ressequida, com os grandes olhos vermelhos e o nariz adunco, cujo ponta lhe tocava
o queixo. Resmungou alguma coisa, agarrou o rouxinol, levou-o consigo e
desapareceu. Joringel não podia pronunciar uma palavra sequer, nem fazer um
gesto qualquer. Por fim a mulher voltou e disse com sua voz cavernosa:
- Eu
te saúdo, Zaquiel; quando a lua redondinha, pratear do cerefólio as folhinhas,
solta-o, Zaquiel, naquela horinha.
E Joringel,
depois dessas palavras, ficou libertado. Caiu aos pés da velha, suplicando-lhe
que lhe restituísse a querida Jorinda; mas ela, implacável, respondeu-lhe que
nunca mais a teria e com isso deu-lhe as costas e foi- se embora.
Joringel
pôs-se a perambular até que chegou a uma aldeia desconhecida e lá passou a
pastorear um rebanho de ovelhas. Dirigia-se, frequentemente, para os arredores
do castelo, sem contudo aproximar-se muito. Finalmente, certa noite sonhou que
achara uma flor vermelha como o sangue, a qual tinha no meio dos pistilos uma
belíssima pérola muito grande. Colheu a flor e dirigiu-se ao castelo; tudo o
que ele tocava com a flor logo se libertava do encanto e, no sonho, pareceu-lhe
recuperar por esse meio também a querida Jorinda.
Pela
manhã, quando despertou, pôs-se a procurar esta flor por entre vales e
montanhas. Procurou durante nove dias e ao nono dia, de manha bem cedo,
encontrou a flor vermelha como sangue. No meio dela estava uma gota de orvalho,
grande e linda como a mais esplêndida pérola.
Dia
e noite foi levando a flor, até chegar ao castelo. Lá chegando, tocou a porta
com a flor e ela abriu-se automaticamente. Então foi entrando, radiante de
alegria. Atravessou o pátio de ouvidos alertas, a fim de descobrir de onde
provinha aquele imenso trinar de pássaros. Por fim descobriu. Encaminhou-se
para aquela direção e encontrou a sala onde se encontrava a velha bruxa
alimentando os pássaros presos nas sete mil gaiolas. Entre tantas centenas de
gaiolas, como poderia descobrir a sua Jorinda?
Quando
a velha avistou Joringel, ficou louca de ódio e pôs-se a insultá-lo,
cuspindo-lhe na cara fel e veneno, mas, a dois passos de distância dele, ficou
paralisada. Ele não se perturbou, continuou a procurar entre as gaiolas. Enquanto
estava assim procurando, percebeu que a velha se apoderara de uma gaiola com um
pássaro dentro e ia tratando de escapulir-se. Imediatamente ele pulou junto
dela e com a flor tocou a gaiola e também a velha que, a esse toque, perdeu
todo o poder de encantamento.
E
Jorinda estava lá na sua frente, bela viçosa como sempre fora; tomou-a nos
braços, estreitando-a com imensa alegria.
Também
os outros pássaros, todos, graças ao toque da maravilhosa flor, recuperaram a
forma humana de lindas jovens. Depois disso, ele regressou para casa com a
querida Jorinda e viveram longos, longos anos, muito alegres e felizes.
Rosângela Gualberto
Jorinda e JoringelIrmãos Grimm
Conto
dos Irmãos Grimm
https://www.grimmstories.com/pt/grimm_contos/jorinda_e_joringel
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