A Rosa Azul
O imperador da China tinha uma única filha. A
princesa era jovem, encantadora e querida por todos os súditos, pela sua
simpatia, inteligência e interesse pelos assuntos do império chinês. O
imperador era viúvo e já avançado em idade, por isto preocupava-se com a
princesa que, até então, não falava em casar-se. Mas o imperador argumentava:
Minha filha! Você precisa casar-se para me
dar netos e preservar a nossa dinastia.
- Papai! Eu sou tão feliz em sua companhia.
Por que preciso casar? Só para lhe dar netos?
- Mas filha! Eu não sou eterno. Eu
morrendo você ficará sozinha. Quem vai proteger você?
- Papai! Eu sei me proteger! Não se
preocupe. Além do mais, eu nunca senti nada especial por nenhum
rapaz! Pretendo me casar estando apaixonada.
Mas o imperador não desistia.
- Está bem, papai! Eu me caso. Mas com
uma condição: casarei com o primeiro rapaz que me trouxer uma rosa azul.
Ha! O imperador ficou muito feliz e, imediatamente
mandou os arautos anunciar a decisão da filha. Centenas de pretendentes
começaram a procurar a tal rosa azul e alguns foram desistindo quando
constataram que não existia esta espécie de rosa.
Três candidatos se apresentaram. Um deles era
o mais rico negociante da China. Mandou emissários a todas as partes do mundo a
procura da rosa azul. Não encontraram. Resolveu encomendar uma jóia utilizando
as gemas mais preciosas e o ouro mais puro. Finalmente a jóia ficou pronta.
A princesa ao ver aquela maravilha gostou,
mas foi logo dizendo:
- Meu pai! Se o mais rico negociante trouxe a
rosa azul eu sou obrigada a me casar com ele. Onde está a rosa?
E ao ver a rosa viu que se tratava de uma
jóia e não de uma rosa verdadeira. Lá se foi o primeiro candidato.
Dias depois o segundo candidato se
apresentou. Trouxe um lindo vaso da porcelana mais fina onde estava pintada,
lindamente, uma rosa azul. De um lado via-se um botão. Do outro lado via-se uma
maravilhosa rosa azul.
Novamente a princesa não aceitou aquele
trabalho maravilhoso, mas que não era uma rosa verdadeira. O imperador ficou
aborrecido e se retirou resmungando: Dois ótimos candidatos e ela recusa!!!!
O terceiro candidato era pesquisador de
química e botânica. Ele sabia que não existia rosa azul. Entretanto se pôs a
trabalhar em seu laboratório. Uma noite, já muito cansado colocou
distraidamente um botão de rosa branca em um tinteiro e foi embora. No dia
seguinte teve a alegria de ver uma rosa totalmente azul. Correu ao palácio
levando a flor.
A princesa ficou surpresa. Foi logo dizendo:
essa não é uma rosa azul e sim uma rosa pintada de azul. Meu pai, como posso
aceitar!
O imperador saiu dos aposentos da filha muito
bravo dizendo:
- Desisto! Você é teimosa demais. Se quiser
casar, case! Se não quiser, não case!
A princesa ficou bem satisfeita. Estava livre
daquela conversa de casamento. Tempos depois, no jardim do palácio, ouviu um
assobio. Era uma linda canção. Olhou para o lado viu um lindo jovem que andava
tranquilamente descendo a alameda.
A moça ficou olhando embevecida e começou a
sentir uma coisa diferente que não sabia o que era.... aquele sentimento novo a
fez descer a escadaria do jardim correndo e ficar parar no portão,
esperando pelo jovem.
Ao ver a princesa o assobiador parou,
estendeu sua mão em direção a ela, beijou-a. Ficaram completamente embevecidos;
- Quem é você? perguntou o jovem.
- Eu sou a princesa e moro nesse palácio.
- Você então deve ser a filha do nosso
Imperador.
- Sim sou, disse a princesa;
E a princesa então perguntou a ele quem era!
- Eu sou um poeta, disse o jovem
orgulhosamente.
- Eu adoro poesia, disse a princesa.
- Eu escrevo minhas poesias na praia. Quando
a maré sobe leva as minhas poesias para longe e espalhando-as por todos os
lugares do mundo...!
A princesa achou aquela expressão maravilhosa
e foi dizendo:
- Que lindo!
E aqueles dois ficaram encantados um com o
outro até que o jovem perguntou à princesa se ela queria se casar com ele.
E ela respondeu: - sim! Eu quero me casar com
você.
Mas logo ela se lembrou de que não poderia se
casar.
- Porque? disse o jovem;
- Eu fiz uma exigência a meu pai e não posso
voltar atrás. Só me casaria com quem me trouxesse uma rosa azul. E você deve
saber que não existem rosas azuis, não é?
E o jovem logo respondeu: - Existem sim!
- Como existem? perguntou a princesa.
- Amanhã, nesse mesmo horário, eu vou voltar
e trazer uma rosa azul pra você, disse o poeta. Despediram-se já
apaixonados.
No dia seguinte logo cedo a princesa já
estava no jardim, próximo ao grande portão do Palácio Real. Viu o jovem, mas
ele não trazia a rosa. Ficou decepcionada. Como iriam fazer?
Mas o rapaz parecia tranquilo, tranquilo.
Entrou no jardim foi até um dos canteiros de rosas brancas, colheu a mais
bonita, colheu a rosa cuidadosamente e de imediato pediu ao guarda que avisasse
ao Imperador que ele gostaria de lhe falar.
- Eu quero me casar com sua filha, foi logo
dizendo aquele poeta ao Imperador.
O Imperador informou-o que sua filha havia
colocado uma condição - a rosa azul.
O jovem poeta mostrou então a rosa branca que
ele havia acabado de colher.
- Aqui está Majestade, a rosa azul da
princesa.
O Imperador muito irritado e foi logo
dizendo: essa nunca foi uma rosa azul. Não posso aceitar?
Mas, a princesa que se encontrava bem próxima
do Grande Salão do Palácio entrou e foi logo dizendo:
- Papai: o senhor não está vendo que essa é a
rosa azul mais bonita do mundo?
Nessa altura o velho Imperador compreendeu a
situação e aceitou o pedido de casamento.
A partir daquele momento o reino foi se
transformando com os preparativos do casamento da princesa com o jovem
poeta. A festa foi de arromba. Dizem que os festejos duraram mais de sete dias.
Conto
tradicional chinês
Bordadeira:
Neuza Oli Vieira
Conto:
A Rosa Azul
Autores:
Conto Chinês
Desenho:
Marie-Thérèse Pfyffer
Contato:
nemabh25@yahoo.com.br
55(31)3337-7026
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