Cobra Honorato
Bordado por: Regina Celi de Deus
Vieira Cavalcanti Silva
Lenda
amazônica
Desenho: Carla Rodrigues
Andrade
Contato: reginacelicavalcanti@gmail.com
55
(31)99953.8711
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Raul
Bopp
Conta a lenda que ...
Uma
índia Tapuia teve filhos gêmeos nas margens do Cachoeiri, entre os rios
Amazonas e Trombetas nas proximidades da cidade de Óbidos/PA.
Gerados
no ventre humano, os lendários recém-nascidos vieram ao mundo com forma de duas
serpentes e ganharam os nomes de Norato e Maria Caninana.
Cobra Norato era uma cobra
d’água, uma serpente
forte e boa. Salvava muitas pessoas e peixes. Enquanto Maria Caninana era má, violenta,
fazia maldades, como afundar barcos e ferir os animais.
Cobra
Norato, tomando consciência de todas as maldades e sofrimentos que sua irmã causava,
não só aos humanos como também aos entes fantásticos e animais dos rios, se viu
na obrigação de repreendê-la. O desentendimento dos gêmeos culminou numa luta
terrível no meio do rio, e Cobra Norato matou a irmã.
Cobra
Norato passava o dia como cobra, nadando esperando a chegada da noite. Quando a
lua surgia no céu, ele saía da água, arrastando o corpo pela areia, e virava
homem. Ao amanhecer enfiava-se novamente no couro de cobra que deixara na
margem e mergulhava nas águas do rio.
Norato
em forma humana visitava a mãe, fazia amigos e namorava. Nutria o sonho de
manter-se com aparência humana. Havia um modo dele desencantar e se livrar da
maldição: alguém precisava derramar leite humano em sua boca e, com um golpe de
ferro virgem, furar a sua cabeça até que sangrasse.
Numa
noite conheceu um soldado que era famoso pela sua bravura. Então Norato fez o
pedido ao novo amigo, que resolveu ajudá-lo com todos os rituais sabidos. Assim,
num dia, antes do sol nascer, saiu de dentro da cobra... um homem.
O
encanto havia sido quebrado. Norato pertencia de vez a linhagem humana. Deixou
de viver nas águas para viver na terra.
Cobra Norato também conhecida como Honorato, é
uma lenda das mais famosas do folclore paraense, criada
pela imaginação poética dos povos da floresta, contada nos versos das águas com
magia e tragédia. É uma fusão de dois mitos amazônicos: o da Cobra Grande e o do Boto.
Referência
Bibliográfica:
Livro
Coleção Turma da Mônica – Lendas Brasileiras – vol 4
Autor:
Souza, Maurício
Editora
Girassol Brasil Edições – 2018.
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