segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Cobra Honorato - JANEIRO

 Cobra Honorato


Bordado por: Regina Celi de Deus Vieira Cavalcanti Silva
Lenda amazônica
Desenho: Carla Rodrigues Andrade
Contato: reginacelicavalcanti@gmail.com
55 (31)99953.8711
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Raul Bopp

Conta a lenda que ...

Uma índia Tapuia teve filhos gêmeos nas margens do Cachoeiri, entre os rios Amazonas e Trombetas nas proximidades da cidade de Óbidos/PA.

Gerados no ventre humano, os lendários recém-nascidos vieram ao mundo com forma de duas serpentes e ganharam os nomes de Norato e Maria Caninana.

Cobra Norato era uma cobra d’água, uma serpente forte e boa. Salvava muitas pessoas e peixes. Enquanto Maria Caninana era má, violenta, fazia maldades, como afundar barcos e ferir os animais.

Cobra Norato, tomando consciência de todas as maldades e sofrimentos que sua irmã causava, não só aos humanos como também aos entes fantásticos e animais dos rios, se viu na obrigação de repreendê-la. O desentendimento dos gêmeos culminou numa luta terrível no meio do rio, e Cobra Norato matou a irmã.

Cobra Norato passava o dia como cobra, nadando esperando a chegada da noite. Quando a lua surgia no céu, ele saía da água, arrastando o corpo pela areia, e virava homem. Ao amanhecer enfiava-se novamente no couro de cobra que deixara na margem e mergulhava nas águas do rio.

Norato em forma humana visitava a mãe, fazia amigos e namorava. Nutria o sonho de manter-se com aparência humana. Havia um modo dele desencantar e se livrar da maldição: alguém precisava derramar leite humano em sua boca e, com um golpe de ferro virgem, furar a sua cabeça até que sangrasse.

Numa noite conheceu um soldado que era famoso pela sua bravura. Então Norato fez o pedido ao novo amigo, que resolveu ajudá-lo com todos os rituais sabidos. Assim, num dia, antes do sol nascer, saiu de dentro da cobra... um homem.

O encanto havia sido quebrado. Norato pertencia de vez a linhagem humana. Deixou de viver nas águas para viver na terra.

Cobra Norato também conhecida como Honorato, é uma lenda das mais famosas do folclore paraense, criada pela imaginação poética dos povos da floresta, contada nos versos das águas com magia e tragédia. É uma fusão de dois mitos amazônicos: o da Cobra Grande e o do Boto.

 

Referência Bibliográfica:
Livro Coleção Turma da Mônica – Lendas Brasileiras – vol 4
Autor: Souza, Maurício
Editora Girassol Brasil Edições – 2018.


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