A Lenda do Búfalo Branco
Bordado por: Magda Pina
Lenda dos índios Lakota da América do Norte
Desenho: Murilo Pagani
Contato: magdapinaa@gmail.com
55 (31)99122.9056
Fotografia, arte e produção: Henry Yu
Conta uma profecia dos índios lakota que em algum momento regressará a
nós a mulher do búfalo branco, uma mulher sábia portadora de magia que
restaurará com seu poder a união entre todos os filhos da Mãe Terra e nosso
equilíbrio com a natureza
Muito tempo atrás, durante um período de fome, guerras e desavenças
entre os povos, dois jovens guerreiros lakota passeavam com seus cavalos magros
buscando algo para caçar. De repente vislumbraram no horizonte uma figura
feminina envolta em uma luz cálida, em uma bruma de fascinantes clarões de luz.
A mulher estava acompanhada de um búfalo branco. Era alta, esbelta e
usava um vestido com bordados sagrados, uma pluma no cabelo e folhas de sálvia
na mão. Era tão bonita que um dos jovens não hesitou em aproximar-se dela com o
desejo de possuí-la. No entanto, e antes que pudesse sequer tocar sua pele, uma
nuvem escura pairou sobre ele disparando um raio de fogo. Ficou carbonizado em
poucos segundos. O outro jovem guerreiro se ajoelhou imediatamente,
aterrorizado, pensando que teria a mesma sorte. No entanto, a bela mulher acariciou
seu cabelo e falou que era uma wakan, uma mulher que tinha vindo para
ajudar seu povo.
A mulher santa foi recebida com muita expectativa no povoado lakota.
Prepararam-lhe a melhor tenda e, quando ela se acomodou, a manhã se transformou
em crepúsculo e uma luz de cor âmbar com raios rosados envolveu aquelas terras.
Apesar da fome e da miséria, os lakotas ofereceram o que tinham de melhor:
algumas raízes, alguns insetos, ervas secas e água fresca.
E a mulher do búfalo branco lhes ofereceu tabaco de salgueiro vermelho e
os convidou a fumar o cachimbo de paz. Depois os chamou para dar voltas ao
redor das tendas para honrar o sol, criar um círculo de força com a vida e
agradecer. Mais tarde, apresentou-lhes uma série de práticas espirituais,
formas de reverenciar a natureza orando com palavras corretas e celebrando
ritos ancestrais que o povoado lakota já tinha esquecido.
Ela os convidou a entoar cânticos para fazer a Terra feliz, melodias,
versos e entoações que deviam ser dirigidas às quatro direções do universo.
Lembrou também a importância de praticar a cerimônia do cachimbo da paz, onde
homens e mulheres se reunem para honrar suas almas, o próprio grupo e sua união
com o além.
Na hora que ela partiu surgiram do horizonte manadas de búfalos pretos.
Eram tantos que fizeram o solo tremer debaixo de seus pés e que as montanhas ficaram
escuras. Com a chegada desses animais, que representavam a sobrevivência, uma
força nova começou a bombear. E a partir desse dia, o búfalo forneceu carne como
alimento, pele para as roupas e tendas, e ossos para as ferramentas.
A mulher do búfalo branco se despediu dizendo que ela os protegeria enquanto
realizassem as cerimônias sagradas e cuidassem da Terra. Ela os deixou dizendo:
Toksha ake wacinyanktin ktelo (“eu os verei de novo”) e, até hoje, muitos
Lakotas repetem essa mensagem de esperança.
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