segunda-feira, 25 de novembro de 2024

CALENDÁRIO 2025

 Somos 12 bordadeiras, que se dedicam a bordar cada uma, um mês um conto, uma estória, uma lenda! 

Com as linhas traçando a magia dos contos, damos formas a essa mágica viagem!

Um grande sucesso para presentear com um toque de magia, contos, pontos e panos! 

Faça seu pedido com as bordadeiras abaixo. 
Os contatos estão em cada mês com as respectivas bordadeiras!





Cobra Honorato - JANEIRO

 Cobra Honorato


Bordado por: Regina Celi de Deus Vieira Cavalcanti Silva
Lenda amazônica
Desenho: Carla Rodrigues Andrade
Contato: reginacelicavalcanti@gmail.com
55 (31)99953.8711
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Raul Bopp

Conta a lenda que ...

Uma índia Tapuia teve filhos gêmeos nas margens do Cachoeiri, entre os rios Amazonas e Trombetas nas proximidades da cidade de Óbidos/PA.

Gerados no ventre humano, os lendários recém-nascidos vieram ao mundo com forma de duas serpentes e ganharam os nomes de Norato e Maria Caninana.

Cobra Norato era uma cobra d’água, uma serpente forte e boa. Salvava muitas pessoas e peixes. Enquanto Maria Caninana era má, violenta, fazia maldades, como afundar barcos e ferir os animais.

Cobra Norato, tomando consciência de todas as maldades e sofrimentos que sua irmã causava, não só aos humanos como também aos entes fantásticos e animais dos rios, se viu na obrigação de repreendê-la. O desentendimento dos gêmeos culminou numa luta terrível no meio do rio, e Cobra Norato matou a irmã.

Cobra Norato passava o dia como cobra, nadando esperando a chegada da noite. Quando a lua surgia no céu, ele saía da água, arrastando o corpo pela areia, e virava homem. Ao amanhecer enfiava-se novamente no couro de cobra que deixara na margem e mergulhava nas águas do rio.

Norato em forma humana visitava a mãe, fazia amigos e namorava. Nutria o sonho de manter-se com aparência humana. Havia um modo dele desencantar e se livrar da maldição: alguém precisava derramar leite humano em sua boca e, com um golpe de ferro virgem, furar a sua cabeça até que sangrasse.

Numa noite conheceu um soldado que era famoso pela sua bravura. Então Norato fez o pedido ao novo amigo, que resolveu ajudá-lo com todos os rituais sabidos. Assim, num dia, antes do sol nascer, saiu de dentro da cobra... um homem.

O encanto havia sido quebrado. Norato pertencia de vez a linhagem humana. Deixou de viver nas águas para viver na terra.

Cobra Norato também conhecida como Honorato, é uma lenda das mais famosas do folclore paraense, criada pela imaginação poética dos povos da floresta, contada nos versos das águas com magia e tragédia. É uma fusão de dois mitos amazônicos: o da Cobra Grande e o do Boto.

 

Referência Bibliográfica:
Livro Coleção Turma da Mônica – Lendas Brasileiras – vol 4
Autor: Souza, Maurício
Editora Girassol Brasil Edições – 2018.


Bumba meu boi - FEVEREIRO

 Bumba meu boi


Bordado por: Eleonora de Fátima Dornas de Andrade
Folclore brasileiro
Desenho: Murilo Pagani
Assessoria em pintura: Carol Perillo
Contato: eleonora.andrade@hotmail.com
55 (31) 99821.6887 
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Mãe Catirina e Pai Francisco, um casal de escravizados, vive em uma fazenda no sertão. Grávida, Catirina sente o desejo de comer a língua do boi mais bonito da fazenda. Para satisfazer o desejo de sua mulher, Pai Francisco rouba o boi preferido do dono da fazenda, mata o animal e retira a língua para que sua esposa possa comê-la. O vaqueiro fica sabendo do roubo e da morte do boi e avisa seu patrão. Enfurecido, o dono das terras jura vingança e parte em busca do casal. No fim do auto, os personagens conseguem ressuscitar o boi, e, como agradecimento, o dono da fazenda promove uma festa.

O Bumba meu boi é uma festa popular, com predominância nas regiões Norte e Nordeste, que teve origem no folclore brasileiro. A festividade é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
 
O Bumba meu boi surgiu na região Nordeste, no século XVIII, época em que o gado era de extrema importância na economia local. O auto do boi retrata as diferentes visões sobre o boi e a sua imponência. Para os escravizados e trabalhadores rurais, o animal era companheiro de trabalho e sinônimo de força. Para os proprietários de fazendas, investimento seguro e uma fonte de renda.

Malala, a Menina que Queria Ir para a Escola - MARÇO

 Malala, a Menina que Queria Ir para a Escola


Bordado por: Débora Magnólia
Autor: Adriana Carranca
Desenho: Grazielle Magnólia
Contato: magnolia4652@gmail.com
55 (31)99972.7583
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


O caminho da escola, narra a história de uma menina que sonha ir para escola. Filha de uma

família vulnerável de refugiados. O pai, a menina e o irmão, saem à noite, eles levam somente o essencial, que para ela era a mochila e a boneca. Eles atravessam o deserto com inúmeras dificuldades, tais como sede, tempestade de areia e até a morte do irmão, que foi deixado numa gruta dormindo. Mas a menina consegue seu intento e chega à escola após um longo caminho.


Grande Sertão Veredas - ABRIL

 Grande Sertão Veredas


Bordado por: Fernanda de Almeida Amaral
Autor: João Guimarães Rosa
Desenho: Murilo Pagani
Contato: faamaral@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”

João Guimarães Rosa.

 

“Grande Sertão: Veredas” é um dos mais belos clássicos da literatura brasileira.

O livro nos revela a história de Riobaldo, um homem muito inteligente e letrado, que conta as aventuras vividas durante o tempo em que fez parte de um bando de jagunços em sua juventude.

Por meio da história, ficamos sabendo que Riobaldo, depois que sua mãe morre, vai morar com seu padrinho em uma fazenda. Nesta fazenda, conhece o bando de jagunços liderado por Joca Ramiro e decide se juntar a eles. É quando conhece e estreita laços de amizade com Diadorim (Reinaldo).

Depois de um período de paz no sertão Joca Ramiro acaba sendo traído e morto por Hermógenes, líder de outro bando.

Assim, há uma guerra entre bandos, de um lado, aquele em que Riobaldo e Diadorim fazem parte e um de outro, o bando formado por Hermógenes e Ricardão.

O livro narra as viagens pelo sertão, as lutas, as dificuldades de sobrevivências, e descreve as belezas da natureza enquanto o protagonista faz muitas reflexões filosóficas sobre o bem e o mal, espiritualidade e amor.

O conflito finalmente acaba quando Hermógenes morre durante a batalha no Paredão, onde Diadorim também perde sua vida.

Neste momento, Riobaldo descobre que seu amigo que perdeu a vida, e a quem ele amava, era Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins, filha do antigo líder do grupo – Joca Ramiro, que se disfarçava de homem, em busca da vingança pelo pai.


Lampião e Maria Bonita - MAIO

 Lampião e Maria Bonita


Bordado por: Silvânia Maria Carvalho de Araújo
Tradição oral do Nordeste brasileiro
Desenho: Murilo Pagani
Contato: silvaniamar@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


A história de Virgulino Ferreira da Silva está presente na vida do sertão do Nordeste brasileiro, indo além das terras de Sergipe, onde foi morto. Menino alegre, tocador de sanfona, vaqueiro, bom de tiro, o que lhe valeu o apelido de Lampião devido à sua rapidez com o uso da arma que, em suas mãos, parecia ter luz própria. Vivia sob o teto dos “coronéis” que brigavam pela posse de terra e comando na região, que em clima de disputa gerava o exército de cangaceiros. Quando o Pai de Virgulino foi assassinado, ele jurou vingança, assim, o menino vaqueiro virou cangaceiro. Andando pelo sertão, ora pedia apoio com comida, abrigo e dinheiro; ora gerava violência e pânico pelo sertão nordestino. Dessa forma, criou-se o mito do bando de cangaceiros de Lampião. Bando que recebia auxílio e proteção de coronéis em troca de favores e serviços ou aguçava a rivalidade dos coronéis. Assim. Agia o bando de acordo com as suas conveniências, podendo ter festas ou mortes quando o bando entrava em uma cidade.

Maria Dea de Oliveira entra na história, a Maria Bonita era menina letrada, maravilhada com o mito do homem valente, apaixonada como um fã pelo seu ídolo. Menina casada por obrigação com um homem mais velho, faz um poema de amor para o mito do cangaço. O suficiente para encantar Lampião e acender o fogo da paixão. Está formado o casal mais unido, temido e amado do sertão nordestino. Ela entrou para o cangaço, incorporou os atos do grupo, aprendeu a usar as armas, a viver de correndo da polícia e, acima de tudo, trouxe as mulheres para o cangaço.

A história de amor de Maria Bonita e Lampião é contada em verso e prosa, nas músicas, nas ilustrações em todo o nordeste brasileiro. Eles permaneceram juntos até a morte de ambos na emboscada em Angicos, em 1938. Amor esse que se sustentou em um clima turbulento no espaço do árido sertão de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, eternizado na cultura popular brasileira. 

Polegarzinha - JUNHO

 Polegarzinha


Bordado por: Wânia Lúcia Martins Abreu
Assessoria no bordado: @spradoartes
Autor: Hans Christian Andersen
Desenho e aquarela: @artquiltcris
Contato: wlm.abreu@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Em um povoado distante, havia um casal que queriam muito um filho, mas não conseguiam.

Encontraram uma feiticeira e ganharam uma semente para que plantassem e esperassempelo filho. E assim, no dia seguinte ao acordar, a mulher viu que do vaso havia brotado umalinda flor e dentro uma linda menina, tão pequenina e de uma beleza sem fim. Lhe deram onome de Polegarzinha. Ali vivia feliz...

Numa noite, apareceu um grande sapo que se encantou com sua beleza e a levou com a intenção de que seu filho a aceitasse como esposa. Começaram os preparativos e a colocaram dentro de um riachinho, numa folha, amarrada, para que ela não fugisse. Ela chorava tanto que todos os peixinhos ficaram com muita dor dela. Sensibilizados ajudaram na sua fuga.

Ela navegou pelas águas, no meio das flores até chegar em terra. Encontrou um rato enorme, e pediu ajuda. Ele a levou consigo e em troca ela cuidaria da casa e contaria histórias para o fazer feliz. Com o passar dos dias o rato conversou com Polegarzinha, que o melhor seria ela se casar com a Toupeira, que era seu amigo, e gostava muito de histórias e música. Sem ter como negar foi conhecer a Toupeirira. Como era de se esperar, a Toupeira se apaixonou e passeava sempre com ela. Um dia passaram por uma galeria subterrânea e encontraram um lindo pássaro, parecia morto. Não aceitando isso, Polegarzinha resolveu cuidar dele, teceu uma linda manta e o agasalhou. Tratou dele com carinho até que ele se recuperou e convidou Polegarzinha a ir embora com ele. Depois de pensar, Polegarzinha resolveu partir com ele.

Ela se apaixonou. Casaram-se, e ele a transformou em uma linda rainha, mas achava que seu nome não combinava com sua beleza e passou a chamá-la de Maia. E assim viveram felizes para sempre.

Voando alto entre as penas do pássaro, Polegarzinha via beleza no mar, nas arvore, no vento. Foram dias viajando. Ao posar ela foi colocada em uma linda flor, tão feliz que no começo nem percebeu que lá dentro tinha um homenzinho tão pequenino quanto ela, com uma coroa e asas.

Pégaso - JULHO

 Pégaso


Bordado por: Amarilis Bracher
Lenda grega
Desenho: Amarilis Bracher
Contato: amarilisbracher@gmail.com
55 (31)98523.6215
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Amarilis Bracher

Pegasus, filho do amor impossível de Poseidon pela Medusa, nasceu envolto em um turbilhão de raios e trovões, no momento em que gotas do sangue da górgona, decapitada por Perseu, tocam a superfície da água.

Magnífico, todo branco, esse cavalo alado emerge da espuma que se forma nesse turbilhão sobre a água.

Seus cascos golpeiam as rochas do Monte Hélicon, perto do bosque consagrado às Musas, e uma fonte brota ali – a fonte Hipocrene, que se tornará um símbolo do espírito criador de poetas e artistas.

Tempos depois, Poseidon oferece Pegasus a seu filho Belerofonte, que consegue domá-lo com a ajuda de Atena.

E logo tem início toda uma saga de aventuras e desafios perigosos impostos ao herói, que são vencidos um a um, culminando com a destruição da terrível Quimera.

Ao deixar-se dominar pela vaidade e orgulho, Belerofonte torna-se tão arrogante, a ponto de querer voar alto em seu corcel alado para juntar-se aos deuses no Olimpo, provocando a fúria de Zeus, que faz com que Pegasus derrube o guerreiro, enviando vespas para picá-lo.

Atena vem em socorro do herói e amortece sua queda, impedindo que morra.

Complacente com Pegasus, Zeus permite que continue voando cada vez mais alto até alcançar as estrelas e transformar-se em uma constelação.

Tendo sobrevivido à queda, Belerofonte passa o resto de seus dias mendigando e procurando por seu corcel alado, sem saber que bastava olhar o céu para encontrá-lo entre as estrelas.

Depois de subir aos céus e se transformar em constelação, Pegasus recebe de Zeus a tarefa de conduzir o poder dos raios e trovões e as luzes da aurora.

Voando sem limites de espaço e tempo, Pegasus transforma-se também em símbolo de imortalidade e liberdade suprema. 

Omulu ganha as pérolas de Iemanjá - AGOSTO

 Omulu ganha as pérolas de Iemanjá


Bordado por: Siomara Goulart
Mito africano e afro-americano
Desenho: Siomara Goulart
Contato: siomara.goulart@gmail.com
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Omulu foi salvo por Iemanjá quando sua mãe, Nanã Burucu, ao vê-ló doente,  coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia. 

Iemanjá recolheu Omulu e o lavou com a água do mar. O sal da água secou suas feridas. 

Omulu tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola. 

Iemanjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia. E com ela ele escondia as marcas de suas doenças. 

Ele era um homem poderoso. Andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro ora de cura, ora de saúde, ora de doença. Mas continuava sendo um homem pobre. 

Iemanjá não se conformava com a pobreza do filho adotivo. Ela pensou: 

“Se eu dei a ele a cura, a saúde, não posso deixar que seja sempre um homem pobre”.

Ficou imaginando quais riquezas poderia dar a ele. Iemanjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caranguejos, as conchas, os corais. Tudo aquilo que dava vida ao oceano pertencia a sua mãe, Olucum, e ela dera tudo a Iemanjá.

Iemanjá resolveu então ver suas jóias. Tinha algumas, mas enfeitava-se mesmo era com algas. Ela enfeitava-se com a água do mar, vestia-se de espuma. Ela adornava-se com o reflexo de Oxu, a Lua. Mas Iemanjá tinha uma grande riqueza e essa riqueza eram as pérolas, que as ostras fabricavam para ela. 

Iemanjá, muito contente com a sua lembrança, chamou Omulu e lhe disse: 

“De hoje em diante, és tu quem cuidas das pérolas do mar. Serás assim chamado de Jeholu, o Senhor das Pérolas “. 

Por isso as pérolas pertencem a Omulu. Por baixo de sua roupa de ráfia, enfeitando seu corpo marcado de chagas, Omulu ostenta colares e mais colares de pérola, belíssimos colares.   

Bibliografia: Mitos dos Orixás de Reginaldo Prandi 

 Curiosidades:  

Ele usa um Xaxará na mão , uma espécie de vassoura, com fios de palha e decorada com pequenas cabaças, búzios.
Omulu e Obaluaê são os mesmos orixás. Data comemorativa: 16 de agosto.

A Lenda do Búfalo Branco - SETEMBRO

 A Lenda do Búfalo Branco


Bordado por: Magda Pina
Lenda dos índios Lakota da América do Norte
Desenho: Murilo Pagani
Contato: magdapinaa@gmail.com
55 (31)99122.9056
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Conta uma profecia dos índios lakota que em algum momento regressará a nós a mulher do búfalo branco, uma mulher sábia portadora de magia que restaurará com seu poder a união entre todos os filhos da Mãe Terra e nosso equilíbrio com a natureza

Muito tempo atrás, durante um período de fome, guerras e desavenças entre os povos, dois jovens guerreiros lakota passeavam com seus cavalos magros buscando algo para caçar. De repente vislumbraram no horizonte uma figura feminina envolta em uma luz cálida, em uma bruma de fascinantes clarões de luz.

A mulher estava acompanhada de um búfalo branco. Era alta, esbelta e usava um vestido com bordados sagrados, uma pluma no cabelo e folhas de sálvia na mão. Era tão bonita que um dos jovens não hesitou em aproximar-se dela com o desejo de possuí-la. No entanto, e antes que pudesse sequer tocar sua pele, uma nuvem escura pairou sobre ele disparando um raio de fogo. Ficou carbonizado em poucos segundos. O outro jovem guerreiro se ajoelhou imediatamente, aterrorizado, pensando que teria a mesma sorte. No entanto, a bela mulher acariciou seu cabelo e falou que era uma wakan, uma mulher que tinha vindo para ajudar seu povo.

A mulher santa foi recebida com muita expectativa no povoado lakota. Prepararam-lhe a melhor tenda e, quando ela se acomodou, a manhã se transformou em crepúsculo e uma luz de cor âmbar com raios rosados envolveu aquelas terras. Apesar da fome e da miséria, os lakotas ofereceram o que tinham de melhor: algumas raízes, alguns insetos, ervas secas e água fresca.

E a mulher do búfalo branco lhes ofereceu tabaco de salgueiro vermelho e os convidou a fumar o cachimbo de paz. Depois os chamou para dar voltas ao redor das tendas para honrar o sol, criar um círculo de força com a vida e agradecer. Mais tarde, apresentou-lhes uma série de práticas espirituais, formas de reverenciar a natureza orando com palavras corretas e celebrando ritos ancestrais que o povoado lakota já tinha esquecido.

Ela os convidou a entoar cânticos para fazer a Terra feliz, melodias, versos e entoações que deviam ser dirigidas às quatro direções do universo. Lembrou também a importância de praticar a cerimônia do cachimbo da paz, onde homens e mulheres se reunem para honrar suas almas, o próprio grupo e sua união com o além.

Na hora que ela partiu surgiram do horizonte manadas de búfalos pretos. Eram tantos que fizeram o solo tremer debaixo de seus pés e que as montanhas ficaram escuras. Com a chegada desses animais, que representavam a sobrevivência, uma força nova começou a bombear. E a partir desse dia, o búfalo forneceu carne como alimento, pele para as roupas e tendas, e ossos para as ferramentas.

A mulher do búfalo branco se despediu dizendo que ela os protegeria enquanto realizassem as cerimônias sagradas e cuidassem da Terra. Ela os deixou dizendo: Toksha ake wacinyanktin ktelo (“eu os verei de novo”) e, até hoje, muitos Lakotas repetem essa mensagem de esperança.

https://ixma.org.br/a-lenda-da-mulher-bufalo-branco/


O Desejo da Bruxa - OUTUBRO

O Desejo da Bruxa 
Conto americano

Bordado por: Alda Andrade
Conto popular dos Estados Unidos
Desenho: Murilo Pagani
Contato: aldaluciad@gmail.com
55 (31)99993.1286
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Era uma vez uma bruxa que tinha um grande desejo: ela não queria mais ser bruxa, queria ser uma linda fada. 
Então ela pesquisou nos livros de bruxarias, atrás de uma poção mágica. Misturou bem todos os ingredientes, mas na hora de tomar o líquido que transformaria a sua vida, não conseguia se lembrar das palavras mágicas. 
Começou a experimentar todas que se lembrava:
“Pé de cabra, abracadabra!”
“Pó de pirlimpimpim, a bruxa chegou ao fim!”
“Pé de sapo, raio e corisco, eu não quero ser mais isto!”
“Em vez de uma bruxa feia e má, eu quero ser a fada melhor que há!” 
Nada acontecia e a bruxa começou a ficar furiosa. Resolveu então ir para seu quarto tirar uma soneca. E durante a soneca, sonhou com as palavrinhas mágicas: “Por favor.” 
Voltou para a sala, aqueceu a poção de novo, se serviu e falou:
“Em vez de uma bruxa feia e má, por favor, quero ser a fada melhor que há!”
Ouviu-se, então, uma enorme explosão!
E a bruxa feia e má se transformou numa linda fada!


Como a Via Láctea surgiu no céu - NOVEMBRO

 

Como a Via Láctea surgiu no céu


Bordado por: Marie-Thérèse Pfyffer
Conto da Lituânia
Desenho: Murilo Pagani
Fotografia, arte e produção: Henry Yu



Durante a Criação, Ilmatütar, filha do Tempo, recebeu a tarefa de cuidar dos pássaros e protegê-los. Ela acolhia as aves migratórias, as alimentava e lhes dava força para a longa viagem que os esperava. Todo o céu tinha ouvido falar de beleza de Ilmatütar e até as estrelas a cortejavam.

A Estrela da Tarde pediu a sua mão, mas Ilmatütar respondeu:

- Você não é o seu próprio mestre, apenas acompanha o Sol. Não serve para ser meu esposo.

A Estrela Polar chegou numa esplêndida carruagem puxada por sete alazões brilhantes, trazendo sete presentes. Mas Ilmatütar os recusou e disse:

- Você apenas permanece num único lugar determinado. Não quero uma vida assim.

A Lua chegou numa carruagem prateada puxada por doze belíssimos cavalos brancos, trazendo doze presentes. Mas Ilmatütar rejeitou tanto a Lua quanto os seus presentes:

- Você muda demais o tempo inteiro. Não posso confiar em você.

Tempos depois uma carruagem dourada chegou puxada por vinte e quatro raposas douradas, trazendo o Sol e vinte quatro presentes. Mas Ilmatütar igualmente os recusou:

- Todo dia você segue o mesmo caminho. Não quero ser a sua esposa.

Um dia chegou uma carruagem de diamantes puxada por mil cavalos trazendo o Senhor da Aurora Boreal. Seus servos levavam ouro, prata e diamantes. Ele resplandecia tanto que ofuscava. Ilmatütar inclinou-se e falou:

- Você é o seu próprio dono, atravessa o céu como quer e descansa quando lhe dá vontade, sempre aparece com roupas novas e novos companheiros. Você é o esposo certo para mim.

Celebraram o noivado e sentiram-se felizes juntos. Depois de meia-noite, o Senhor da Aurora Boreal pôs-se a caminho na sua esplêndida carruagem e disse para a sua noiva:

- Logo voltarei. Enfeite-se com meus presentes e prepare o casamento.

E assim fez Ilmatütar.

Ela esperou e esperou. Dias e noites se passaram. Quando o inverno passou, Ilmatütar já tinha perdido a esperança do que o Senhor da Aurora Boreal voltasse. Derramada em lágrimas, perdida no seu desespero, ela não viu a primavera a sua volta e nem se lembrou de cuidar dos pássaros, não os alimentou mais e nem lhes mostrou mais o caminho. Alguns deles voaram até o Criador para relatar o sofrimento de Ilmatütar.

Finalmente, o Criador se compadeceu deles e de Ilmatütar. Enviou seus mensageiros, os ventos, que alçaram Ilmatütar cuidadosamente e a deitaram na abóbada do céu. Para que ela não caísse na Terra, o Criador prendeu o véu da noiva no arco do céu, usando os inúmeros diamantes presenteados pelo Senhor da Aurora Boreal.

Ilmatütar percebeu que algo tinha mudado ao seu redor. Abriu os olhos, seu coração foi confortado e assim, voltou a cuidar dos seus protegidos. Até hoje, é ela quem dirige o voo das aves migratórias. O inverno chega trazendo felicidade porque o Senhor da Aurora Boreal vem visitar a sua noiva. Eles festejam o reencontro e renovam sempre os seus votos de fidelidade, embora não possam nunca se casar porque Ilmatütar está presa no céu. Seu véu ondula de uma ponta do céu à outra e inúmeros diamantes cintilam nele, como estrelas. Podemos vê-los até hoje e os conhecemos como Via Láctea.

Conto da Estônia

Märchen von Sone, Mond und Sternen. Fischer 2014.


Kafka e a Boneca Viajante - DEZEMBRO

Kafka e a Boneca Viajante 

Bordado por: Rosângela P. M. Gualberto
Autor: Jordi Sierra i Fabra
Desenho: Murilo Pagani
Contato: rosangelagualberto@uol.com.br
55 (31)98772.8302
Fotografia, arte e produção: Henry Yu


Kafka estava passeando pelo parque Steglitz em Berlim, quando deparou-se com uma garota que chorava desconsolada por sua boneca perdida. Kafka escreveu cartas para a pequena menina, em nome da boneca perdida que agora viajava pelo mundo.

E Kafka deu outra boneca para a garota, que protestou porque não era a mesma. Mas Kafka explicou, que quando as pessoas viajam pelo mundo, elas mudam.