Agosto
Bordado por:
Marie-Thérèse Pfyffer
Conto: A Rainha das Tulipas
Autor: Conto Holandês
Desenho:
Marie-Thérèse Pfyffer
Contato:
mtpfyffer@gmail.com
Fotografia,
arte e produção: Henry Yu
O rico mercador Busbeck tinha prometido à esposa trazer do Oriente
um maravilhoso presente. Na Turquia, num mercado, comprou por mil florins um
esplêndido tapete enfeitado de graciosas flores brancas. Perto de lá encontrou
um jardineiro e suas flores. Ficou surpreso em ver que elas se pareciam muito
com as do seu tapete. Em cada pote se erguiam caules altos com corolas
multicoloridas, brancas, vermelhas, azuis, amarelas que brilhavam ao sol como
fogos na noite.
“Esta flor é realmente a coisa mais bela deste mundo!” disse. O
jardineiro concordou: “Sim, Senhor. É a rainha das tulipas. Olhe bem para
ela!” E, por três vezes, a acariciou delicadamente e disse com ar de mistério:
“Aproxime a sua orelha da flor e ouvirá sua voz.” Busbeck achou que estava
sonhando ao vê-la de repente se transformar numa rainha, só que do tamanho de
uma bonequinha. Ela vestia um pequeno manto, usava a coroa real e sorria ao lhe
falar em holandês: “Senhor, o acompanharei até a sua pátria e lhe darei todas
as alegrias possíveis.” E voltou a ser como as outras, imóvel e muda. Encantado
com a lembrança do que viu, Busbeck sentiu seu coração se encher de um tenro
amor por esta flor tão charmosa. Comprou a tulipa e foi embora rápido, antes
que o jardineiro pudesse mudar de ideia.
Naquele dia seu navio, carregado de mercadorias, zarpou rumo à
Holanda. O mercador pendurou o tapete na parede da cabine e colocou o pote numa
mesinha. Assim, o quarto parecia um jardim flutuante. Mas, de repente, uma
violenta tempestade sacudiu o navio e quebrou o mastro principal, ondas
furiosas varreram o convés, levando tudo consigo. A tripulação mal teve tempo
de salvar-se no bote. Com eles estava Busbeck, que via naufragar toda a sua
fortuna. Mas tinha conseguido levar consigo o tapete e a tulipa, e pensava:
“Graças a Deus! Estou retornando com um presente especial para a minha mulher!”
De volta à pátria, Busbeck foi morar com a esposa numa casinha
simples e remota. Ao olhar o tapete enfeitando o quarto e a tulipa na janela,
diziam um para o outro: “Estas flores são os nossos filhos e toda nossa
alegria! Parece que a rainha das tulipas nos entende e conversa conosco! Sim!
Ela nos conta que está feliz porque a amamos!”
Os anos passaram, a tulipa sempre florescia e o casal envelhecia.
Uma noite, os dois adormeceram para sempre de mãos dadas. Então a tulipa, como
naquele dia na Turquia, voltou a ser rainha. “Acordem e desabrochem!” ordenou.
As flores do tapete obedeceram e formaram um canteiro branco no meio da sala. A
rainha distribuiu uma a uma todas as suas cores, o canteiro se coloriu e se
espalhou pela casa, pelo jardim, pela redondeza. A rainha abaixou a cabeça,
deixou cair a sua coroa e sua pétalas, inclinou-se lentamente e foi reencontrar
papai e mamãe Busbeck.
Marie-Thérèse Pfyffer
A Rainha das Tulipas
Conto holandês
Conto holandês in:
Contes et Légendes d’Europe. V2. Société des Produits Nestlé. Vevey.
1952.
Adaptação de Marie-Thérèse Pfyffer
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